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Capital

Em Caminhada da Conscientização, pais pedem autonomia para os filhos

Ação em comemoração ao Dia Internacional da Síndrome de Down reuniu cerca de mil pessoas na Praça Ary Coelho

Idaicy Solano e Mariely Barros | 21/03/2023 10:40
Em Caminhada da Conscientização, pais pedem autonomia para os filhos
Pais e mães foram às ruas em caminhada pedir por inclusão e autonomia de crianças e adolescentes com Síndrome de Down. (Foto: Henrique Kawaminami)

Pais e mães foram às ruas na manhã desta terça-feira (21) pedir por mais inclusão e autonomia para os filhos na tradicional Caminhada da Conscientização, realizada pela Associação Juliano Varela, em comemoração ao Dia Internacional da Síndrome de Down. Ação reuniu cerca de mil pessoas e teve apresentação da banda Down Rítmica durante o percurso.

Fundadora e ex-presidente da Associação, Malu Fernandes destaca que a data serve como reflexão a respeito da inclusão. Malu atua como superintende do terceiro setor da Sedhast (Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Assistência Social e Trabalho) e afirma que este é só o começo de uma longa caminhada em busca de mais oportunidades tanto na educação quanto no mercado de trabalho. "Já evoluiu muito a questão da disposição do poder público em incluir as pessoas com síndrome de Down, mas o caminho só está começando”.

Secretário-executivo da Sedhast, Ben Hur Ferreira, 59 anos, destaca que a caminhada é um mutirão em defesa da dignidade, e que em um Estado com crescimento vigente igual o Mato Grosso do Sul, a ação acontece para mostrar que ninguém pode ficar para trás. “O povo na rua mobiliza o orçamento, precisam existir do Governo Estadual mais medidas”.

A dona de casa Maria de Souza Ferreira, 54 anos, é coordenadora do grupo de mães da Apae e mãe da Ana Julia, de 13 anos. Para ela, o dia 21 de março é sinônimo de luta e garante que a filha irá crescer com todos os direitos e deveres. “Se depender de mim vai namorar, trabalhar e se der casar. Não gosto que julguem ela como coitada”.

Maria engravidou aos 42 anos de idade e descreve a gestação como um período “maravilhoso” e "tranquilo". A dona de casa descobriu a síndrome na hora do parto.

O médico me chamou e falou assim: ‘olha mãe a sua filha nasceu com um problema. E eu perguntei qual o problema, e ele falou que era Síndrome de Down. E eu falei que se eu já amava, então agora vou amar ainda mais. Ela foi um presente que Deus me deu, eu falo que a Síndrome de Down é o cromossomo do amor”, Maria relata emoção vivida no parto.

Em Caminhada da Conscientização, pais pedem autonomia para os filhos
Maria e a filha, Ana Julia, participaram da caminhada na manhã desta terça-feira. (Foto: Henrique kawaminami)

Dona de casa Ana Lúcia de Carvalho, 40 anos, é mãe do Gael, de 2 anos, que utilizava meias de cores diferentes durante a caminhada. A dona de casa explica que se trata de uma corrente criada pelos pais de crianças e adolescentes com Síndrome de Down nas redes sociais, simbolizando que o “diferente” também pode ser “divertido”. Gael faz estimulação precoce na Associação Juliano Varela desde o primeiro mês de idade. “Hoje ele já está andando, isso é uma vitória”.

Ana Lúcia relata que a desinformação é o principal motivo da falta de inclusão e cita que às vezes percebe que as pessoas têm medo de se aproximar do filho. Ela sente falta de mais campanhas e eventos, como a caminhada, por parte do poder público.

 Imagino o meu filho incluído, casado e até me dando neto e trabalhando”, comenta Ana Lúcia sobre as expectativas para o futuro do filho.

Em Caminhada da Conscientização, pais pedem autonomia para os filhos
Ana Lúcia sonha com futuro inclusivo e mais acolhedor para o filho de dois anos. (Foto: Henrique Kawaminami)

Dona de casa Edilene Martins, 44 anos, foi à caminhada acompanhada da filha Gabriela, de 25 anos. Edilene conta que a gravidez não foi planejada, mas abriu mão de tudo para cuidar da filha. Gabriela recebeu o diagnóstico ao nascer e Edilene descreve o parto como um momento de muita emoção. “A Gabriela sempre foi muito bem-vinda, minha sorte foi que os meus pais me auxiliaram muito”.

Aos seis meses de idade, Gabriela conseguiu uma vaga na instituição Pestalozzi. Na vida escolar, a jovem não teve a mesma sorte. A dona de casa conta que teve dificuldade em manter a filha em instituição de ensino regular, e após muitas tentativas frustradas, a matriculou em uma escola especial. “Algumas escolas nem aceitavam e outras depois de algum tempo pediam para que eu retirasse ela”.

Na época não tinha muita informação, e as pessoas tinham muito preconceito. Na época eu era muito nova e não sabia direito o que fazer, minha mãe também não tinha muito como me orientar e eu acabei tirando ela, se fosse hoje em dia eu teria batido o pé”, relata Edilene Martins.

Em Caminhada da Conscientização, pais pedem autonomia para os filhos
Edilene e a filha Gabriela, de 25 anos, na caminhda da conscientização. (Foto: Henrique Kawaminami)

Este ano a caminhada ocorreu em parceria com a Sead (Secretaria de Estado de Assistência Social e dos Direitos Humanos). Também estiveram presentes a Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo), Associação Pestalozzi, Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) e a CEESPI (Centro Estadual de Educação Especial e Inclusiva).

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