Bairro ou loteamento? Saiba porque você vive em um lugar e correio mostra outro
Com sete regiões oficiais, Campo Grande possui 74 bairros e 865 parcelamentos nominados
Quem mora no bairro na margem direita da Avenida Ministro João Arinos, perto de uma pracinha que tem feiras às quartas, pode receber correspondências que mencionam aquela localidade como Jardim Flamboyant, Bairro Tiradentes e até Desbarrancados. Essa “confusão” de identidade acontece em toda Campo Grande, mas a Planurb (Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano) tem uma explicação e acolhe o valor social dos nomes reconhecidos pela população que vive ali.
De forma resumida, o ordenamento do uso do solo da Capital teve sua primeira legislação em 1974. Os pesquisadores geográficos iam até os grupos de residências e perguntavam aos moradores qual o nome do lugar que estavam, bem boca a boca mesmo. A definição oficial foi fixada em 2018, com 74 bairros e 865 parcelamentos - que levam em consideração o que os moradores reconhecem.
Economista por formação, Fábio Nogueira é o diretor de geoprocessamento da Planurb. Mergulhado em mapas e estatísticas, ele explica os moradores valorizem os parcelamentos de vivem, como uma forma de pertencimento àquela localidade. Ele usa como exemplo a Vila Kellem, onde para os residentes ali conseguirem alguma benfeitoria do Poder Público precisam de unir, dar força para o local que moram e, com isso, conseguirem se destacar mesmo sendo um pequeno loteamento dentro da Coophavila II.
“Hoje você tem um processo de gestão democrática em que as pessoas participam desse movimento democrático, lá tem líderes, associações, conselho de segurança, o conselho de saúde, eles se reúnem e discutem os principais problemas da região urbana e cada um representa o seu bairro. Eles já têm o pertencimento, de uma certa forma começa a articular de forma mais organizada o espaço onde você mora”, esclarece o especialista.
É esse pertencimento que traz ao Waldison Victório, de 41 anos, o orgulho de ser morador do “Bairro Tiradentes, do Residencial Flamboyant e região do Desbarrancados”. “Nosso bairro existe há mais de 43 anos, testemunhei o crescimento e não entendo essa confusão que as pessoas fazem. É um bairro estabelecido, reconhecido e que tem tudo que precisamos”, defende.
Já a estudante Luisa de Paula,de 20 anos, reconhece que essa separação não é compreendida com facilidade. Ela e a família são de Brasília e, no primeiro ano aqui, moravam no Centro e depois foram procurar um bairro para viver melhor.
“Meu pai pesquisou e viu que o Bairro Tiradentes era um bairro bom, em crescimento. Escolhemos a casa e só depois da mudança descobrimos que, na verdade, estávamos no Flamboyant. Não tenho problemas com a questão de entregas ou aplicativos, mas todos só conhecem aqui como Tiradentes mesmo”, compartilha Luisa.
Quem saber se a sua residência está em um bairro ou loteamento? Há 15 anos a Prefeitura de Campo Grande trabalha na atualização dos mapas disponíveis na plataforma Sisgran (Sistema Municipal de Indicadores de Campo Grande). Público e interativo, é possível visualizar essas divisões e, inclusive, os equipamentos públicos disponíveis na área que tem interesse.
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