Duas mortes em 1 mês: corredor de ônibus na Brilhante vira terror para moradores
Um ciclista e um motociclista morreram neste mês próximo de corredor de ônibus
Moradores da região Avenida Marechal Deodoro onde ocorreu duas mortes no último mês estão revoltados com o corredor de ônibus que fica no local. Eles atribuem as mudanças no trânsito aos acidentes que acontecem no local.
Os dois acidentes aconteceram muito próximos um do outro, uma distância de três quadras, após a curva que transforma a Rua Brilhante em Avenida Marechal Deodoro.
A professora Roselaine Corrêa de Lima, de 43 anos, mora em um condomínio quase em frente ao local onde o ciclista Floriano Ricarde, de 73 anos, morreu na manhã de ontem (21) há um ano e quatro e meses, e disse que a avenida sempre foi movimentada, só que agora está muito pior.
“Tem sinalização, placa de pare, mas ninguém respeita. Então, está muito perigoso mesmo, em toda a altura dessa rua, não é só aqui não. Fora que a gente para conseguir sair de carro é sempre uma luta”, apontou.
O porteiro do condomínio, Odilio de Almeida, 56, trabalha no lugar há 23 anos e acompanhou as mudanças no trânsito com o passar do tempo.
“O problema é esse ponto mesmo. Antes tinha acidente, mas não era fatal igual esses que está tendo agora. Fora os comércios que ele prejudicou né, o pessoal não consegue mais acessar ali, se bem que se fosse só isso tudo bem, mas olha as mortes que está tendo. Fizeram isso aí sem consultar ninguém, quiseram copiar São Paulo, mas lá as ruas tem a largura de 10 dessa aí”, relatou.
A empresária Rose Marina, 53, que tem comércio na quadra onde o motociclista Aldo Martins Aquero, de 43 anos, morreu no dia 4 de julho. Ela até relata a queda da clientela por causa da dificuldade de acesso, mas se preocupa mesmo é com os acidentes que vem acontecendo.
“Tá uma porcaria com esse corredor, por mim tirava. Trabalho aqui há quatro anos e nunca tinha ouvido falar de acidente. Agora toda hora tem, fora as mortes que tiveram né. Tem carro batendo em carro, aqui na calçada tem que ficar atento porque os ônibus passam muito rápido”, ressaltou.
“Esse corredor ficou muito perigoso para pedestres e ciclistas, é um Deus nos acuda para atravessar a Brilhante, mesmo com a sinalização. São poucos pontos que têm sinalização de pedestres e o pior são os ônibus, que fizeram do corredor uma pista de corrida. Para eu sair da minha residência de carro, que fica ao lado do corredor, é perigoso porque os ônibus passam muito rápido”, disse.
Em nota, a Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) alegou que lamenta o ocorrido, mas que a prefeitura colocou sinalização adequada ao longo da via, além de radares para manter a velocidade média de 50 km/h.
Os corredores não serão retirados do local. “Nossa equipe está fazendo um trabalho de fiscalização”, finalizou a Agetran.
O outro lado - Na Rua Brilhante, os 45 ônibus que transitam diariamente são de seis linhas: Caiobá/Aero Rancho, Centro/Santa Emília, Centro/Lageado, Aero Rancho/General Osório, Bandeirantes/Nova Bahia e Aero Rancho/Nova Bahia.
Como previsto, o corredor aumenta a velocidade média dos ônibus de 16 quilômetros por hora para aproximadamente 24 km/h ao longo de todo o trajeto e reduz em até 30% o tempo de viagem. Em alguns trechos, o ônibus chega a fazer 29 km/h, durante o início da manhã, conforme monitorado por aplicativo de mobilidade.
A reportagem do Campo Grande News comprovou o aumento da velocidade em abril deste ano, quando o corredor da Brilhante começou a funcionar, e mostrou que ele agilizou a rotina de 4,2 mil passageiros.
O projeto de mobilidade urbana, aprovado em 2009, prevê a implantação de corredores exclusivos para a circulação dos ônibus entre os terminais Guaicurus/Morenão (corredor Sul); Morenão/General Osório e Nova Bahia (corredor Norte), passando pelo Centro da cidade e o Corredor Sudoeste, interligação dos terminais Aero Rancho e Bandeirantes com o Centro da cidade e também no sentido inverso.