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Capital

‘Ele tá louco’, avisou namorada antes de lutador espancar e matar hóspede

Conversa que jovem teve por mensagem momentos antes do crime foi entregue pelos advogados do atleta à Justiça

Anahi Zurutuza | 21/04/2017 16:27
Rafael (de azul) durante lota (Foto: Facebook/Reprodução)
Rafael (de azul) durante lota (Foto: Facebook/Reprodução)

A sete dias de Rafael Martinelli Queiroz, 29, ir a júri popular por matar um hóspede a cadeiradas no Hotel Vale Verde, os advogados do lutador entregaram à Justiça prints de conversa que a namorada dele teve pelo WhatsApp minutos antes do crime. “Ele enlouqueceu”, disse Carla Dias Medeiros à pessoa com quem conversava.

O diálogo reforça a tese da defesa de que Rafael teve um surto, que já não estava bem psicologicamente dias antes de cometer o homicídio e que tem problemas psiquiátricos.

Os defensores tentaram sustentar ao longo do processo que o lutador é inimputável – não pode ser responsabilizado pelo crime –, mas no dia 24 de outubro, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul manteve a sentença de pronúncia do juiz Alexandre Tsuyoshi Ito, da 1ª Vara do Tribunal do Júri, confirmando que Rafael vai a júri por qualificado por meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima.

Print da conversa de Carla pelo WhatsApp (Foto: Reprodução)
Print da conversa de Carla pelo WhatsApp (Foto: Reprodução)
Mais um trecho do diálogo (Foto: Reprodução)
Mais um trecho do diálogo (Foto: Reprodução)

Conversa – Rafael e Carla são do interior de São Paulo e estavam hospedados no Vale Verde porque ele veio participar de um campeonato de jiu-jítsu realizado no Círculo Militar.
Mas, na noite do dia 18 de abril de 2015, ele não competiu, como era previsto.

O casal teve uma discussão no quarto do hotel. Pelo WhatsApp, uma pessoa perguntou a Carla se o namorado tinham “melhorado”. A resposta dele foi negativa. “Ainda não. Tô ficando louca já. Ele enlouqueceu”.

A pessoa insistiu: “o que aconteceu?” e a moça disse que o lutador estava falando coisas sem sentido e a ofendia.

A interlocutora demonstra temer pelas atitudes que Rafael poderia tomar contra a namorada. “Ai meu Deus, ele não está bem. Fica quieta, não responde”.

Carla afirma: “ele tá louco! Tô com muito medo”, às 22h53.

Crime – Conforme relatou à polícia na época, quando o namorado ficou agressivo, amedrontada, ela fugiu pelos corredores e pediu socorro na recepção.

Ao sair enfurecido do quarto, Rafael destruiu tudo o que encontrou pela frente, até se deparar com o engenheiro Paulo Cézar de Oliveira, 49 anos, que havia acabado de abrir a porta de seu apartamento, o 216, para ver o que estava acontecendo.

A vítima foi espancada até a morte com uma cadeira. Tudo foi filmado pelo circuito interno de segurança do hotel.

Rafael foi preso logo após cometer o crime (Foto: Reprodução)
Rafael foi preso logo após cometer o crime (Foto: Reprodução)

Alegações – Os advogados do lutador haviam recorrido da decisão de mandar o cliente a júri, alegando que o atleta tem doença mental e por isso é inimputável, devendo ser internado em instituição para tratamento de pacientes psiquiátricos.

A defesa recordou que Rafael, quando interrogado em juízo, sequer se lembrava do que ocorreu, disse que ficou sabendo pela televisão que havia cometido um assassinato, e que não sabia o que estava fazendo. “Se eu estivesse em sã consciência, eu jamais faria isso”, teria dito o lutador.

Já o MPE (Ministério Público Estadual) lembrou que apesar do lutador ser portador de transtorno de personalidade, a perícia constatou que ele não estava completamente incapaz quando cometeu o assassinato e pede que mantida a sentença.

A promotora de Justiça Lívia Carla Guadanhim Bariani, responsável pela acusação, argumenta que Rafael é, na verdade, semi-inimputável. “O réu tinha consciência dos atos que estava praticando, bem como das consequências que eles poderiam acarretar”.

O júri de Rafael será na próxima quinta-feira (27), a partir das 8h.

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