Barracos ficaram pela metade e até carrinho de catador a chuva levou
Catadores de materiais recicláveis perderam o pouco que tinham e até as paredes improvisadas dos barracos
A chuva deu uma trégua nesta quinta-feira (5), mas deixou rastro de destruição que ainda irá perdurar na vida dos moradores dos barracos, agora destruídos, entre as ruas dos Gonçalves e dos Ferreiras, no Jardim Monumento. A maioria deles, catadores de material reciclável, perdeu quase tudo, levado pela enxurrada.
O terreno acidentado não suportou o volume de água, além de receber a enxurrada que veio da rua. Logo, uma cratera se formou perto dos barracos. Dos 20, dois tiveram que ser desocupados rapidamente com o alagamento.
Thaís Rondon de Souza, 47 anos, diz que a chuva começou de forma lenta, foi empoçando na rua e, rapidamente, tomou conta dos barracos. A casa simples, feita de tapumes e pedaços de madeira, logo foi inundada. “Não deu tempo de salvar nada”. Além dos móveis, roupas e brinquedos que estavam sendo guardados para os netos que iriam visitá-la no início de ano, se foram na enxurrada.
A água destruiu ainda parte dos tapumes usados como paredes. Sem cama ou colchão, Thaís dormiu em uma cadeira de bambu que sobrou no barraco. “Só pedi a Deus para o barraco não ir de vez, achei que ia embora com a chuva”, disse. “Agora, para reconstruir, só com ajuda de Deus e do trabalho, porque não tem ninguém para pedir ajuda”.
Mesmo com pouco, Thaís cedeu uma coberta para o vizinho, Luís Carlos da Silva, 40 anos. A enxurrada levou parte do barraco onde mora com a mulher e o filho adolescente, além da lona onde armazenava o material reciclável recolhidos dias antes. “Nessa hora eu só pensei em sair para fora para ver o que dá para salvar, mas levou tudo: meu celular, o barraco, a lona, tudo”, lamentou. “Essa noite foi muito difícil”. Luís ainda perdeu o carrinho de ferro usado para catar o material reciclável.
A mesma situação viveu José Márcio Arce, 52 anos, também catador de recicláveis. Ele viu a água subir dentro do barraco, quando a terra não conseguiu mais absorver a umidade. “Moro aqui há dois anos e não tinha dado chuva igual essa”, lembrou.