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Capital

Denunciado por invadir apartamento de vizinha alega transtorno mental

Defesa afirmou que comerciante está fazendo tratamento médico por sofrer de parafilia

Ana Paula Chuva e Idaicy Solano | 20/01/2023 14:21
Momento em que comerciante se abaixa para olhar apartamento de vizinha. (Foto: Direto das Ruas)
Momento em que comerciante se abaixa para olhar apartamento de vizinha. (Foto: Direto das Ruas)

Comerciante de 40 anos alegou transtorno mental após invadir o apartamento de uma vizinha, 33, e ser denunciado. O caso aconteceu no condomínio onde os dois moram, localizado na Vila Margarida, em Campo Grande, em 2022, mas só veio à tona na quinta-feira (19). A vítima procurou o Campo Grande News pelo Direto das Ruas.

À reportagem, ela contou que teve o apartamento invadido pelo homem em julho de 2022. Na ocasião, o acusado entrou no local por duas vezes. Ela ficou assustada, procurou o síndico do local e registrou o caso na 3ª Delegacia de Polícia da Capital.

Em depoimento, a mulher disse que morava no apartamento há três anos e que o vizinho invadiu o local por volta das 14h20 do dia 22 de julho, momento em que ela estava deixando o filho na "área play" do condomínio. Ao voltar, ela percebeu que a porta estava encostada, mas acreditou que seria por conta do vento.

Ao entrar, ela então se surpreendeu com o comerciante em seu quarto mexendo em algumas roupas que estavam em cima da cama. “Foi tudo muito rápido. Eu não tive reação, nem gritar eu consegui. Ele me olhou fixamente nos olhos, pegou o celular e começou a fingir que estava falando ao telefone e foi embora”, contou a mulher. Em seguida, ela afirma que ligou para a mãe e relatou o que tinha acontecido.

Depois de alguns dias, segundo o relato da vítima, ela viu em grupos de conversa do condomínio imagens do homem olhando por baixo das portas de alguns apartamentos, soube ainda que um boletim de ocorrência havia sido registrado por conta da "espionagem" e um morador chegou a pedir medida protetiva contra o comerciante. Ela então procurou a polícia e registrou o caso no dia 1º de agosto de 2022.

A gravação foi encaminhada pela mulher pelo Direto das Ruas, na imagem é possível ver o momento em que o acusado está no corredor de um dos andares e deita no chão para ver por baixo da porta de dois apartamentos. Na sequência, ele levanta e finge falar ao telefone. Em seguida, um homem passa e ele aciona o elevador, mas continua falando ao telefone.



No dia seguinte, o acusado foi intimado, compareceu na 3ª Delegacia de Polícia Civil e confessou em depoimento ter entrado no apartamento da vizinha. Segundo o relato, ele morava há cerca de dois meses no condomínio e estava passando por um transtorno mental, chamado de parafilia, e iria se tratar.

À polícia, ele afirmou que em 2018 notou alguns comportamentos estranhos e chegou a procurar ajuda médica. Ele então foi diagnosticado, mas “não seguiu o tratamento”, porque não concordou com o psiquiatra. Porém, ao ver as imagens do condomínio percebeu que “não tinha mais o que fazer a não ser confessar e buscar ajuda profissional”.

Nesta quinta, a mulher então decidiu procurar a imprensa porque se encontrou novamente com o vizinho. “Tinham falado que ele não ia mais morar aqui, mas ele está por aqui como se nada tivesse acontecido. Ele fica pela escada e volta sempre suado. Eu descobri que ele estava por aqui no começo dessa semana. Estou apavorada imaginando que ele vai entrar aqui outra vez. Estou tendo crises de pânico. Isso tudo afetou minha vida. Tenho medo por mim e pelo meu filho”, afirmou a vítima.

Conforme os autos do processo, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul, em outubro do ano passado, pediu a realização de exame de insanidade mental do acusado e o caso foi encaminhado da 5ª Vara do Juizado Especial para a Justiça Comum. A última movimentação na ação foi uma ciência de intimação registrada no dia 18 de janeiro de 2023.

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Defesa – Ao Campo Grande News, o advogado de defesa do comerciante, Pablo Gusmão, explicou que o acusado está fazendo tratamento psicológico e que uma assembleia chegou a ser feita no condomínio para tentar a expulsão do homem, mas o pedido foi rejeitado em votação. Além disso, o homem estaria sofrendo retaliações e ameaças de outros moradores.

"A família inteira está com medo. Ele foi punido, advertido e aplicada uma multa, que ele pagou. E estamos movendo uma ação contra o condomínio. Meu cliente tem evitado as áreas comuns do local. As poucas vezes que meu cliente usa as áreas comuns do local, tem um morador que fica perseguindo e filmando ele. Ele chegou a dizer que faria de tudo para arrancar dinheiro do meu cliente. Estamos fazendo a defesa e providência todas as medidas cabíveis", declarou Gusmão.

Condomínio - Em nota, o condomínio explicou que a administração tomou todas as medidas cabíveis nos âmbitos administrativo, cível e penal e que não pode expor maiores informações por conta da segurança e proteção da intimidade e privacidade dos moradores.

"Todas as medidas cabíveis foram adotadas, estando o condomínio seguindo as disposições legais e regimentais quanto ao assunto", finaliza o documento.

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