Dona da Santa do Mel é acusada de estelionato pelo Ministério Público
Ela é acusada de falsificar a assinatura do marido, transferindo a posse de um veículo
O MPE (Ministério Público Estadual) denunciou Sônia Miranda Diniz por estelionato envolvendo o inventário do seu marido José João Rezek, que faleceu em maio de 2010.
Por anos, mais precisamente desde 2007, o casal ficou conhecido como os donos da Santa do Mel. Num fato não explicado, a imagem de Nossa Senhora de Fátima passou a exsudar o líquido, atraindo multidão a casa da família, próximo à avenida Três Barras, em Campo Grande.
Cincos anos depois, a dona do santuário é acusada de falsificar a assinatura do marido, transferindo a posse de um veículo. O processo tramita na 6ª Vara Criminal. O casal viveu junto por 24 anos e tem uma filha. Do primeiro casamento, José tem outros quatro filhos. Agora, a família briga pela posse dos bens.
Em uma ação, os herdeiros do primeiro casamento tentam anular a transferência do veículo, alegando que a assinatura de José Rezek foi falsificada, além de selos de cartório. Já o MPE passou a investigar sobre a autoria da falsificação.
Sônia nega as acusações. “Assinatura nenhuma foi falsificada. É do meu marido sim. Falar é fácil, quero ver provar”, afirma. Segundo ela, o veículo em questão é uma Pajero, ano 1993, comprada em um leilão. “Ele deu um carro para mim, como deu para todos os filhos. No meu, pagou R$ 18 mil”, relata.
Em 2010, um dos filhos de José Rezek registrou boletim de ocorrência contra a madrasta. No registro, feito na 1ª delegacia, ele afirma que Sônia pegou o cartão e a senha do pai, movimentando a conta bancária sem autorização.
Os gastos começaram no dia 18 de maio, enquanto José estava internado. Dois dias antes do falecimento de Rezek, que morreu em 22 de maio, ela fez empréstimo de R$ 40 mil em nome do esposo. Segundo o filho, o casal não tinha conta conjunta.
Num dos despachos, há pedido de informação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado). O nome de Sônia foi associado ao de uma quadrilha de falsificação de documentos. Sobre a possibilidade, ela ri e finaliza: “Tenho a consciência tranquila”.
A Santa – A imagem ficou famosa após começar a verter mel no dia 16 de maio de 2007, atraindo a atenção de fieis fervorosos. A Igreja Católica chegou a emitir nota oficial, à época assinada pelo Arcebispo Dom Vitório Pavanello, dizendo que não recomendava visitas.
O padre Oscar Quevedo opinou que se tratava de um fenômeno conhecido, o aporte. "Quando se identifica a pessoa e afasta ela do objeto, pára tudo. Dou dez mil dólares para você se a imagem continuar vertendo mel no caso de a pessoa ficar a uma distância superior a 50 metros do local", afirmou, à época, ao Campo Grande News. A imagem nunca passou por análise.