Com nova ação da PM em região problema, moradores cobram respeito
Som alto, aglomeração fechando ruas e até sexo em via pública são queixas de quem vive em região conhecida pela concentração de frequentadores de bares e conveniências
Na noite desta sexta-feira (6), a Polícia Militar foi chamada para realizar a retirada de pessoas que se aglomeravam no início da rua Montese, na região da esquina com a Julio Anffe. Algo que virou rotina para quem vive naquela região da Vila Olinda, nas imediações da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), mas que, a cada vez, aumenta a indignação contra a presença de frequentadores que, com som alto e bebidas, fecham a via e impedem moradores de entrar e sair livremente de suas casas.
Ações policiais naquele cruzamento, onde conveniências e bares são ponto de encontro não só para universitários –comumente associados à algazarra–, mas, cada vez mais, para pessoas de diferentes regiões da cidade, são frequentes. Contudo, parecem não surtir efeito. Dias antes da ação desta sexta, uma outra operação foi realizada na região, contando até com o uso de helicóptero da PM.
O casal Vagner Augusto Rudinger, 42, e Vânia Santos, 50, tem um estabelecimento comercial na região. Segundo eles, “tem mais de dez anos a bagunça, que aumenta a cada dia”. Nesta sexta, por exemplo, eles afirmam que pelo menos 500 pessoas tomaram as ruas. Para eles, são dois os problemas principais: o som alto, vindo de equipamentos em carros estacionados nas ruas; e a aglomeração de pessoas que impede moradores de entrarem e saírem livremente de suas casas.
“Não deixam os carros passarem, não deixam a gente sair de casa. Estacionam em frente as garagens, urinam, vomitam e fazem sexo na rua. Aqui tem uso e venda de drogas”, afirmou o morador. Vagner conta que, dia desses, buscou a mãe e, quando passou pelo local, teve o carro balançado por frequentadores “porque não era para passar”.
Filmagem – Vagner integrava, neste sábado (7), um grupo de moradores que se reuniu na rua e, mais uma vez, discutia os problemas com as aglomerações. Visivelmente irritados, eles se diziam cada vez mais preocupados e irritados com o dilema de segurança, que afirmam não ter solução.
Alguns moradores repassaram ao Campo Grande News filmagens da noite de sexta, com veículos abrindo porta-malas e ligando sons automotivos. Câmeras de segurança também registraram o momento em que os frequentadores da região começam a se retirar (veja ao final desta reportagem).
A concentração de pessoas causa problemas também para a aposentada Vilma da Gloria, 53. Segundo ela, seu marido está acamado por conta de problemas de saúde e, com as aglomerações, “se tiver alguma urgência com ele não consigo sair de casa. Até porque pedir não adianta, eles já vêm xingando e não saem da entrada da casa”. Segundo ela, apenas com apoio policial é possível ter acesso Às casas.
Vilma é clara ao atribuir aos pontos de venda de bebidas na região responsabilidade pelas aglomerações. “A maioria dos moradores (do bairro) é de idosos, que precisam dormir e não conseguem. Enquanto o bar estiver vendendo vai ter gente ali”, afirma, reforçando que os problemas ocorrem, principalmente às sextas-feiras.
Quanto a segurança, ela afirma que apenas em grandes ações da PM é possível ter tranquilidade. “Se vem um ou outro jogam pedra na polícia. Ontem veio e jogaram bombas de gás lacrimogêneo”, afirmou, também repetindo queixas sobre a conduta dos frequentadores, que fazem necessidades fisiológicas e até mantém relações sexuais nas ruas.
Janice Rovani, 58, pensionistas, e a aposentada Jaciara Alves, 74, também reclamam das mesmas situações. “Precisa de mais fiscalização. Isso aí não é diversão. Sabemos que tem gente que vem, bebe e vai embora, e esse povo aí que fica até altas horas”, contestou Janice.
Proprietária de um dos focos de reclamação, a proprietária Lenir dos Santos afirma que transformou o “Bar da Tia” em conveniência justamente para atenuar as queixas. Embora afirme ter alvará para funcionamento 24 horas, “em dias normais fico até as 23h, no máximo 24h, só nas sextas que vou até as 3h”. Na sexta, por exemplo, afirma que fechou as grades da conveniência às 23h “até porque a polícia dispersou”.
“Já não é mais bar, é conveniência. Só vendo, ninguém mais fica aqui, não tem mesa e cadeira para não se aglomerarem, vendo tudo pela grade para não ficarem sentados ali”, declarou Lenir, que também reclama de outros empresários da região por conta da sujeira deixada. “Tem cinco bares e só eu limpo a rua”, declarou.
Afirmando já ter feito solicitações para a Polícia Militar manter equipes fixas na região na sexta-feira, “também para revistar o pessoal que fica vendendo drogas”, ela destaca que vai solicitar ainda melhorias na limpeza e iluminação pública. “Esse pessoal fica aqui porque é mais escuro, a iluminação ajuda da dispersar”.
Lenir afirma, também, depender do trabalho para seu sustento. “Tenho uma tia de 101 anos, uma mãe de 90, preciso do serviço. Não tem muito o que eu fazer. Do bar, eu cuido, mas a rua é pública”, disse.
Confira abaixo vídeo sobre a concentração de pessoas e ação policial no local: