‘Ele tá louco’, avisou namorada antes de lutador espancar e matar hóspede
Conversa que jovem teve por mensagem momentos antes do crime foi entregue pelos advogados do atleta à Justiça
A sete dias de Rafael Martinelli Queiroz, 29, ir a júri popular por matar um hóspede a cadeiradas no Hotel Vale Verde, os advogados do lutador entregaram à Justiça prints de conversa que a namorada dele teve pelo WhatsApp minutos antes do crime. “Ele enlouqueceu”, disse Carla Dias Medeiros à pessoa com quem conversava.
O diálogo reforça a tese da defesa de que Rafael teve um surto, que já não estava bem psicologicamente dias antes de cometer o homicídio e que tem problemas psiquiátricos.
Os defensores tentaram sustentar ao longo do processo que o lutador é inimputável – não pode ser responsabilizado pelo crime –, mas no dia 24 de outubro, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul manteve a sentença de pronúncia do juiz Alexandre Tsuyoshi Ito, da 1ª Vara do Tribunal do Júri, confirmando que Rafael vai a júri por qualificado por meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima.
Conversa – Rafael e Carla são do interior de São Paulo e estavam hospedados no Vale Verde porque ele veio participar de um campeonato de jiu-jítsu realizado no Círculo Militar.
Mas, na noite do dia 18 de abril de 2015, ele não competiu, como era previsto.
O casal teve uma discussão no quarto do hotel. Pelo WhatsApp, uma pessoa perguntou a Carla se o namorado tinham “melhorado”. A resposta dele foi negativa. “Ainda não. Tô ficando louca já. Ele enlouqueceu”.
A pessoa insistiu: “o que aconteceu?” e a moça disse que o lutador estava falando coisas sem sentido e a ofendia.
A interlocutora demonstra temer pelas atitudes que Rafael poderia tomar contra a namorada. “Ai meu Deus, ele não está bem. Fica quieta, não responde”.
Carla afirma: “ele tá louco! Tô com muito medo”, às 22h53.
Crime – Conforme relatou à polícia na época, quando o namorado ficou agressivo, amedrontada, ela fugiu pelos corredores e pediu socorro na recepção.
Ao sair enfurecido do quarto, Rafael destruiu tudo o que encontrou pela frente, até se deparar com o engenheiro Paulo Cézar de Oliveira, 49 anos, que havia acabado de abrir a porta de seu apartamento, o 216, para ver o que estava acontecendo.
A vítima foi espancada até a morte com uma cadeira. Tudo foi filmado pelo circuito interno de segurança do hotel.
Alegações – Os advogados do lutador haviam recorrido da decisão de mandar o cliente a júri, alegando que o atleta tem doença mental e por isso é inimputável, devendo ser internado em instituição para tratamento de pacientes psiquiátricos.
A defesa recordou que Rafael, quando interrogado em juízo, sequer se lembrava do que ocorreu, disse que ficou sabendo pela televisão que havia cometido um assassinato, e que não sabia o que estava fazendo. “Se eu estivesse em sã consciência, eu jamais faria isso”, teria dito o lutador.
Já o MPE (Ministério Público Estadual) lembrou que apesar do lutador ser portador de transtorno de personalidade, a perícia constatou que ele não estava completamente incapaz quando cometeu o assassinato e pede que mantida a sentença.
A promotora de Justiça Lívia Carla Guadanhim Bariani, responsável pela acusação, argumenta que Rafael é, na verdade, semi-inimputável. “O réu tinha consciência dos atos que estava praticando, bem como das consequências que eles poderiam acarretar”.
O júri de Rafael será na próxima quinta-feira (27), a partir das 8h.