Empreiteira atrasa obra e prefeitura ameaça romper contrato do Belas Artes
Obras deveriam ser entregues em dezembro, mas, segundo secretário, estão atrasadas
A prefeitura de Campo Grande notificou pela terceira vez a empreiteira responsável pela retomada das obras do Centro de Belas Artes, prédio considerado “elefante branco” de obras inacabadas. A Orkan Construtora, de Sidrolândia, deveria concluir os trabalhos até dezembro deste ano.
A informação foi divulgada inicialmente pelo vereador Ronilço Guerreiro, que é presidente da Comissão Permanente de Cultura do Município. Após contato com o titular da Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos), Rudi Fiorese, o vereador afirmou que foi informado que o contrato pode ser desfeito.
“Falei com o Rudi e ele me disse que a empresa que ganhou a licitação não está correspondendo. Um absurdo novamente, estive lá na sexta-feira (10) e me incomodou ver a lentidão do trabalho e agora tudo faz sentido com esse anúncio que o contrato será desfeito”, afirmou Guerreiro.
Ainda segundo o vereador, o secretário afirmou que a empresa que ficou em segundo lugar no processo de licitação pode ser chamada para assumir a obra que fica na Avenida Ernesto Geisel com a Rua Plutão, no bairro Cabreúva.
Fiorese explicou ao Campo Grande News que a empresa tem até a próxima semana para responder aos questionamentos do município. “Estão atrasando o cronograma e vamos seguir os procedimentos legais. Notificamos pela terceira vez, e se não se adequarem, vamos partir para a rescisão e convocar a segunda colocada”, destacou.
Construtora - Também entramos em contato com a Orkan Construtora. Por telefone, o responsável pela empresa atendeu nossa ligação, mas encerrou o contato após ser informado sobre o motivo da ligação. Enviamos ainda uma mensagem para a empresa, que não respondeu.
Licitação - A licitação vencida pela Orkan Construtora foi no valor de R$ 4.090.301,56 para para desobstrução da canalização de água e esgoto e intervenções no subsolo onde, em princípio, poderá funcionar o Arquivo Histórico Municipal, com espaço para o acervo do arquivo municipal e biblioteca.
O projeto ainda previa adequações no primeiro andar para que o espaço possa abrigar a Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo), com salas de dança, duas salas de multiuso, com até 650 lugares, e auditório com 124 lugares. O montante seria destinado à intervenção de 28% de toda a área da estrutura, que tem 16 mil metros quadrados.
Histórico do prédio - A construção do prédio, partindo “do zero”, foi iniciada em 1991 pelo governo de Mato Grosso do Sul e originalmente abrigaria o novo terminal rodoviário da Capital. Após três anos, a execução estacionou.
Em 2006, na gestão municipal de André Puccinelli (PMDB), a prefeitura recebeu a obra e decidiu que seria o Centro Municipal de Belas Artes. Para essa nova fase o projeto seria executado por partes - a primeira foi em 2008, a partir de contrato de mais de R$ 6 milhões com a Mark Engenharia.
Em 2013, com 80% executado, a empreiteira não concluiu por conta de atraso nos pagamentos das medições realizadas e a gestão Alcides Bernal (PP) paralisou a obra. A empresa recorreu ao Poder Judiciário para que os pagamentos fossem feitos.
Em 2017, a primeira gestão de Trad acordou com o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), para continuar a construção. Nova licitação foi realizada em 2019 e em 2020, a empresa foi contratada.
Em maio de 2020, a Justiça suspendeu a obra ao descobrir que o município ainda devia à empresa que começou a execução. Então, a empresa licitada desistiu do contrato em função de defasagem dos valores, que ficaram mais caros. Após meses de indefinição, uma nova licitação foi lançada em outubro de 2021, resultando na classificação da Orkan, que assumiu o projeto em fevereiro deste ano.