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Capital

Em um ano, acidentes provocados por condutores bêbados aumentam 65%

De janeiro a abril, foram registrados 194 autos de infração relacionados à embriaguez de motoristas. Muitos fogem do local sem prestar atendimento às vítimas.

Anahi Gurgel | 27/05/2017 11:45
Lata de cerveja jogada em movimentada via de Campo Grande. Número de acidentes envolvendo alcoolemia aumentou 65,7% em relação ao ano passado. (Foto: Marcos Ermínio).
Lata de cerveja jogada em movimentada via de Campo Grande. Número de acidentes envolvendo alcoolemia aumentou 65,7% em relação ao ano passado. (Foto: Marcos Ermínio).

Somente nos quatro primeiros meses de 2017 foram registrados em Campo Grande 76 acidentes de trânsito envolvendo motoristas alcoolizados. O número é 65,7% maior do que o verificado no mesmo período do ano passado, quando houve 50 ocorrências desse tipo.

De acordo com dados do Bptran (Batalhão de Trânsito de Mato Grosso do Sul), neste ano, foram lavrados 194 autos de infração relacionados à embriaguez dos motoristas, sendo que 41 se recusaram a fazer o teste do bafômetro e 111 foram encaminhados para delegacias – o que ocorre quando a quantidade de álcool supera 0,34 miligramas de álcool por litro de ar ou de 6 decigramas por litro de sangue.

Em 2016, de janeiro a abril, o total de autos de infração por alcoolemia foi de 141, sendo que 20 condutores se recusaram a fazer o teste do bafômetro e outros 81 foram detidos.

O levantamento revela um dado alarmante. Os motoristas só são “descobertos” depois que os acidentes acontecem, quando a polícia de trânsito é acionada e comprova a presença de álcool no sangue por meio do teste etilômetro.

“Os números podem ser ainda maiores, pois em muitos casos, especialmente quando há vítimas, os primeiros-socorros são feitos pelo Corpo de Bombeiros e somente depois a ocorrência chega ao nosso conhecimento e muitas nem não são classificadas como alcoolemia", explicou o comandante do batalhão, o tenente-coronel PM José Amorim Longatto.

Ele disse que, se no atendimento o médico perceber que há sinais de embriaguês, até pode incluir essa informação no relatório, mas se a vítima estiver desacordada, por exemplo, e for encaminhada para unidade de saúde antes da polícia de trânsito chegar ao local, esse dados podem ficar de fora das estatísticas", afirma.

Quanto à ingestão de álcool, cada organismo reage de uma maneira diferente, segundo Longuatto. "Muitas pessoas bebem o equivalente a 1 lata de cerveja e tem a mesma perda de reflexo do que outra que tomou 5 latas. Não há um padrão, por isso a lei deve ser rigorosa", disse. "Com isso, as pessoas abusam da velocidade, desrespeitam as regras e as mortes no trânsito continuam acontecendo", lamenta.

Em pleno movimento Maio Amarelo - que busca reduzir mortes no trânsito - as ocorrências com alcoolemia continuam acontecendo. No dia 7, por exemplo, um bebê de 8 meses morreu em acidente provocado por dois condutores embriagados, sendo um deles o próprio pai. Uma lata de cerveja vazia foi encontrada dentro do veículo. 

Punição - O condutor que recusar passar pelo bafômetro, ou qualquer exame que detecte a influência de álcool, fica sujeito à multa de R$ 2.934,70, com suspensão da carteira de habilitação por 12 meses e retenção do veículo.

A Lei Seca determina que o motorista que tiver nível igual ou superior a 0,3 miligramas de concentração de álcool por litro de ar deve ser encaminhado à delegacia.

Se o motorista recusar fazer o teste do bafômetro, o agente de trânsito pode comprovar a embriaguez por meio de testemunhas, vídeos e sintomas evidentes como hálito etílico, agressividade e sonolência. 

"Como a legislação está mais rigorosa, é comum os motoristas embriagados não acionarem as autoridades para comunicar a ocorrência. Em apenas 4 meses, mais de 70 condutores embriagados que provocaram acidentes abandonaram o local sem prestar atendimento às vítimas", alerta.

Todas as semanas, segundo Longatto, são realizadas blitzes nos pontos onde há maior ocorrência de acidentes.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o Brasil é o quarto país do mundo com o maior número de mortes em acidentes de trânsito por ano. O país tenta cumprir uma meta estipulada pela ONU (Organização das Nações Unidas), que é a redução em 50%, no período 2011-2020, de casos com morte em acidentes viários.

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