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Capital

Esposa de ferido por fuzil alertou sobre movimentação antes de atentado

Homem foi perseguido ao sair de presídio e atingido por tiros de fuzil; polícia procura autores

Dayene Paz | 12/08/2022 10:36
Policiais do Choque na Avenida Gunter Hans, onde houve perseguição. (Foto: Henrique Kawaminami)
Policiais do Choque na Avenida Gunter Hans, onde houve perseguição. (Foto: Henrique Kawaminami)

A esposa do presidiário Sérgio Luiz Nunes da Silva, de 42 anos, atingido por tiros de fuzil na manhã desta quinta-feira (11) ao sair do Centro Penal Agroindustrial da Gameleira, em Campo Grande, afirmou que percebeu uma movimentação estranha ao buscar o marido no presídio e ainda tentou avisá-lo, mas ele afirmou que era "paranoia" dela. Sérgio já recebeu alta da Santa Casa e deve ser ouvido nos próximos dias pela polícia. Os atiradores ainda não foram encontrados.

A esteticista, de 43 anos, contou que está casada com Sérgio há dois anos, sendo que neste período é a segunda vez que ele conseguiu o direito de passar sete dias em casa. Nas duas ocasiões, foi ela que buscou Sérgio na Gameleira com o veículo Ford Ka, pertencente a esteticista. O veículo está regular e ela esclareceu que comprou de um morador de Aquidauana, mas ainda não fez a transferência.

Nesta quinta-feira, a mulher contou à polícia que chegou as 7h20 na Gameleira e de imediato já observou movimentação estranha. Segundo ela, um veiculo Gol de cor escura estava a alguns metros de onde ela estacionou o Ford Ka, com os vidros parcialmente abertos. No momento em que o Gol passou por ela, os ocupantes fecharam completamente os vidros. Em seguida, parou distante cerca de 500 metros do Ka.

A mulher continuou aguardando o esposo e no momento em que viu ele saindo da unidade penal fez gestos para que retornasse, mas Sérgio continuou, entrou no Ka e assumiu a direção. A mulher contou o que a afligia e Sérgio teria respondido que era paranoia dela.

Cerca de 30 segundos ao deixar a Gameleira, a esteticista percebeu que o Gol seguiu na mesma direção do casal, mas acabou perdendo o veículo de vista. Ao passarem pela rotatória, entrando na BR, Sérgio disse à mulher que estavam sendo perseguidos por uma motocicleta.

Ela então olhou pelo retrovisor e viu duas pessoas em uma moto escura, sendo que o passageiro estava com uma arma longa e começou a disparar contra o veículo. Segundo a mulher, foram vários disparos, mas com sons diferentes, o que confirma que os atiradores estavam com um fuzil e uma pistola 9mm.

Eles seguiriam até Aquidauana, cidade onde o homem tem familiares. O casal estava, inclusive, com o carro lotado de materiais de camping. Contudo, após os tiros, Sérgio fugiu em alta velocidade e, já atingido por tiros, acessou a Avenida Gunter Hans, para tentar escapar.

A esposa contou que ficou abaixada perto do painel e em determinado momento Sérgio disse "eles caíram da moto". A mulher então pegou o celular e procurou o endereço da delegacia mais próxima, encontrando o da 6ª DP, na Avenida Souto Maior, onde procuraram ajuda.

Durante a perseguição, outra mulher, de 38 anos, que passava na rua foi ferida no braço por bala perdida. Ela foi levada para o Hospital Regional, no Aero Rancho. Questionada se percebeu alguém ferido na rua pelos tiros, a esteticista disse que não viu.

As investigações estão sob responsabilidade da 5ª Delegacia de Polícia. Ao revelar que Luis já recebeu alta, o delegado Rodolfo Daltro explicou que irá entrar em contato com o advogado dele, para marcar o depoimento. "Ele estava de saída da Gameleira e tem data para voltar, não sabemos se o advogado vai peticionar ao juiz pedindo transferência".

Daltro ainda explica que mesmo feridos no acidente que sofreram, os suspeitos não procuraram socorro. "Agora trabalhamos para saber a motivação e autoria, não tem uma linha de investigação especifica, há várias linhas", ponderou.

A polícia também conta com o apoio de câmeras de segurança que flagraram a perseguição e que irão ajudar, além de identificar os atiradores, a "entender a logística do crime". Cerca de 10 comércios já disponibilizaram imagens.

Ameaças - Sérgio já havia pedido transferência da Gameleira para presídio em Aquidauana, a 141 quilômetros da Capital. A defesa alegava que ele estava sob ameaça de morte do PCC (Primeiro Comando da Capital). O pedido foi feito em junho deste ano pelo advogado Samuel Fermow, levando em conta que o preso tem parentes em Aquidauana, mas foi negado pela Justiça.

Em sua justificativa, a VEP (Vara de Execução Penal), levou em consideração a periculosidade do detento: Sérgio Luiz foi condenado em quatro processos por roubo, tráfico de drogas, associação criminosa e posse ilegal de uso de arma de fogo. Somadas, as penas chegam a 39 anos, 7 meses e 25 dias. Do total, falta cumprir aproximadamente 22 anos e 10 meses das condenações e, desde maio de 2021, havia sido beneficiado com o regime semiaberto.

Em um dos despachos, o juiz Luiz Felipe Medeiros Vilela, da 2ª VEP de Campo Grande, considerou a superlotação do sistema carcerário, que inclui os estabelecimentos de Aquidauana, com menor efetivo policial, sendo necessário resguardar a população do município.

Perícia - Após a perseguição de ontem, foi realizada perícia em todo o trajeto percorrido pela vítima e atiradores. Em alguns trechos da Gunter Hans, a polícia localizou estojo deflagrado de fuzil 556 e próximo ao Coophavila, de 9mm.

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