Depois de fechar ambulatório, Santa Casa cancela cirurgias eletivas
Após suspender o atendimento ambulatorial de média complexidade esta semana, a direção da Santa Casa de Campo Grande decidiu, nesta quinta-feira (7), suspender também, por tempo indeterminado, as cirurgias eletivas devido a não renovação do contrato com a prefeitura.
A suspensão passa a valer a partir de segunda-feira (11). Na terça-feira, a diretora operacional do hospital, Claudenice Valente, disse que o hospital manteria pelo menos as cirurgias agendadas, porém, frente ao impasse entre governo do Estado e prefeitura, a diretoria está fazendo um levantamento das cirurgias já marcadas para decidir se também serão canceladas.
A nova decisão da diretoria da Santa Casa já foi anunciada, através de ofício, ao secretário de Saúde do município Jamal Salém. Outras autoridades municipais e estaduais do setor também foram comunicadas. O contrato entre o hospital e a prefeitura, que garante o pagamento pelo atendimento aos usuários do SUS (Sistema Único de Saúde), encontra-se vencido desde o dia 7 de abril.
A Santa Casa alega que as propostas remuneratórias ofertadas pela prefeitura, “não atendem ao valor de custo dos serviços devidamente realizados, não estabelecem a quitação de serviços já faturados e entregues e não garantem a continuidade dos atendimentos nos próximos 12 meses”.
A suspensão da realização das cirurgias eletivas implicará no fechamento de oito salas cirúrgicas. Por dia, pelo menos 54 procedimentos dessa natureza são realizados e por mês o número chega a 1.092. A diretoria alega que a decisão visa garantir os atendimentos de urgência e emergência.
Impasse – Enquanto a prefeitura e o governo estadual não chegam a um acordo sobre a divisão dos custos do hospital, a direção vem ressaltando, desde o mês passado, que novos cortes devem ser feitos para garantir as urgências. O município foi taxativo em continuar pagando R$ 3 milhões mensais, destinando R$ 2 milhões para os procedimentos de média complexidade e R$ 1 milhão para os de alta complexidade.
Para a Santa Casa, R$ 4 milhões é o mínimo aceitável, sendo R$ 3 milhões para os procedimentos de média complexidade e R$ 1 milhão para os de alta complexidade. Esse montante é necessário para que o hospital continue funcionando e com a perspectiva de zerar o déficit financeiro hoje existente.
Na última proposta encaminhada ao hospital pela prefeitura, a gestão municipal acenou com a possibilidade de um repasse mensal de R$ 4 milhões a partir de julho, na condição de a secretaria estadual de Saúde também efetuar aporte financeiro ao município. O governo do Estado só aceita compartilhar as despesas se uma auditoria for feita na Santa Casa para verificar o destino e aplicação dos recursos.
Nesta quarta-feira o diretor-presidente da Santa Casa, Wilson Teslenco, afirmou durante sessão na Assembleia Legislativa, que iria apresentar, até o final da semana, os resultados de uma auditoria feita no final do ano no hospital. Os deputados estão se mobilizando para organizar uma reunião e discutir o impasse.