Com crise, 'bem vestidos' passam a ser suspeitos de furtos em mercados
Donos de mercados da Capital afirmam que perfil de quem tenta furtar produtos pequenos mudou
A crise econômica fez com que o perfil de pessoas que cometem pequenos furtos em supermercados de Campo Grande mudasse. Antes o cliente de bermuda e chinelos tentava esconder em suas roupas mercadorias de pequeno valor. Hoje, quem sai da loja sem pagar são advogados, empresários e clientes antigos que chegam de carro e até então, eram considerados acima de qualquer suspeita.
Quem aponta a mudança no perfil são donos e encarregados da segurança de algumas redes de supermercados da Capital. Um deles é o empresário Edimilson Veratti, proprietário da rede Veratti de Supermercados, que ainda pontuou que a mudança também ocorreu nos produtos furtados. “Antes lidávamos com mercadorias que o cliente conseguia esconder com facilidade nas roupas, mas isso evoluiu para carnes, bebidas quentes e ainda alguns produtos de perfumaria, como desodorantes”, afirma.
A rede Veratti possuí lojas em três diferentes regiões da capital e em todas elas os responsáveis sentiram um aumento de ao menos 30% nos furtos. “Antes não registrávamos todas as ocorrências, por conta do baixo valor da mercadoria e também por conta do tempo que se era gasto em delegacias. Mas, por devido a esse aumento considerável passamos a registrar pelo menos 95% das ocorrências, pois mesmo que seja um crime menos grave o constrangimento serve para coibir que a pessoa volte a cometer o delito”, explica.
Opinião que foi compartilhada pelo gerente operacional da rede Pires, Wagner Lacerda, que ao Campo Grande News, reforçou que na rede foi sentido um aumento de pelo menos 10% nos furtos há três meses e que o perfil de quem os comete depende da mercadoria furtada. “Enquanto adolescentes e jovens furtam carnes e bebidas, as pessoas que até então não desconfiávamos que pudessem sair da loja sem pagar estão com produtos da perfumaria em suas roupas”, aponta.
Segurança – Para tentar diminuir essa onda de pequenos delitos as redes têm investido em tecnologia e pessoal. De acordo com Edmilson Veratti, câmeras de segurança e fiscais de lojas tem contribuindo para identificar quem comete os furtos. “Quando o movimento suspeito é visto por funcionários conseguimos abordar o cliente e assim evitar que o delito se concretize. Porém, o que chama a atenção é que quando o furto é flagrado pelas câmeras as imagens mostram que até clientes antigos saem sem pagar. No geral são mercadorias com valor abaixo de R$ 100 e quando esses clientes voltam os alertamos que dá próxima vez a ocorrência será registrada”, detalha.
Já na rede Pires, além das câmeras e pessoal, o controle de estoque também ajuda a identificar as perdas. “Os mercados passam por auditoria e quando as baixas são identificadas e não justificadas concluísse que houve o furto”, explica.
Polícia – Mesmo que seja uma mercadoria de R$ 2,50, quem sair sem paga-lá, responderá por furto, garante o delegado da Derf (Delegacia Especializada em Roubos e Furtos) Reginaldo Salomão.
Contudo, segundo ele quando se trata de mercadorias de pequenos valores a diferença é que a pessoa não é autuada em flagrante e presa. “Todos os outros procedimentos são realizados e posteriormente cabe a justiça ver se o furto foi cometido por necessidade, como, por exemplo, quem for pego com um pedaço de carne porque estava passando fome ou no caso de quem saiu sem pagar uma pinga”, exemplifica.
Abaixo vídeo mostra o momento em que alguns clientes furtam mercadorias de mercados. E uma das cenas, um homem furta pelo menos quatro desodorantes os colocando dentro das calças.
Salomão ainda orienta os proprietários de supermercados a quando flagrarem uma situação de furto nas câmeras, de não esperar que o cliente passe no caixa, erro que de acordo com ele é muito frequente. “No caixa o cliente pode dizer que só estava guardando a mercadoria para depois pagá-la e ainda alegar injuria. Se abordado no momento em que esconde a mercadoria a orientação é de que o funcionário ofereça uma cestinha para que ele coloque o produto. A atitude, pode evitar o furto por mostrar que sua intenção foi descoberta. Agora se a pessoa insistir em tentar ir embora sem pagar a orientação é de que a polícia seja acionada”, esclarece.
Quadrilha - Na tarde desta quarta-feira (20), Luciano França Sousa, 31 anos, foi preso por policiais da 6ª D.P (Delegacia de Polícia) de Campo Grande, acusado de furtar grandes quantidades de mercadorias de supermercados da Capital. Ele cumpria pena no presídio de segurança Máxima e foi solto há cerca de duas semanas.
Luciano é apontado pela polícia como integrante de uma quadrilha especializada em roubo de mercadorias de hipermercados de Campo Grande.
A polícia flagrou Goiano com parte de mercadoria furtada na última semana. Uma outra quantidade estaria de posse de um comparsa, que já foi identificado.
Durante a ação da PC, um adolescente de 17 anos, que teria participado dos furtos, também foi apreendido.