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Capital

Dorsa joga culpa na família Siufi por desativação da radioterapia do HU

Ângela Kempfer e Jessica Benitez | 29/05/2013 16:53
Dorsa fala à CPI da Saúde na Câmara.
Dorsa fala à CPI da Saúde na Câmara.

Para se defender de acusação de improbidade, o ex-diretor geral do Hospital Universitário, José Carlos Dorsa, joga para a família Siufi toda a culpa pela desativação da ala de Radioterapia do Hospital Universitário. Hoje, em depoimento à CPI da Saúde, na Câmara Municipal, ele garantiu que o setor foi desmontado quando a responsável era Eva Siufi, irmã de Adalberto Siufi, ex-diretor do Hospital do Câncer de Campo Grande e apontado como chefe de uma quadrilha que lucrou pesado com o monopólio no atendimento.

Segundo investigações da Polícia Federal, o hospital foi descredenciado, contrariando o interesse público, para beneficiar empresas do oncologista Adalberto. Na época, Siufi era diretor do Hospital do Câncer, sócio da clínica Neoclin e coordenador do serviço de oncologia da Santa Casa.

Segundo Dorsa, a radioterapia parou de funcionar em 2005, sob comando de Eva, que era professora de Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. “Quando entrei já não havia nenhum responsável pelo setor. Estava sem estrutura, com aparelhos danificados e não havia condições de reativar porque não tinha equipe”, diz o médico.

Na versão do ex-diretor, ao assumir resolveu recuperar a ala e demorou 3 anos para reformar o prédio. O maior problema, diz ele passou a ser montar a equipe. Dorsa conta que em reunião com a Fundação Carmem Prudente e representantes do Ministério Público Federal, ficou acertado que a Fundação mantenedora do Hospital do Câncer iria ceder um médico para ficar a frente da ala de radioterapia. “Durante um ano solicitei. Demorou muito para eles indicarem alguém e quando uma médica assumiu, logo pediu transferência”, relata.

A UFMS e o Hospital do Câncer têm um convênio e a cedência seria uma compensação. “Só no final do passado desistimos de esperar e decidimos fazer seletiva por conta própria de 2 radiologistas”. Dorsa lembra que a seleção foi simplificada, sem concurso. “Acho que também vou ser punido por isso”, admite.

O ex-diretor comenta que só em fevereiro deste ano conseguiu fechar esse processo, mas em seguida foi afastado por conta das denúncias sobre a “Máfia do Câncer”.

Ao ser questionado sobre o fato de 10 médicos do HU cedidos para o Hospital do Câncer, apesar da falta de profissionais no Hospitais Universitário, Dorsa garantiu “desconhecer”.

O médico também negou ter sido procurado pelos conselhos municipal e estadual de saúde, que informaram à CPI já terem procurado Dorsa várias vezes para a implantação do conselho no Hospital. “Nunca fui procurado”, se defendeu.
Dorsa admitiu que chegou a rejeitar aparelhos para tratamento de pacientes com câncer enviados pelo Governo Federal, “em um primeiro momento por falta de equipe. Para não ficar encaixotado, pegando chuva”. Mas depois jura que mudou de ideia e pediu as máquinas no mês passado, depois da operação Sangue Frio, que mostrou as irregularidades no atendimento.

Sobre a relação com Adalberto Siufi, Dorsa diz apenas que conhece, como ex-aluno do oncologista. “Não sou amigo, nem sócio. Sempre tive liberdade, mas nunca intimidade”.

O médico reclamou da divulgação de áudios, gravados pela Polícia Federal. “Foram divulgados de forma ilegal. Estão editados. Não tenho medo de investigação. Entendo o juízo de valor que fazem de mim, por conta da forma como esses áudios foram editados”.

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