Escola é investigada depois de menino de 5 anos desaparecer no 1º dia de aula
Colégio afirma que episódio foi caso isolado e que demitiu funcionária que deixou criança sair
A Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) abriu inquérito por abandono de incapaz contra a Escola Infantil SuperAção, no Bairro Coophavila II. Na terça-feira (8), um aluno de 5 anos desapareceu do colégio e foi encontrado a cerca de 2 quilômetros de distância do local, tentando atravessar uma avenida movimentada.
“É um sentimento de revolta muito grande, porque uma hora dessa eu poderia estar enterrando meu filho. Deixei ele e fui para o serviço confiando que ele estava na escola, quando, na verdade, ele estava andando por aí sozinho”, desabafa a mãe do menino, Juliana de Oliveira dos Santos, de 31 anos.
Segundo a babá, no dia em que tudo aconteceu, ela e o marido deixaram o filho na unidade por volta das 10h. Eles voltaram ao local pouco antes das 17h e logo na recepção, estranharam a demora dos funcionários em levar o garoto até eles. “As outras mães iam levando seus filhos embora e nós ficávamos lá. Várias funcionárias iam até lá, nos olhavam e não falavam nada”, explica.
Depois de algum tempo, com a mãe já agoniada, uma professora chamou Juliana e o pai para que entrassem e ajudassem a procurar o menino, que não tinha sido encontrado. “Enquanto a gente procurava em todo lugar, uma delas chegou a perguntar se meu marido não tinha se confundido e deixado ele em outra escola. Depois, falou que minha mãe poderia ter levado meu filho, sendo que as únicas pessoas que estavam autorizadas a buscá-lo eram eu e meu marido”, completa.
Desesperada, a mãe montou mutirão de pessoas para procurar pela criança. Sem notícias, foi até a delegacia para registrar o desaparecimento. “Quando eu estava na delegacia, recebi uma ligação dizendo que tinham encontrado ele. Meu filho estava cansado, com sede, a uma distância de 17 quadras da escola”, relata.
No setor psicossocial da delegacia, o menino confirmou que saiu depois de uma funcionária abrir o portão para que ele passasse. “Ele disse que queria ir embora para casa e foi, sem ninguém impedir. Foi encontrado em uma avenida movimentada, a ponto de ser atropelado”, afirma
Depois do susto, Juliana disse que tirou o filho da escola e aguarda a conclusão da investigação aberta pela polícia. “Ele nunca mais pisa os pés lá”, conclui.
O Campo Grande News entrou em contato com o Centro Educacional Superação, que informou que a criança saiu junto com colegas do mesmo nome, sem que a funcionária da escola percebesse. Disse que a funcionária responsável pela liberação foi demitida no mesmo dia e que ontem, contratou um segurança para trabalhar na unidade.
“A escola notou que o garoto havia saído, quando a mãe chegou no local e, desde então, colocou todos os funcionários para procurar a criança a pé, de carro, de bicicleta. A busca durou em torno de 40 minutos, período em que a família foi acompanhada pela direção e pela advogada da escola”.
Além disso, a unidade afirmou que o episódio foi um fato isolado. “Nunca havia acontecido em 20 anos que existe na região. A escola sempre zelou pela segurança dos seus alunos e está revendo os procedimentos de segurança depois do ocorrido”.
A delegada Fernanda Félix, responsável pelo caso, informou que inquérito vai apurar o sumiço do garoto e, se for o caso, responsabilizar eventuais autores. "Os responsáveis, funcionários, professores e diretor da escola serão intimados para prestar declarações e explicar a negligência", declarou.