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Capital

Bebê foi levado a postos, mas sem socorro, passou mal ‘do nada’ e morreu

Família reclama de negligência médica; pais trabalham no Norte-Sul e acreditavam que socorristas do centro comercial salvariam a vida do filho

Anahi Zurutuza e Adriano Fernandes | 09/09/2016 16:20
Bombeiros e Samu em atendimento no Shopping Norte-Sul ontem (8) (Foto: Direto das Ruas)
Bombeiros e Samu em atendimento no Shopping Norte-Sul ontem (8) (Foto: Direto das Ruas)

O bebê Enzo Godoy Lopes, de 1 ano e 8 meses, que morreu durante socorro dentro do Shopping Norte-Sul Plaza, em Campo Grande, estava brincando em casa quando passou mal “do nada”. Os pais também teriam levado o menino a dois postos de saúde, na quarta e na quinta-feira, mas não conseguiram atendimento. O relato é de uma tia da criança, Gisele Rodrigues, 42, e foi confirmado pelo pai, Flavio Maurício de Arruda.

Segundo a tia e o pai, o menino foi levado a postos de saúde, pois estava com diarreia e vômito. Mas, segundo o Flavio, o bebê não chegou a ser atendido, porque não havia pediatras nas unidades.

“Ele vomitou duas vezes na terça-feira à noite, mas a gente achou que pudesse ser alguma coisa que ele comeu, por isso não levamos no médico. Mas, como ele acordou [na quarta-feira, 7] com vômito e diarreia, a gente resolveu levar ao posto”, relatou o pai.

Na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Jardim Leblon – no sudoeste da Capital –, a família foi orientada a procurar outra unidade, porque ali não havia médico especialista de plantão. “Por que não colocaram meu filho em uma ambulância e levaram até onde tinha pediatra?”, questiona Flavio.

O casal decidiu levar o filho então a um posto de saúde no bairro Guanandi na quinta-feira (8), mas também não conseguiu atendimento e foram orientados a voltar para a UPA do Jardim Leblon. Na unidade 24 horas, ainda durante a manhã, quando não havia pediatras no local, o menino foi atendido, mas medicado apenas com soro.

Embora vivam no bairro Marcos Roberto – na região sul da Capital, atrás do Norte-Sul –, os pais receberam o encaminhamento para levar Enzo para a UPA da Vila Almeida – no oeste da cidade. Mas, sequer tiveram tempo de sair de casa para tentar a consulta e descobrir o que ele tinha. 

Por volta das 16h de ontem, o bebê passou mal, ficou roxo e sem conseguir movimentar os braços e pernas, como se estivesse sufocado, segundo a tia. “O olhinho dele parou de piscar”, contou Flavio.

Foi quando Flavio e a mãe Adriana Godoy da Silva, 26, levaram o menino nos braços para o shopping, onde os dois são funcionários de restaurantes. O casal se lembrou da existência da brigada de salvamento. 

A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública) informou apenas que será aberta sindicância para apurar como foi o atendimento nos postos de saúde

Velório vai até amanhã, na Pax Pró Vida da avenida Bandeirantes (Foto: Adriano Fernandes)
Velório vai até amanhã, na Pax Pró Vida da avenida Bandeirantes (Foto: Adriano Fernandes)

Velório – Inconformados, familiares não conseguem entender o motivo da morte tão repentina. “Era uma criança normal, como qualquer outra, corria bastante, era muito alegre e divertida”, contou a Gisele. “Agora, fica a saudade”, completou a tia.

Eduardo parecia não entender direito o que aconteceu. Ao se aproximar do caixão do bebê, o garoto de 7 anos perguntou que se o irmão estava dormindo.

O corpo está sendo velado na Pax Pró Vida da avenida Bandeirantes e o enterro será amanhã (10), às 9h, no Cemitério do Cruzeiro, na avenida Cônsul Assaf Trad.

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