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Capital

Entre erros e acertos, trânsito nos corredores de ônibus é desordenado

Ricardo Campos Jr. | 28/03/2015 09:15
Corredores de ônibus não são novidade, mas regras de circulação nesses locais causam dúvidas (Foto: Marcelo Calazans)
Corredores de ônibus não são novidade, mas regras de circulação nesses locais causam dúvidas (Foto: Marcelo Calazans)

Nas poucas vias de Campo Grande que já contam com corredores de ônibus, motoristas dirigem pelo instinto. Entre erros e acertos, condutores questionam se a cidade está preparada para ampliação desse sistema de transporte público, enquanto especialista e autoridades afirmam que, dado o crescimento da cidade, é preciso se acostumar com essas mudanças.

Poucos minutos na avenida Duque de Caxias, por exemplo, são suficientes para observar pessoas dirigindo deliberadamente nos espaços destinados aos coletivos.

Já no Centro, onde esse tipo de intervenção é antiga, há confusão perto das esquinas. Alguns condutores fazem “curvas abertas” com medo de invadir o espaço dos ônibus, enquanto o Código de Trânsito Brasileiro permite acessar as faixas exclusivas antes de conversões.

Ao ser questionado sobre esse tipo de situação, o vendedor autônomo Cláudio Roberto de Oliveira, 45 anos, assume um erro que, na verdade, não cometeu. “Eu entro na faixa do ônibus, sei que não é certo, mas se eu não fizer isso, não consigo fazer a curva”, diz. Ele fica surpreso ao saber que não há irregularidade na manobra. “Pode? Melhor ainda, não sabia”, diz. 

Cláudio achava que entrar no corredor de ônibus para fazer conversão era errado (Foto: Marcelo Calazans)
Cláudio achava que entrar no corredor de ônibus para fazer conversão era errado (Foto: Marcelo Calazans)

O auxiliar técnico Jair Oliveira, 32 anos, também se surpreendeu ao saber que é permitido entrar momentaneamente nos corredores do transporte coletivo. “Acho que as pessoas não estão preparadas. Elas fazem do jeito delas. Acho que tinha que ter orientação para os motoristas”, opina.

Já o policial civil Eduardo Junior, 28 anos, garante conhecer as regras e diz que já provocou acidente ao fazer uma conversão aberta. “O trânsito não tem ‘eu acho’. Ou está certo, ou está errado”, relata. Segundo ele, mesmo sendo claras as normas, é preciso ações de educação para o trânsito antes de implantar projeto de aumento dos corredores de coletivos.

Como é? – Os corredores de ônibus são marcados por duas faixas contínuas e placas alertando sobre a proibição de circulação de veículos de passeio. Na Duque de Caxias, é permitido também o acesso de táxis e ambulâncias.

A lei permite que os motoristas entrem nesses locais para entrar em imóveis ou quando é necessário fazer curvas, respeitando a preferência dos coletivos.

O arquiteto e urbanista especialista em trânsito Fayez Rizk explicou ao Campo Grande News que existe uma diferença entre faixas preferenciais e exclusivas. Segundo ele, quando existe planejamento, são colocados tipos diferentes de sinalizações horizontais.

Não é permitido entrar nos corredores ao longo da faixa contínua. Perto de esquinas, estacionamentos de empresas, imóveis e outros pontos, são pintadas faixas tracejadas, indicando que a partir daquele ponto é possível cruzar ou acessar a área, tendo preferência os veículos urbanos.

Faixa tracejada indica que é permitido entrar nos corredores exclusivos
Faixa tracejada indica que é permitido entrar nos corredores exclusivos

Para ele, não há desculpas. A regra está no código de trânsito e todo motorista, em tese, deveria aprendê-la ao tirar carteira de habilitação. “Uma cidade com 700 mil habitantes tem que estar preparada. O município cresceu”, diz.

“Hoje já falhas na sinalização que são pontuais. Quando você tem uma sinalização perfeita, como vai ocorrer daqui a pouco com a implantação dos corredores que estão sendo projetados, aí a situação muda”, opina. A ideia, conforme o especialista, é não só reorganizar o horário dos ônibus para que não passem todos de uma vez pelos corredores, mas também instalar semáforos exclusivos para eles, como já existiu no Centro de Campo Grande há algum tempo.

Autoridades – O coronel Renato Tolentino Alves, comandante do BPTran (Batalhão de Polícia de Trânsito) diz que na Rui Barbosa, um dos mais antigos corredores de ônibus de Campo Grande, o trânsito ainda é complicado nos horários de pico. Assim, os condutores trafegam pela faixa exclusiva na tentativa de fugir dos pontos de entrave.

“Nós temos uma preocupação muito grande com a via pelo fluxo de veículos que ela apresenta. Ela é muito carregada em alguns horários. O condutor acaba ocupando o local que não deveria”, afirma.

Segundo ele, na Duque de Caxias, por ser mais larga e com trânsito mais rápido, os motoristas conseguem fazer conversões com mais tranquilidade. “Eu acredito que o trânsito é uma questão de educação no sentido de aprender as regras e se adaptarem na cidade. Os condutores estão adaptados. A cidade é muito dinâmica, ela vai mudando”, opina.

O chefe de serviços do setor de fiscalização da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), Samuel Paiva, lembra que os motoristas flagrados em locais proibidos para circulação de carros de passeio nos corredores de ônibus estão sujeitos a multa de R$ 53,20 mais três pontos na carteira de habilitação, tendo em vista que é uma infração leve.

Sobre o problema relacionado às faixas exclusivas, ele diz que “podem ser pessoas que não tiveram, de alguma forma, na formação, algum tipo de prática nesses locais”. Ainda assim não haveria justificativas para evitar a penalidade, pois a regra está no código de trânsito. Um pouco de atenção, educação e bom senso fazem bem.

Entre erros e acertos, trânsito nos corredores de ônibus é desordenado
Para conversões em locais onde há corredores de ônibus, o motorista deve sinalizar a manobra e acessar o corredor exclusivo apenas para fazer a curva. A preferência é do transporte coletivo. Transitar na faixa especial sem necessidade de conversão é infração de trânsito (Arte: Fernando Ricardo Ientzsch)
Para conversões em locais onde há corredores de ônibus, o motorista deve sinalizar a manobra e acessar o corredor exclusivo apenas para fazer a curva. A preferência é do transporte coletivo. Transitar na faixa especial sem necessidade de conversão é infração de trânsito (Arte: Fernando Ricardo Ientzsch)
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