Depois da decadência, velho Oswaldo Cruz espera Habite-se para reabrir renovado
Para manter aspectos históricos, em algumas portas foram retiradas sete camadas de tintas
As obras do “Colégio Oswaldo Cruz”, erguido entre os anos de 1916 e 1919, entram em fase final de reforma. A revitalização teve início em 2 de agosto de 2021, com previsão de finalização em 2 de maio de 2022, mas demorou bem mais, por conta da decadência da estrutura do prédio que fez história.
Inicialmente, o lugar funcionou como armazém comercial de secos e molhados e em 1927 foi adaptado e transformado em escola com funcionamento até 2010, e vai continuar "ensinando", agora aos profissionais da saúde da Santa Casa, que assumiu o prédio.
Durante visita às obras, na manhã de hoje, foi possível verificar que muitos traços do prédio original foram mantidos, como portas de madeira, armários, pilastras do pátio interno, bem como marcas nas paredes que poderiam ser retiradas na reforma, entretanto, foram preservadas, para manter a memória afetiva do local.
O prédio que mantém até hoje uma fachada imponente foi um dos mais importantes de Campo Grande. O colégio atendia a elite econômica e política da Capital e em 27 de outubro de 1997 foi tombado pela Prefeitura Municipal de Campo Grande por sua importância cultural para a cidade.
Só quando a Santa Casa assumiu o prédio, a recuperação saiu do papel. Equipe do hospital realizou uma visita técnica guiada nas obras de restauração, para apresentar que muito já evoluiu com a terceira fase da reforma, que restaurou os blocos 1, 4 e 5, assim como os sanitários, lavanderia, sala de informática, entre outros.
O prédio entra agora em fase final das obras, com foco na fachada do colégio e finalização do auditório. Mas a data de inauguração só poderá ser definida quando a prefeitura liberar o Habite-se, que é um documento obrigatório que atesta a segurança do imóvel, ele é exigido para comprovação de regularidade da propriedade perante o município.
Os engenheiros explicaram que a maioria das portas foi mantida e outras são réplicas imitando as originais da época da construção.
O espaço que funcionará como sala de reunião dos professores é o mais preservado do prédio. Foi mantida a estética do piso de madeira, com os armários originais embutidos nas paredes e a porta principal, que passou por um processo com sete camadas de tinta retiradas para preservar a beleza da porta original na arquitetura.
No mezanino, as paredes tiveram a argamassa raspada, para deixar os tijolos à mostra, mantendo um efeito rústico, assim como o telhado, com madeiramento à vista. Os lustres usando madeira de demolição em contraste com as luzes modernas são o novo no ambiente.
No pátio interno, a estrutura de colunas que sustenta a cobertura foi mantida como no projeto original. Um marco no projeto de 1916, a cobertura da cantina segue em formato de coração, por ser considerada a alma do prédio.
O lugar que mais destoa e menos condiz com a estrutura centenária do prédio na reforma é o banheiro destinado aos funcionários administrativos, com cubas em preto fosco, torneiras douradas e revestimento moderno.
O espaço que abrigará a cozinha e os banheiros para os alunos também passou por reforma, entretanto, utilizaram pias, portas e janelas mais simples.
O local que receberá cursos de especialização na área da saúde para residentes de Medicina, enfermeiros e outros profissionais da saúde também pretende se tornar uma faculdade de Medicina.
Então, precisa atender características específicas, bem como ambientes claros, alta incidência de luz e materiais que facilitem a limpeza. Por isso a escolha de paredes e piso claros, janelas de vidro, possibilitando a entrada de luz natural e tornando o projeto mais sustentável, com menor consumo de energia.
No Espaço Multiuso, as paredes também foram descascadas para evidenciar os tijolos originais. O local conta com uma arquibancada e servirá para realizações de eventos, como lançamentos de livros, por exemplo. Na parte superior serão colocadas estantes para receberem publicações.
O auditório tem basicamente a mesma estrutura, mas o piso foi todo substituído por porcelanato. As marcas de antigas portas ou janelas retiradas seguem como lembrança do passado.
Sobre a previsão de entrega da obra, a presidente da Santa Casa de Campo Grande, Alir Terra Lima, afirmou que tudo já foi entregue para a liberação do Habite-se.
"Nós já entregamos todos os documentos na Semadur, nas empresas especializadas. Assim que a documentação estiver toda pronta, vai ter a inauguração e a escola da saúde da Santa Casa já vem para esse prédio", explica Alir.
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