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Capital

Depois de Ceinf, SOS Abrigo também inclui carne estragada no cardápio

Elverson Cardozo | 12/09/2013 16:36
Presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, Maria Claudeth Cardoso, esteve no Abrigo no último final de semana. (Foto: Cleber Gellio)
Presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, Maria Claudeth Cardoso, esteve no Abrigo no último final de semana. (Foto: Cleber Gellio)

No sábado (7), a esfiha servida aos adolescentes do SOS Abrigo, na Vila Célia, em Campo Grande, tinha um gosto estranho, mas deu para comer. É que a carne moída utilizada para fazer o salgado estava estragada, assim como aconteceu em alguns Ceinfs (Centro de Educação Infantil) da Capital.

Na casa, neste dia, não havia muita saída: ou se comia o salgado assim, do jeito que foi feito, com o ingrediente principal apodrecendo, ou se aproveitava os repolhos, única coisa que sobrou da dispensa, para outra receita. Ficar com fome era a terceira opção. A maioria comeu.

A denúncia, feita ao Campo Grande News, é da presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, da OAB-MS (Ordem dos Advogados do Brasil), Maria Claudeth Cardoso Leal, que pretende, em breve, entregar um relatório da visita, em mãos, ao prefeito Alcides Bernal (PP).

"Senhor Prefeito", escreveu ela no documento, “tudo pode faltar, mas quando falta o que comer é triste. A comida é sagrada. Os adolescentes já se encontram em situação de total abandono e não lhe é fornecido o alimento básico. Perguntamos: O que falta acontecer?”

A resposta e uma solução são esperadas, mas, enquanto isso não acontece, a Comissão decidiu agir. No mesmo dia providenciou, de imediato, alguns alimentos para que os adolescentes não ficassem sem comer, como consta no relatório que chegará ao conhecimento do prefeito.

A situação do abrigo da Vila Célia é crítica, contou a presidente. Além da falta de alimentação, os jovens atendidos estão vivendo em situação precária. Apesar da boa estrutura do imóvel, dentro da casa, segundo denúncia da Comissão, alguns móveis estão quebrados.

Faltam roupas, calçados e até colchão para dormir. Tem gente que, pelo visto, está passando a noite no lastro da cama. O local que, na teoria, serve para acolher, como determina a lei, virou, nas palavras da presidente, um “depósito de adolescentes”. A maioria, disse, não está inserida em programas sociais.

“[Eles estão] vivendo sem estudo, religião, acompanhamento psicológico, falta de lazer e locomoção”, relatou, ao informar que o abrigo não tem, sequer, transporte, muito menos passe de ônibus para os adolescentes.

Sem ter o que fazer, eles se envolvem, constantemente, em brigas. Á última registrada foi no dia da visita. A cozinheira, apavorada, foi embora, com a promessa de não voltar.

Para Maria Claudeth, a precariedade do local está evidente. “[...] Não conta com a mínima estrutura para o atendimento dos adolescentes que ali se encontram, em constante perigo físico e psicológico”, relatou. A Comissão deixa claro, no início do relatório, que era para ser uma visita de rotina, social. A realidade foi bem diferente. “O que encontramos nos causou indignação e tristeza”, informou o órgão.

O Campo Grande News procurou a assessoria de imprensa da Prefeitura e aguarda um posicionamento.

A situação do SOS abrigo foi registrada em fotos.

Confira a galeria de imagens:

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