Chegada de shopping coloca comerciantes em lados opostos nas Moreninhas

Anunciado há pelo menos oito anos, um outdoor colocado em novembro, surpreendeu os campo-grandenses com o anúncio da construção do Shopping Cidade Morena, na região das Moreninhas. Mas o empreendimento está dividindo opiniões de quem sobrevive do comércio no local. Porém o local onde o shopping será instalado ainda está sem placa ou qualquer movimentação de nova construção.

O shopping, que abrigará 196 lojas satélites, sete âncoras e um cinema, ficará em um terreno de 63 mil m², com 21 mil m² de área locatável, ou seja, somatória da área disponível para locação das lojas. O empreendimento já tem site com informações até de venda de espaços, além das imagens de como vai ficar o shopping.

Mas para quem trabalha com vendas no bairro, o empreendimento divide as opiniões. Para Jackson Rios, há 27 anos dono de uma papelaria na região, por exemplo, o novo shopping é uma expectativa para valorizar não só as residências, mas o próprio comércio do bairro.

“Não acredito que traga prejuízo . Se eu gosto de uma sorveteria, por exemplo, do outro lado da cidade, eu vou até lá. O que nós comerciantes precisamos ter é qualidade e um bom atendimento. Tem espaço para todo mundo, olha só na 25 de Março, todo mundo sobrevive”, disse.

Opinião compartilhada com uma vendedora, 35 anos, que preferiu não se identificar. Ela que mora na região há 30 anos, acredita que o novo shopping vai ser ótimo para o local, já que valoriza o bairro e era esperado há muito tempo.

“O sol nasceu para todos. Se sair a via de acesso que também foi prometida, ninguém vai mais precisar sair do bairro. Só vai faltar um cartório aqui. Esse shopping é realmente esperado, acredito que vai evoluir a região”, afirmou.

Será? – Mas nem todos concordam com o empreendimento, para os comerciantes mais novos na região a construção do novo shopping está deixando em dúvida a valorização do comércio que já existe no local.

Dona de uma loja de utilidades há 2 anos e meio, Josi Costa, 54 anos, acredita que o novo shopping vai “quebrar” os comerciantes pequenos e não deveria ser construído.

“Aqui já tem de tudo, não precisamos de um shopping. Eu vendo coisas que não venderiam em um shopping, mas quem tem uma loja de roupas vai quebrar nos primeiros meses. Vão sofrer porque tem a curiosidade do novo lugar e o conforto do shopping. Conversei com outros comerciantes e estamos preocupados”, desabafou.

Mesmo trabalhando com vendas há muitos anos, Marilene Marquez, 48 anos, abriu sua loja física de roupas há duas semanas e também acredita que para o comerciante pequeno o novo shopping não será muito favorável, mas para o bairro vai ser bom.

“Claro que é beneficio para o bairro. Mas vai acabar com os comerciantes do bairro. Aqui não é tão grande para um shopping, se a pessoa quiser pode ir nos shoppings que a cidade já tem. Para nós nem vai ser vantajoso mudar para lá, já que tem o aluguel caro, as metas a serem cumpridas. Aqui já tem tudo não tem porque ter um shopping aqui”, concluiu.