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Capital

Condenado por estupro, mestre de capoeira volta a ser investigado por abusos

Inquérito instaurado este ano, apura relatos de situações ocorridas entre 2014 e 2017

Anahi Zurutuza e Bruna Marques | 23/10/2020 14:12
Depca investiga supostos abusos sofridos por aluno de mestre de capoeira entre 2014 e 2017 (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)  
Depca investiga supostos abusos sofridos por aluno de mestre de capoeira entre 2014 e 2017 (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)

Condenado em junho por estupro de um ex-aluno com menos de 14 anos, mestre de capoeira atuante em Campo Grande voltou a ser alvo de inquérito após denúncia de abusos sexuais praticados, durante pelo menos três anos, contra um aluno. A investigação, que corre em sigilo na Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) e foi instaurada também este ano, apura situações ocorridas entre 2014 e 2017.

Tudo veio à tona publicação em página de rede social voltada a “denúncias” contra criminosos sexuais. A postagem já não está mais no ar porque dias depois de ser feita, a defesa do capoeirista foi à Justiça e conseguiu liminar para a retirada do post.

Conforme alegou o advogado do professor, a denúncia anônima no grupo intitulado “Catálogo de macho Abusador”, comunidade virtual com 10,9 mil mulheres membros, faz “exposição criminosa” contra o cliente, “que apesar de estar respondendo por acusação criminal, não houve condenação definitiva transitada em julgado, não podendo ser exposto ou taxado como criminoso diante da sociedade, nos termos do princípio da presunção de inocência”.

No dia 4 de setembro, a juíza Eliane de Freitas Lima Vicente, da 10ª Vara do Juizado Especial Central, determinou que o Facebook excluísse o post diante do “fundado receio da ocorrência de dano de difícil reparação”, uma vez que menciona – de forma distorcida, segundo a defesa – fatos narrados em processo que tramita em segredo de Justiça e sentença da qual o réu recorre em liberdade.

Como corre em sigilo na 7ª Vara Criminal de Campo Grande, a reportagem não teve acesso a detalhes da ação penal em questão. Mas, conforme publicado no Diário da Justiça, a primeira acusação contra o mestre de capoeira resultou na condenação dele a 9 anos e 4 meses de reclusão por crime previsto no artigo 217-A do Código Penal, “ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 anos”.

O Campo Grande News apurou ainda que os abusos contra a primeira vítima teriam acontecido em 2017. Em 2018, o professor foi indiciado pela polícia e denunciado pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), mas a sentença veio em junho deste ano, também quando uma segunda vítima procurou a polícia para relatar abusos que diz ter sofrido quando era aluno do capoeirista e tinha menos de 18 anos.

*Todos os nomes foram preservados para evitar qualquer possibilidade de identificação das vítimas, conforme prevê o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).

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