Em igreja lotada, família e amigos choram a perda de Karolina, morta a tiros
Karolina Silva Pereira foi assassinada a tiros, aos 22 anos, pelo ex inconformado com a separação
“Como não perturbar o vosso coração diante de tanta tristeza?". A pergunta ecoou na lotada igreja da comunidade São Lucas, da Paróquia Divino Espírito Santos, no Parque Residencial Iracy Coelho Netto. O questionamento também era feito por familiares e amigos que prestaram homenagens, hoje (7), a Karolina Silva Pereira que, aos 22 anos, foi morta a tiros na porta de casa, onde morava com a família, no Jardim Colibri 2, em Campo Grande.
Os familiares e amigos usavam camisetas com a foto da jovem. No verso, uma frase dizia que: “Karolina viveu com alegria, merece Justiça agora". A mensagem pedia ainda "#justiça por Karol e por todas as mulheres que forem vítima de violência" e "feminicídio nunca mais!”.
A jovem e o colega de trabalho Luan Roberto de Oliveira, de 24 anos, foram assassinados a tiros pelo ex-namorado de Karolina, Messias Cordeiro, de 25 anos, que não aceitava o fim do relacionamento. Luan morreu na hora na madrugada de domingo (30) e Karolina chegou a ser socorrida, mas teve a morte encefálica constatada na última na terça-feira (2).
Durante a palavra de conforto, o padre Douglas Giuliani Durigon mencionou também o nome de Luan e pediu oração para os familiares que sofrem a perda tão precoce dos dois jovens. Na mensagem, o padre citou uma passagem bíblica que fala sobre a fé, a tristeza e a confiança em Deus.
“Como não perturbar o vosso coração diante de tanta tristeza? A resposta é tendo fé em Deus. Essas palavras poderiam ser trocadas por 'confia em mim, confia em Deus'. A fé exige confiança para as coisas que a razão não consegue explicar. Porém, diante disso, é preciso confiar. Porque Deus é o Deus que nos dá confiança. É o Deus que faz justiça, é o Deus que pode dar o consolo que procuramos”, disse.
Ao lado do esposo, a mãe de Karolina, Patricia da Silva Leite, ainda não consegue acreditar no que aconteceu. Desde quarta-feira (3), quando a filha foi sepultada, ela vai todos os dias ao cemitério. “A gente está na missa do 7º dia, mas ainda assim não dá para acreditar. Estou vivendo um dia de cada vez. É muito difícil. A gente acredita em Deus, o que tem sido nosso apoio”, contou.
Segundo a mãe, Karolina frequentava a paróquia e por onde andava espalhava luz, conquistava amigos e gostava muito de viver. “O irmão dela, de 3 anos, tem ficado com a minha sogra. Ele sente muita falta dela. A gente não está conseguindo cuidar dele. Graças a Deus a família e os amigos estão nos ajudando nessa luta”.
O padrasto de Karol, o autônomo Luiz Henrique de Azamor Torres, lembrou que Karolina estava começando o percalço da vida adulta agora. “Lutando para ter as suas coisas”. Ela havia acabado de terminar o curso de técnico de enfermagem e juntava dinheiro para pagar o Coren (Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso do Sul).
“Ela queria ser enfermeira, trabalhar na área. Tínhamos planos também de ir para a praia juntas e para vários shows. Agora, tudo ficou só na conversa, nos planos. Isso dói muito”, destacou a amiga, Maísa Loren, de 26 anos. Maísa disse que ao ficar sabendo da morte da amiga, o seu chão desabou, não conseguiu trabalhar naquele dia, nem comer. “Até hoje não consigo dormir”, lamentou.
Messias, autor confesso do crime, ex-namorado de Karolina, se entregou, no domingo à noite, à polícia e permanece preso.