Bernal descarta intervir na Solurb porque teme cair em “cilada”
Prefeito autorizou depósito de R$ 2,8 milhões e prevê pagamento de funcionários até o fim da tarde
O prefeito Alcides Bernal (PP) disse que já autorizou depósito para pagamento de funcionários e descartou intervir no contrato com a concessionária Sorlub, responsável pela coleta do lixo, mesmo diante do início de mais uma greve. Ele acredita que a pressão é uma “cilada” para colocar a população contra seu mandato.
O depósito autorizado é de R$ 2,8 milhões e os salários devem estar na conta dos funcionários até o fim da tarde de hoje (9), conforme prevê o prefeito. Ele comentou o assunto durante evento de posse do novo comandante da Guarda Municipal, no Teatro Glauce Rocha, da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), nesta manhã.
O prefeito lembrou que o contrato com a Solurb era de pouco mais de R$ 1,3 bilhão, quando foi assinado, mas teve aumento durante o seu afastamento, tempo em que a prefeitura foi assumida por Gilmar Olarte (PP), agora investigado por formação de quadrilha e corrupção, suspeito de participar de plano para cassação de Bernal, ocorrida em março de 2014.
“Depois do golpe da cassação, foi autorizado o incremento de mais R$ 1 bilhão no contrato. Não é possível que com todo esse recurso, essa empresa não tenha lastro para pagar pouco mais de 1 mil funcionários”, destacou o prefeito.
Ele disse que não há queda de braço entre a prefeitura e a empresa, mas vontade de defender e respeitar o dinheiro público. “Nós tomamos a decisão de não intervir na empresa, porque isso é uma cilada. Eles fariam um boicote e deixariam lixo espalhado pela cidade para pressionar a população a achar que estava melhor antes de a prefeitura assumir”, disse Bernal.
O prefeito assegurou que faz esforço para que o serviço seja prestado da melhor maneira possível. “De forma gradativa e legal, estamos agindo contra esse descalabro. Não vamos nos dobrar a uma empresa que é comandada por um grupo que adora cafezinho”, complementou, fazendo referência ao termo utilizado como código para cobrança de propina dos empreiteiros investigados pela operação “Lama Asfástica”, da Polícia Federal.
Disputa - Em setembro, os funcionários do consórcio suspenderam a coleta após ficar sem salários. A empresa alegou inadimplência por parte da prefeitura. A greve chegou ao fim e o prefeito Alcides Bernal (PP) anunciou no último dia 30, mas sem dar detalhes, que faria o pagamento direto aos trabalhadores. A empresa alega que foi obrigada a retomar o serviço, mas o poder concedente, que também participa da PPP (Parceria Público-Privada), não foi obrigado a cumprir com sua parte: o pagamento mensal pelo serviço.
Neste mês, a Justiça concedeu liminar em favor da Solurb, bloqueando parcelas do FPM (Fundo de Participação do Município) da prefeitura até o valor de R$ 19 milhões. A PGM (Procuradoria-Geral do Município) vai recorrer da decisão. O município alega que as notas fiscais apresentadas são auditadas por suspeita de fraude nos pagamentos anteriores e a crise financeira do Poder Executivo.