Casas de repouso não têm vagas para 18 idosos encaminhados pela prefeitura
A ex-funcionária pública Lindalva Rodrigues dos Santos, 52 anos, não é a única que sofre para encontrar vaga em asilo bancada pelo município. Há 2 semanas, ela ameaçou deixar o pai de 82 anos na porta do fórum por não ter condições de saúde para cuidá-lo. Segundo a prefeitura, Campo Grande tem hoje 18 na fila para encaminhamento às chamadas ILPI (Instituições de Longa Permanência para Idoso) conveniadas.
Existem quatro casas de repouso que atendem a demanda da SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social): Associação dos Amigos da Casa de Abraão, Sirpha Lar do Idoso, Associação de Auxílio e Recuperação de Hansenianos do Hospital São Julião e o Recanto São João Bosco.
Cada uma dessas instituições destina número específico de vagas para atender a Capital, sendo 128 ao todo. Para cada paciente, o município faz um repasse de R$ 1,7 mil por mês.
De todas as entidades conveniadas, o São João Bosco atende 55 idosos encaminhados pelo município. O presidente do recanto, Gercino José dos Anjos, diz que o local, um dos mais tradicionais da cidade, passa por uma grave crise financeira.
“Temos um déficit mensal de R$ 120 mil só na folha de pagamento. Nós vamos ter que enxugar o quadro, mandar funcionários embora e estamos tentando alguma verba extra junto ao município e ao governo para pagar a enfermagem. Nós ainda não pagamos os salários de agosto e já estamos em outubro”, afirma.
Como as leis estabelecem um número mínimo de funcionários para cada pessoa internada, a capacidade máxima de 110 idosos não pode ser alcançada, de forma que atualmente a casa está com somente 85 e pode reduzir esse número ainda mais.
O problema é que grande parte dos atendidos já estão no chamado grau três de dependência, em que permanecem a todo o tempo acamados. “O custo médio de um idoso grau um e dois é de R$ 4,5 mil por mês. O grau três passa dos R$ 5 mil. A nossa intenção, propósito e objetivo era dar condições para atender toda a população, mas no momento seria temerário fazermos isso”, explica.
Levantamento feito na rede particular de casas de repouso mostra que realmente fica difícil manter idosos com verbas tão limitadas, que além dos repasses contam com doações, campanhas e pedidos de ajuda por telefone. As empresas privadas cobram no mínimo R$ 3 mil de mensalidade para cada idoso.
“Apesar de todas essas dificuldades, nossos idosos são bem tratados e a qualidade de vida deles é boa. As pessoas trabalham aqui não apenas pelo salário, mas pelo ideal de prestar um serviço, de ajudar o próximo. Aqui não é lugar para ficar rico e fazer carreira. Recebem um salário, lógico, porque os funcionários têm família e compromissos, mas na hora da dureza, o pessoal está se mantendo do jeito que pode, sem greve”, conta o presidente.
Comida, fraldas e insumos básicos não faltam. Parte desses itens é comprada com repasse estadual e o restante é conseguido por doações. O problema, segundo Gercino, é custear a folha de pagamento.
“Muitas vezes o idoso é melhor tratado aqui do que em casa. Na maioria das vezes as pessoas não têm preparo técnico para cuidar. Aqui eles têm toda a assistência. Por isso que estamos pedindo socorro da comunidade, dos cidadãos campo-grandenses”, relata.
Quem quiser ajudar o Recanto São João Bosco pode depositar qualquer quantia na conta da instituição.
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