Em ponto de ônibus onde cozinheira foi esfaqueada, medo é rotina entre mulheres
Conforme moradores, na maioria das vezes, vítimas são mulheres; hoje, mulher sobreviveu a corte no pescoço
Sexta-feira, 8 de janeiro. Com o dia já claro, mas antes mesmo das 6h, moradora da Vila Aimoré, região sul de Campo Grande, aguarda a chegada do coletivo que a levaria para mais um dia de trabalho. Porém, assalto a mão armada mudou os planos da cozinheira, de 43 anos, que foi esfaqueada no pescoço e, por pouco, não perdeu a vida.
“Ela sentou, tinha uma moça que sempre pega ônibus com ela em pé, e logo viu dois rapazes se aproximando em uma moto vermelha. Quando pararam, a menina jogou a bolsa para o lado do muro e correu. Minha mãe levantou, mas um deles a segurou pelo braço e falou que ela não iria correr”, explica a filha da vítima, uma jovem de 21 anos.
O assalto aconteceu na Rua Raimundo Ferreira da Silva. Logo depois de segurar a vítima, o suspeito desferiu golpe de faca que feriu a cozinheira no pescoço. Felizmente, o corte foi superficial, mas o medo tomou conta da mulher e também de familiares.
“Por um acaso eu estava dormindo na casa dela, levantei rápido e levei ela para o posto. Graças a Deus foi superficial, mas assustamos porque saiu muito sangue”, revela a filha.
Na bolsa da vítima, além objetos pessoais, maquiagem, semijoias e relógio, R$ 1 mil reais. “Era o salário dela e parte do dinheiro seria usado para pagar o aluguel. O restante estava destinados para as contas gerais”, conta a jovem.
O ocorrido com a cozinheira deixou mulheres do bairro ainda mais assustadas. Como a ajudante de serviços gerais, Josilaine Pereira Mendes, de 37 anos. Era ela que estava com a mulher ferida no pescoço, durante o assalto na manhã de hoje.
"Ela estava sentada, daí eu fui chegando e vi ela lá. Quando demos conta, o ‘cara’ já estava bem em cima. Estavam em dois na moto e o de trás com faca na mão. Quando ele falou 'perdeu, perdeu', eu já peguei meu celular e fiquei com a mochila. Eu achei que por causa disso ele ia me atingir, mas ele foi nela”, contou.
Ainda segunda ela, na bolsa que carregava também estava o salário do mês. “Quando eu vi que ele foi nela, eu peguei e joguei minha mochila pelo muro. Ela foi atingida e eu saí correndo com medo. Depois eu voltei e ela já estava com o sangue escorrendo", explicou.
A situação vivida pelas duas já foi realidade para outras mulheres do bairro. “Acontece com muita frequência, principalmente de manhã, ou na madrugada. Na maioria das vezes as vítimas são mulheres. Eu mesmo já fui assaltada", revela a servidora pública Luzia Ferreira, de 49 anos.
Ainda segundo a moradora, entre uma história e outra em relação a assaltos, todas as vítimas afirmam que os suspeitos seguem quase sempre a mesma característica, andam em dupla e de moto.
Mas, também há quem diga já ter sido vítima de ladrões até mesmo de bicicleta. "Esses dias eu fui assaltada, antes no Natal. Eu estava na casa da minha irmã, sai para trabalhar por volta das 4h40, estava no ponto e fui assaltada por um ‘cara’ de bicicleta e com uma faca. Minha mãe já saia comigo pra ir ao ponto, agora sai todo dia", destaca Caroline Portilho de Souza, de 27 anos.
Segundo as mulheres entrevistadas, a sensação de insegurança fica ainda mais forte devido à falta de fiscalização, na região.
“Nunca a gente vê polícia aqui. De manhã nunca. Precisa de mais segurança", destaca Josilaine.
A reportagem entrou em contato com a Polícia Militar, por meio da assessoria de imprensa, para saber como tem sido o trabalho de fiscalização no bairro, assim como medidas que podem ser colocadas em prática para aumentar a segurança, na região, e aguarda retorno.