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Capital

Até delegada que investiga fraude diz ter sido vítima do "golpe do pneu"

De acordo com auto de prisão em flagrante, Joilce Silveira Ramos sofreu coação em 2023

Por Gustavo Bonotto | 05/03/2024 22:35
Até delegada que investiga fraude diz ter sido vítima do "golpe do pneu"
Loja onde proprietário foi preso fica na avenida Eduardo Elias Zahran. (Foto: Henrique Kawaminami)

O golpe do pneu, aplicado pelo centro automotivo Champions Pneus e Rodas, que tem unidades em Campo Grande e Dourados, chegou até à delegada que investigou o esquema. Joilce Silveira Ramos, responsável pela prisão do proprietário do estabelecimento, revelou que também foi vítima do mesmo tipo de tentativa de coação em 2023.

De acordo com o APF (Auto de Prisão em Flagrante), anexado ao processo, a delegada detalhou como o episódio ocorreu: “Cheguei a ficar muito tempo solicitando que descessem meu carro do elevador automotivo, uma vez que não queria realizar mais nenhum serviço. Autorizei apenas a troca de um pneu, mas apontaram aros tortos e disseram que eu corria o risco de acidentes”.

Joilce informou que os funcionários tentaram incluir serviços adicionais, como cambagem e outros reparos, sem sua autorização. Segundo ela, a situação foi resolvida apenas quando se identificou como delegada de polícia e afirmou que, se o carro não fosse baixado do elevador, tomaria a chave e sairia sem autorização.

Apesar do ocorrido, não houve registro formal do caso na época.

Até delegada que investiga fraude diz ter sido vítima do "golpe do pneu"
Joilce Silveira Ramos explica que só conseguiu pegar o carro após se identificar como delegada. (Foto: Juliano Almeida)

A prisão de João Lopes de Freitas, 62 de idade, aconteceu depois de denúncia de cliente. Uma mulher, cuja identidade é preservada nas investigações, relatou que havia deixado seu carro, um Ford Fiesta, na loja para trocar pneus e foi informada que o serviço ficaria por cerca de R$ 500. Mais tarde, o estabelecimento informou que, na verdade, precisaria cobrar R$ 2,6 mil da dona do veículo, que supostamente estava com duas rodas amassadas.

A cliente não aprovou o orçamento e informou que mais tarde passaria para buscar o carro. Quando chegou ao comércio, porém, foi informada de novo valor por “serviço prestado”.

Ainda nesta terça, João passaria por audiência de custódia, mas está agendada para amanhã pela manhã. Advogados dele pediram liberdade provisória, mas o pedido sequer foi analisado.

Casos antigos - Conforme apuração do Campo Grande News, João tem ao menos 40 ações em que figura como réu por má prestação de serviços ou venda casada. Por duas ocasiões, a reclamação levada à Justiça foi decorrente da roda do carro quebrar a poucos quilômetros da loja onde os serviços foram prestados.

Em um deles, ocorrido em 7 de outubro de 2020 - ação foi ajuizada no ano seguinte - a dona de um veículo Corsa pagou pela troca de dois pneus, além de serviços como suspensão, pivôs, terminal de direção e mão de obra, pelo que pagou R$ 878,00.

Já em 10 de março de 2021, outra cliente da loja procurou os serviços da mecânica para verificar coluna, geometria traseira do veículo, terminal de direção e caster. O total resultou em R$ 4,4 mil, divididos em 12 vezes. Entretanto, havia sido acordado desconto de 25%, que não foi aplicado no pagamento.

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