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Capital

Construtora dá calote de milhões em fornecedores e some da Capital

Vinícius Squinelo | 20/01/2014 17:01
Documento mostra faturamento milionário da empresa
Documento mostra faturamento milionário da empresa

Uma construtora está sendo investigada pela polícia de Campo Grande. Ela é acusado de ter realizo diversas compras de fornecedores, dado o calote e sumido da cidade, uma modalidade do golpe empresarial conhecido como “arara”. A investigação ainda não apontou o tamanho do prejuízo, mas a estimativa é que sejam milhões de reais.

Até dezembro do ano passado, a RS Construções e Transportes Ltda ME tinha uma ficha empresarial de dar inveja. Um faturamento de R$ 4,5 milhões nos últimos 12 meses, e nenhuma reclamação ou protesto em instituições financeiras. A boa situação deixava a empresa tranquila para conseguir crédito na praça.

E, no final do ano passado, a empresa realizou diversas compras com fornecedores, e simplesmente sumiu da cidade. Entre o Natal e o Ano Novo, um caminhão estacionou na frente da sede da empresa, no bairro Guanandi, e esvaziou o local, deixando para trás somente os prejuízos para as fornecedores.

Se antes tinha uma ficha “limpa”, hoje a RS Construções possui pelo menos 26 protestos em instituições financeiras, mas o montante ainda não foi calculado.

“Negociamos com eles 30 padrões de energia, no valor de R$ 15 mil, levantamos a situação da empresa, sem nada que impedisse a venda, que foi realizada por boleto”, contou um empresário vítima da RS, que preferiu não se identificar. “O boleto não foi pago, mas pensamos que era problema pelo fim de ano, época de festas, mas virou o ano e continuou sem ser pago, ligamos, ninguém mais atendia, e fomos na sede da empresa, onde não encontramos mais ninguém”, emendou.

As tratativas do negócio eram feitas com o dono da RS, Reginaldo Fernandes Medeiros, que também desapareceu e não foi mais encontrado.

Na rua André Pace, onde ficava a sede da construtora, vizinhos informaram que a mudança ocorreu entre o Natal e o Ano Novo, e que vários empresários já deram com a “cara com a porta” ao tentar achar Reginaldo.

Investigação – O caso foi registrado na manhã de hoje na 2ª Delegacia de Polícia de Campo Grande, mas deve ser encaminhado para a Dedfaz (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Defraudações e Falsificações).

“O crime deve ir para a Dedfaz, pelo valor da fraude, que parece ser alto”, informou o delegado Weber Luciano de Medeiros, titular da 2ª DP.

Segundo Medeiros, o crime tem todos os indícios de se tratar de uma “arara”, uma das fraudes empresariais e financeiras mais “famosas” no País.

Crime – O esquema clássico do “Golpe da Arara” consiste, essencialmente, em criar ou adquirir uma empresa, comprar produtos negociando um pagamento a prazo, vendê-los rapidamente e desaparecer antes que as faturas vençam. Tudo isso tentando ganhar a confiança dos fornecedores no início, para poder aplicar um golpe maior em seguida.

Neste tipo de fraude, uma segunda linha de prejuízo advém do fato que os produtos obtidos pelos fraudadores acabam normalmente sendo revendidos no mercado a preços baixos, fato que constitui certo tipo de concorrência predatória e prejudica as empresas que operam regularmente.

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