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Capital

Em época de chuva, ponto de ônibus vira atração maior para o perigo

Passageiros relataram que medo também é presente com céu limpo e luz do dia

Aletheya Alves | 20/01/2021 16:33
Passageiros entrando em ônibus na avenida Manoel da Costa Lima. (Foto: Paulo Francis)
Passageiros entrando em ônibus na avenida Manoel da Costa Lima. (Foto: Paulo Francis)

Relatos sobre assaltos em pontos de ônibus são antigos conhecidos para quem depende do transporte público. Neste mês, duas ocorrências chamaram ainda mais atenção para o tema, com uma mulher esfaqueada e um homem se masturbando no local de espera.

Sintetizando a opinião geral, os locais são vistos como “chamariz” para o perigo. Se já não bastasse o medo com ou sem luz do dia, movimentação ou paradeira de ruas e avenidas, períodos de chuva aumentam ainda mais o temor nos pontos de ônibus. Enquanto alguns agradecem pela umidade, quem precisa esperar pelo transporte público diz que o cenário é triste.

Olívia Martins, de 53 anos, aguardando o ônibus da linha 070. (Foto: Paulo Francis)
Olívia Martins, de 53 anos, aguardando o ônibus da linha 070. (Foto: Paulo Francis)

Com água nos pés durante chuva na avenida Manoel da Costa Lima, Olívia Martins, de 53 anos, disse que havia perdido o ônibus, que deveria ter pego, por medo. “Tinha uns rapaz no ponto estranho, estava muito agitado. Fiquei esperando do outro lado da rua e acabei perdendo. É melhor perder o ônibus do que outra coisa”, explicou.

Sobre a preocupação enquanto aguardava pelo próximo 070, Olívia relatou que dias de chuva costumam ser os piores. Não pela água correndo, carros dando banho nos pedestres ou medo de gripe, mas pela solidão das ruas.

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Quando chove todo mundo fica em casa, até aqui que é mais movimentado fica mais vazio. É bem mais fácil para acontecer alguma coisa, mas não tem o que fazer, Olívia disse.

Também aguardando o mesmo ônibus, Rafael Pereira Villalba, de 23 anos, disse que se sente um pouco mais seguro na Manoel da Costa Lima. “Se você sai um pouco para essas ruas mais escuras já não tem coragem. Tem lugar que não tem condição mesmo, pior ainda no escuro igual agora”.

Sol não diminui problema - Enquanto aguardava em ponto de ônibus na Avenida dos Cafezais, região do Jardim Centro Oeste, ainda com luz do dia, a funcionária pública Patrícia Rocha, de 40 anos, relatou que só recorre ao transporte público em situações específicas.

Para Patrícia é preferível andar a pé do que de ônibus, isso porque não confia em ficar parada por muito tempo em locais de espera. “Eu já fui assaltada em outra situação, então  fico esperta. Você só me encontrou aqui porque ainda está claro, se estivesse escuro eu não ia ter parado. Era para ser seguro, mas não é. Parece que o ponto de ônibus chama atenção”, disse.

Patrícia Rocha, de 40 anos, relatou que acha mais seguro andar a pé do que aguardar em ponto de ônibus. (Foto: Paulo Francis)
Patrícia Rocha, de 40 anos, relatou que acha mais seguro andar a pé do que aguardar em ponto de ônibus. (Foto: Paulo Francis)

Ainda de acordo com a funcionária pública, o critério básico e já conhecido é de se manter vigilante o tempo todo e contar com a movimentação da rua, “o lugar precisa ser pelo menos movimentado, mas se não estiver claro nem isso ajuda muito”, disse.

Mesmo com resquícios de sol na avenida Guaicurus, Danielly Farias, de 30 anos, relatou que mesmo com alta movimentação de veículos e boa iluminação na via continua tentando multiplicar os olhos para conseguir não deixar nenhum espaço sem guarda.

Ela contou que nunca sofreu com nenhum tipo de crime, mas apenas os relatos já servem para se atentar. “Dá mesmo mesmo que seja movimentado. Se fosse mais de noite e eu atrasasse no serviço, não iria esperar ônibus não. Ia pedir para alguém me levar para casa”, Danielly completa.

Danielly Farias, de 30 anos, disse que nem mesmo movimentação em avenida diminui o medo. (Foto: Paulo Francis)
Danielly Farias, de 30 anos, disse que nem mesmo movimentação em avenida diminui o medo. (Foto: Paulo Francis)

Medo justificado - Finalizando dezembro, um boletim de ocorrência chamou atenção com a narrativa de roubo em ponto de ônibus. Uma jovem, de 18 anos, relatou à polícia que estava na avenida Ernesto Geisel, em frente ao Shopping Norte Sul Plaza, por volta das 6h quando foi assaltada.

Tentando apelar para o bandido, ela explicou que estava indo trabalhar e recebeu como resposta do homem “estou fazendo o meu trabalho”. Mais recente, no dia oito deste mês, uma cozinheira de 43 anos foi esfaqueada no pescoço durante assalto.

Pescoço da vítima sangrou com o corte. (Foto: Arquivo Pessoal)
Pescoço da vítima sangrou com o corte. (Foto: Arquivo Pessoal)

Ela esperava por ônibus na Vila Aimoré, região sul da Capital, logo cedo para ir ao trabalho. Enquanto outra mulher, que também aguardava, conseguiu fugir de dois bandidos que apareceram, a cozinheira foi segurada por um dos homens e teve o pescoço cortado superficialmente.

Já na semana passada, uma jovem filmou um homem se masturbando em ponto de ônibus no Jardim Centenário. O caso ganhou repercussão após a influenciadora Mayra Cardi compartilhar o vídeo.


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