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Capital

Em ano de escândalos e caos político, idosos fazem questão de ir às urnas

Alguns nem têm obrigação de votar, mas estarão na fila das seções eleitorais no domingo, 2 de outubro

Anahi Zurutuza | 30/09/2016 19:04
Jorge Ayrolle, 73 anos, diz que todos tem de ao menos tentar escolher o melhor candidato (Foto: Alcides Neto)
Jorge Ayrolle, 73 anos, diz que todos tem de ao menos tentar escolher o melhor candidato (Foto: Alcides Neto)
Antonio Ribeiro, 66, diz que só gosta de política e futebol (Foto: Alcides Neto)
Antonio Ribeiro, 66, diz que só gosta de política e futebol (Foto: Alcides Neto)

Eles têm mais de 60 anos, alguns muito mais e nem têm obrigação de votar, mas no ano dos escândalos de corrupção e que até uma presidente foi deposta, parte deles faz questão de estar nas seções eleitorais no próximo domingo, 2 de outubro.

Em Campo Grande, são 42.706 eleitores com mais de 70 anos, conforme o TRE-MS (Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul). Claro que nem todos participarão das eleições, mas que os estarão “na boca da urna” farão a diferença.

Ao chegar ao Recanto São João Bosco para conversar com os moradores que vão votar, nem precisou ser levada aos abrigados e já ouviu a frase: “é exercer a cidadania. Vou votar enquanto eu puder”. Foi o padre Gercino José dos Anjos, de 72 anos e presidente do asilo, quem fez o comentário.

“Faço gosto, porque eu só gosto de política e futebol”, contou Antônio Ribeiro, 66, ao ser questionado sobre a participação dele nas eleições. Nascido no Paraná, ele está há 26 anos na Capital e parou de trabalha como segurança porque passou cinco anos acamado por conta de uma hanseníase.

Paciente de reumatismo, ele decidiu ir para o asilo há dois anos. “Tenho filhas e netos, mas mesmo que não tivesse. Os mais velhos têm de dar exemplo, ainda mais do jeito que esta política anda”.

Aos 73 anos, viúvo e aposentado da Marinha, Jorge Ayrolle, conta que assistiu aos programas eleitorais e debates para escolher os candidatos. “Tem de ser uma pessoa honesta, que conhece a cidade. É difícil achar um deste tipo, mas a gente tem de tentar”, disse sobre continuar exercendo o direito de votar.

Apesar da idade, eles sabem usar a urna eletrônica (Foto: TSE/Divulgação)
Apesar da idade, eles sabem usar a urna eletrônica (Foto: TSE/Divulgação)

Um século – Ainda segundo o TRE, na Capital, os eleitores mais velhos têm 116 e 112 anos. Dos que já completaram um século de vida, Antonio Ramos Martins, 102, já fez a “colinha” com os candidatos para prefeito e vereador e está pronto para ir até a Escola Municipal Doutor Eduardo Olímpio Machado para digitar os números dos escolheu.

“Ele assiste ao horário eleitoral todos os dias e decidiu por ele mesmo. Não adianta a gente falar alguma coisa, ele não muda de ideia e ele nunca deixou de vota”, conta a filha dele, Cristina Mendes França, 50 anos.

A costureira mora com dois irmãos e o pai no bairro São Jorge da Lagoa e faz questão também de levar o pai para ser o primeiro da fila. “Ele se preocupa com os filhos, com os netos e bisnetos. Hoje mesmo ele estava falando, que escolhe os candidatos que mais falam da área de Educação, porque pensa no futuro dos mais jovens”, revelou.

Antonio Martins tem oito filhos, dezenas de netos e 11 bisnetos.

O artigo 6º do Código Eleitoral desobriga de votar os brasileiross inválidos, com mais de 70 anos e que estejam fora do país.

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