Com calor de 38 graus, usuários de ônibus sofrem com ar-condicionado desligado
A medida faz parte de decreto da pandemia de Covid-19, mas usuários pedem que o sistema volte a funcionar
Cansado de passar calor ao pegar ônibus todos os dias, o estudante Arthur Thill, 18 anos, resolveu protocolar uma solicitação para reativar o sistema de ar-condicionado da frota de transporte coletivo da Capital. De acordo com o Consórcio Guaicurus, em média, 160 mil passageiros são transportados diariamente.
Ao Campo Grande News, o estudante Arthur Thill contou que foi até a Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) protocolar o ofício como forma de tentar amenizar o calor no transporte coletivo diariamente. O número de passageiros e as altas temperaturas registradas na Capital resultam em uma ida e vinda desconfortável. Arthur usa pelo menos quatro linhas para ir e voltar das aulas.
O jovem diz entender que durante o período crítico da pandemia de covid-19, em 2020 e 2021, era necessário que o sistema de ventilação do transporte coletivo fosse o das janelas abertas. "Levando em consideração o cenário atual, em que as medidas de controle da pandemia foram implementadas, acredito ser pertinente reavaliar a decisão de manter esses equipamentos desligados", pontuou o estudante.
Em 2020, o decreto que desativou o sistema de ar-condicionado e/ou climatização dos veículos foi o de N° 14271 publicado em Diário Oficial em 29 de abril, com o texto "§ 8° Os veículos com sistema de ar-condicionado e/ou climatização somente circularão com estes equipamentos desativados e com todas as janelas e alçapões abertos".
No ofício protocolado por Arthur, ele pontua que compreende a importância da segurança sanitária e que a medida "contribuirá não somente para o bem-estar dos passageiros, mas também para a melhoria das condições de trabalho dos motoristas", destaca o estudante.
Ressalta também que se o ofício não surtir efeitos, tentará recorrer ao Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul.
A reportagem foi até dois pontos de ônibus de Campo Grande por onde circula uma grande quantidade de passageiros todos os dias. Durante a conversa com alguns usuários do transporte coletivo foram encontradas reclamações sobre os horários, a lotação e o calor.
Morando no Jardim Noroeste e demorando aproximadamente cerca de uma hora para chegar ao Centro, onde trabalha, Ana Cândido dos Santos, de 50 anos, fala do "calorão" que sente no trajeto. "Pego só esse ônibus pra vim trabalhar e depois voltar, aquilo lá parece um forno nos dias quentes, pra conviver com o calor é só tentando ficar onde não pega sol e perto das janelas, senão chega derretendo no serviço", afirmou.
Ana Samara Mangrich, de 21 anos, está na Capital apenas há 3 anos e compara a sua experiência no litoral de São Paulo. “Lá, todos os ônibus, independente da linha, têm ar-condicionado e lá não é tão quente quanto aqui. [...] Quando cheguei [na capital], tinha começado a pandemia, acho que foi por isso que desligaram o ar, então não deu tempo de pegar um ônibus com o ar ligado, mas eu concordo em voltar. Não dá não, ainda mais que é muito cheio principalmente linhas do centro”, pontuou.
A paulista ainda relata que sente falta de ônibus que fazem linhas diretas, entre os bairros e o centro, que agilizariam a sua locomoção. No começo, quando chegou em Campo Grande, teve dificuldade com as integrações que ela não era acostumada a fazer.
O aposentado Cícero Caetano do Nascimento, de 61 anos, diz que os horários em que utiliza os ônibus não são tão quentes. A queixa dele é sobre o comportamento das pessoas. “Eu não tenho reclamação a fazer do ônibus e sim das pessoas que utilizam dele, os motoristas são gente boa, às vezes ele ligam o ar do ônibus, mas vem uns ‘abestado’ e abre a janela”, finaliza.
A reportagem entrou em contato com a assessoria da Consórcio Guaicurus, responsável pelo transporte coletivo de Campo Grande e aguarda resposta. O espaço segue aberto.
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