Do zelo ao abandono, canteiros mostram cenários opostos no centro e na periferia

Os canteiros das Avenidas Afonso Pena e Dr. Nasri Siufi revela cenários diferentes na mesma cidade. É só sair da região central para ver a variedade de lixo jogado, gramado completamento seco e paisagismo morto. No Centro, há flores, arbustos irrigados e a grama é mantida limpa, mas a segunda avenida citada coleciona papelão, bitucas de cigarro, garrafas de vidro de bebidas, sacolas e uma variedade de lixo que renderia mais de um parágrafo de texto. Mas uma coisa é padrão independente do endereço: a quantidade de formigueiros em proliferação por falta de controle do poder público.

Enquanto o cartão postal reflete zelo e cuidado, com imagem verdinha, a periferia revela abandono que é notado por quem atravessa a cidade. Ciclista, Otto Simon da Silveira, de 59 anos, comenta que é só acessar o caminho que leva ao Centro da Capital para ver a diferença. “A parte nobre é da Afonso Pena pra cima. Você começa a subir ali e ver o cuidado, a estrutura”, diz.

O professor de educação física pedala todos os dias e hoje estava no trecho da Avenida Lúdio Martins Coelho, no Bairro Residencial Oliveira. Antes disso, ele havia passado pela Avenida Dr. Nasri Siufi onde relata a quantidade de lixo presente.  “Na parte final tem uma lixarada jogada no caminho e o pessoal usa a pista e não preserva. Tem pneu, lixo jogado”, cita.

A reportagem esteve na avenida e encontrou no canteiro quantidade considerável de lixo. Em certos trechos da ciclovia, garrafas pet, garrafas de vidro, pedaços de tijolos e concretos, restos de móveis e até mesmo parte de um sofá. Para completar há inúmeros galhos secos jogados. Esse trecho em específico fica na região do Bairro Jardim Tarumã.

Ruben Pereira, de 68 anos, mora no Pênfigo e usa a ciclovia para ter acesso ao bairro. Ele comenta que não adianta limpar porque a população vem e volta a jogar lixo. “Tá esquecido mesmo e não tem fiscalização”, afirma.

Passando diariamente pelo local, ele conta que flagrou várias vezes o descarte incorreto de lixo. “Aqui é o alvo para jogar as coisas, aqui entra até caminhão para jogar. Vi várias vezes”, completa.

Além do percurso para os ciclistas, a pista também é usada por moradores que caminham em volta. Vinícius Rios se mudou recentemente para o bairro e define o cenário como “muito triste” e “abandonado”.

Irrigação é outro luxo que a reportagem só flagrou na Afonso Pena. Nos bairros, a terra tomou lugar do gramado. Não há sinal de irrigação nem de água reaproveitada nos outros canteiros visitados.

Formigueiros - Mas de uma coisa nem as principais avenidas da cidade escapam. No sentido bairro ao centro, a Avenida Afonso Pena virou alvo das formigas, na Avenida Mato Grosso o quadro é o mesmo.

No canteiro central da Avenida Lúdio Martins Coelho não é difícil ver a formação de formigueiros de diferentes tamanhos ao longo de vários trachos. Alguns deles fazem “vizinhança” com garrafas de plástico e outros itens descartados.

Bióloga, Vivian Nacagava estuda sobre formigas durante o doutorado. Ela explica que o inverno favorece a presença dos ninhos enormes. “Essas formigas tem o período de reprodução no verão, então nesse período elas estão saindo para fazer reprodução e formar novos ninhos. Agora, no inverno, a gente vê esse ninho mais ativo”, comenta.

Através de imagens compartilhadas pela reportagem, Vivian constatou que os formigueiros são de cortadeiras. “Provavelmente é a saúva ou a quenquén, são formigas que a gente vê sempre cortando as folhas e levando para os ninhos”, explica.

As espécies, lembra a bióloga, não apresentam risco à saúde à população. Mesmo assim, ao se tratar de áreas públicas como os canteiros, o controle pode ser feito para evitar a proliferação. “Em canteiros, parques, temos o controle porque senão fica inviável. Aí sim o órgão responsável faz o controle. O controle pode ser feito de diferentes maneiras”, fala.

Para espaços privados, Vivian sugere que aqueles que se incomodem fiquem atentos à presença das formigas no verão. “Se você não quer esse tipo de formiga no quintal, o método mais eficaz é impedir a formação do ninho. Se você vê que tem uma tanajura fazendo um buraquinho você pode matar ela”, completa.

Manutenção dos canteiros - O Campo Grande News procurou à Sisep (Secretaria Municipal De Infraestrutura E Serviços Públicos) para cobrar uma posição em relação a manutenção dos canteiros das avenidas citadas na matéria. A reportagem também questiona como é feito o controle de formigueiros nas respectivas avenidas nessa época do ano.

A reportagem não obteve retorno até o fechamento da matéria.

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