Decreto vinga, apesar de algumas desculpas para driblar uso de máscara
Medida para frear contágio em massa pelo novo coronavírus entrou em vigor nesta sexta-feira
No Centro ou no bairro, o decreto que obriga o uso de máscaras de proteção facial a partir desta sexta-feira (19) ganhou adesão da maioria dos campo-grandenses - uma parte por receio real de ser infectado pelo novo coronavírus, outra apenas para se enquadrar na determinação. Mas ainda há os teimosos, com desculpas prontas para driblar a norma.
A aposentada Aparecida Barbosa, 63 anos, se encaixa entre os que temem a doença e redobram os cuidados. Ela tem dez máscaras e não sai de casa sem uma delas no rosto, como na manhã de hoje, no Bairro Maria Aparecida Pedrossian, região leste da Capital.
“Se eu tenho o vírus, usando a máscara não vou contaminar ninguém”, ensina Aparecida, que, em casa, adquiriu o hábito de higienizar as compras e deixar roupa e sapatos vindos da rua do lado de fora.
As medidas para afastar a possibilidade do contágio foram influenciadas pela morte de dois familiares próximos, a irmã e o cunhado, que ela conta ter perdido para a covid-19.
“Tudo isso é muito forte. Esse decreto [para uso obrigatório de máscaras] é necessário para que as pessoas não tenham que perder entes queridos como eu”, apela.
Também no Maria Aparecida Pedrossian, a empregada doméstica Jandira Metelo, 51, acha “horrível esse negócio de ter que usar máscara”. Ela completa: “se não fosse obrigada eu não usaria. Atrapalha a respiração, só uso porque sou obrigada”.
Mesmo contrariada, Jandira usa o EPI (Equipamento de Proteção Individual), diferente de alguns poucos clientes do mercado do bairro, na Rua João Francisco Damasceno, que ainda fugiram da reportagem. O estabelecimento, obrigado pelo decreto a “coibir a entrada e a permanência de pessoas que não estiverem utilizando máscara”, também se recusou a falar.
Centro - No Mercadão Municipal, os vigilantes nos acessos ao local orientam quem não leva máscara a colocá-la antes de entrar. Caso contrário, a ordem é ficar do lado de fora.
Mas há quem consiga driblar a fiscalização, como o aposentado Geraldo Gonçalves, 74, que entrou “rapidinho” para comprar um jornal na banca do mercado histórico.
“Tenho medo [do novo coronavírus], sim, mas a máscara incomoda muito, machuca e fica suando o rosto”, tenta justificar.
A confeiteira Vany Ferreira, 56, entrou rápido na peixaria do Mercadão de máscara nas mãos. O certo é no rosto, cobrindo nariz e boca.
“Na rua não tenho o hábito de usar, só coloco quando entro no estabelecimento”, ressalta a confeiteira.
Por decreto, Vany está certa. A norma determina uso obrigatório do EPI apenas em locais fechados, sejam eles públicos ou privados. Ou seja, é permitido andar sem máscara em ruas, avenidas, praças, parques e demais espaços abertos.
Já no caso dos estabelecimentos particulares, estão na alçada os comerciais, industriais e de serviços que mantenham atendimento ao público. Áreas comuns de condomínios, inclusive elevadores de prédios residenciais e comerciais, também.
O EPI não será exigido durante o consumo de alimentos e bebidas em restaurantes, cafés, bares, praças de alimentação e similares.
No restaurante de Dori Edson Freitas, 50, que usava máscara ao buscar produtos no Mercadão nesta manhã, o cliente que chega sem o item ganha um.
Decreto municipal descreve que o fornecimento gratuito ou venda de máscaras é facultativa aos estabelecimentos particulares ou públicos.
Quem desobedecer a determinação pode ser penalizado com multa e até prisão por crimes de desobediência e contra a saúde pública. As punições serão aplicadas a partir de 1º de julho de 2020.
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