Em trecho de obra inacabada, comércio relata um acidente por semana
As obras do chamado "Corredor Sudoeste" estão paralisadas há cerca de um ano e meio, segundo lojistas
Por Idaicy Solano e Antonio Bispo | 31/10/2023 12:58
Blocos de concretos foram erguidos no meio da avenida, onde deveria ser construído o corredor dos ônibus (Foto: Alex Machado)
Obra que previa instalar corredores exclusivos para ônibus na Avenida Gunter Hans, no Bairro Tijuca, em Campo Grande, está abandonada e gera transtornos na região.
Nos trechos da Avenida Gunter Hans, entre as ruas Eduardo Contar e Túlio Alves Quito, e Avenida Marechal Deodoro, entre as ruas do Sul e Panambi Vera, deveriam ser instalados pontos de ônibus centrais, a exemplo dos corredores de ônibus na Rua Rui Barbosa.
Diferente da Rui Barbosa, a obra na região do Tijuca ainda não foi finalizada e não há prazos para a entrega. Enquanto isso, comerciantes assistem, pelo menos, um acidente por semana, causados pelos blocos de concreto deixados na avenida.
Toda semana tem acidente acontecendo aqui, principalmente envolvendo carros que querem atravessar a Gunter Hans”, relata Laís Brito, dona de um pet shop em frente a um dos pontos abandonados.
Laís conta que abriu o comércio há dois anos, época em que a obra estava no início. "Hoje em dia, não se vê nenhum tipo de máquina ou trabalhador por ali. Depois de um acidente, tamparam todos os buracos na avenida, mas com o canteiro, nada foi feito".
A empresária diz que a obra ainda atrapalha o fluxo de clientes, porque eles não podem mais estacionar na avenida. A solução é estacionar nas ruas laterais, mas como o local é muito movimentado, raramente há vagas. "Os clientes param bem longe e precisam vir andando, o que faz a gente perder muito".
Obra previa construção de pontos de ônibus centrais, iguais aos que foram construídos na Rui Barbosa, no centro de Campo Grande (Foto: Alex Machado)
A comerciante Zuleide de Paula Meneses, 53, avalia que é um incômodo "desnecessário", pois na avenida existem dois terminais na região, o Aero Rancho e Bandeirantes. “Se você olhar naquele ponto de ônibus ali, olha o tanto de gente que tem. Não tem tudo isso de gente para um novo terminal”.
Outra crítica à obra feita pela comerciante é de que o corredor inacabado fez com que diminuísse o número de faixas na avenida e acabasse com o estacionamento. Conforme explicou a comerciante, restaram duas faixas estreitas, e os condutores estacionam metade na calçada metade no asfalto, pois não tem sinalização que indique ser proibido. "É aí que o caos começa, porque os carros que vêm atrás e começaram a buzinar”.
Emanuelle observa a obra inacabada no centro da Avenida Gunter Hans (Foto: Henrique Kawaminami)
A ambulante Emanuelle Razek, 35 anos, vende pães em um dos pontos de ônibus da avenida e relata que o canteiro de obras atrapalha até as vendas dela, pois deixou o trânsito "bagunçado". Ela explica que os motoristas passam em alta velocidade, não respeitam a sinalização, e por isso "ninguém gosta de parar ali".
Diferente de Zuleide, ela acredita que tudo vai melhorar quando os trabalhos forem finalizados. "Eu teria um local mais estruturado para poder ficar. Esse ponto aqui só protege do sol, mas em dia de chuva, molha tudo. Nesse um ano que estou aqui, a única equipe que vi trabalhar ali foi a de limpeza".
Pessoas atravessam o canteiro onde obra está paralisada (Foto: Henrique Kawaminami)
"Corredor Sudoeste" - As obras do chamado "Corredor Sudoeste", paralisadas há cerca de um ano e meio, previam a drenagem e recapeamento do trecho da Avenida Gunter Hans.
A proposta do corredor de transporte público é melhorar o fluxo do trânsito, especificamente a partir do início da Rua Brilhante, passando pela Gunter Hans e finalizando na saída para Sidrolândia. No entanto, até o momento, só restam estruturas abandonadas no local.
Segundo a Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos), a empresa que venceu a licitação não teve interesse em prosseguir com a obra. O contrato, então, está em fase de rescisão. Com o acordo desfeito, terá que ser feita uma nova licitação. A secretaria não informou o prazo para a conclusão dos trâmites.
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