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Capital

Espalhado pelos bairros, lixo vira criadouro de mosquito da dengue

Paula Vitorino | 14/02/2012 17:03

Análise do Ministério da Saúde revela que o lixo é responsável por concentrar a maior presença de mosquito da dengue na região Centro-Oeste

Terreno às margens do córrego Lagoa com lixo causa medo em moradores.
Terreno às margens do córrego Lagoa com lixo causa medo em moradores.
Lixo em terreno na Joaquim Dornelas. (Foto: Paula Vitorino)
Lixo em terreno na Joaquim Dornelas. (Foto: Paula Vitorino)

Basta um terreno abandonado e aberto para moradores fazerem o local de “lixão” particular. Mas quem sofre com o problema são os vizinhos das áreas abandonadas, que são obrigados a conviver diariamente com os riscos à sua saúde e segurança.

Análise do Ministério da Saúde, divulgada ontem, revela que o lixo é responsável por concentrar a maior presença de mosquito da dengue na região Centro-Oeste.

“É muito mosquito por aqui, fora que a rua fica feia e oferece risco à segurança também”, diz o pintor Gleisson Souza, de 27 anos.

Ele e os moradores do bairro Caiçara também sofrem com terrenos abandonados que são utilizados como depósito de lixo. Na rua dos Marimbas, uma área de esquina acumula grande quantidade de lixo, que invade até a rua e atrapalha a passagem de carros.

“Jogam de tudo aí, principalmente, animais mortos, resto de entulhos e galhos”, diz o mestre de obras Dilson da Silva, de 50 anos.

Na rua Joaquim Dornelas o problema um terreno também serve de acumulo para lixo e até cavalos são deixados na área, na tentativa de “acabar” com o matagal.

“Às vezes deixam esses cavalos aí, acho que é pra ver se acaba com o mato. Direto jogam lixo, às limpam, mas o povo joga de novo”, diz a doméstica Claudia Llanjos, de 43 anos.

A reportagem do Campo Grande News também já mostrou o problema do “lixão” improvisado na Vila Nasser, que há anos é um transtornos para os vizinhos.

Rua dos Marimbas tomada por lixo.
Rua dos Marimbas tomada por lixo.

Educação - O morador do Caiçara, Dilson, conta que falta bom senso dos proprietários dos terrenos e da população. Ele conta que outra área abandonada na rua dos Marimbas, em frente ao terreno com lixo, também era usada como “lixão”, mas o proprietário resolveu o problema colocando uma cerca ao redor.

“Falta o dono cerca a área, porque deixa tudo aberto aí a pessoa por comodismo joga o lixo no local. Duas cerquinhas ao redor já resolvem, um exemplo é o terreno da frente que ninguém mais jogou nada”, frisa.

A área, segundo os moradores, pertence a uma construtora, que tem uma obra inacabada próximo ao local. A reportagem não conseguiu contato com os responsáveis.

A poucas quadras do local, o terreno que fica às margens do córrego Lagoa também serve de lixeira. “Se entra nesse mato aí acha de tudo, tem o mobiliário de uma casa inteira. Fora os entulhos e animais mortos”, diz o motorista João Donizete, de 35 anos.

Já o vizinho João Edson Gomes, de 55 anos, afirma que a quantidade de mosquitos e animais é enorme. Ele conta que já encontrou 14 escorpiões e 2 cobras dentro de casa. Para tentar se proteger dos animais, ele colocou duas galinhas no quintal de casa.

“Parece uma coisa boba, mas foi o jeito que encontrei para tentar acabar um pouco com os bichos”, diz.

Ele reclama que o problema no local é antigo e já foi divulgado pela imprensa, além de ser denunciado à Prefeitura, mas que nenhuma medida para resolver o problema foi tomada.

De acordo com a assessoria da Prefeitura a área foi limpa há menos de um mês, mas moradores continuam jogando lixo no local.

Perigo - Fora os riscos à saúde, os moradores da região afirmam que a área serve de esconderijo para bandidos e de ponto de uso de drogas.

“A gente tem medo de sair à noite, não sabe quem está escondido aí, se tem alguém vigiando”, diz João.

Ainda segundo os moradores, o local é utilizado como esconderijo para diversos produtos roubados.

Obrigação - De acordo com a Prefeitura de Campo Grande, do dia 1º de janeiro até o dia 14 de fevereiro, 2.749 proprietários de terrenos foram notificados. Em 2011 foram aproximadamente 21 mil notificações.

Segundo a legislação municipal, a responsabilidade pela limpeza e conservação de terrenos particulares compete ao proprietário.

A legislação estabelece que os proprietários dos imóveis são responsáveis, ainda, pela construção de calçadas e por mantê-las em perfeito estado de conservação. Os terrenos devem ser mantidos limpos, capinados, drenados e calçados.

O proprietário que descumprir a exigência pode ser notificado, recebendo o prazo de 30 dias para regularizar a situação. Se mesmo assim o terreno não for limpo, o proprietário pode receber multa que varia de R$ 1.542 a R$ 6.170 mil.

A população pode denunciar para a Prefeitura Municipal terrenos que estejam abandonados por meio do telefone: 3314-3151.

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