Estudantes do IFMS fazem protesto contra discurso de ódio e ameaça de morte
Munidos de cartazes, alunos ainda pedem mais segurança no campus, no Bairro Santo Antônio
Pelo menos 100 estudantes do IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul) participaram de protesto no campus, no Bairro Santo Antônio, pedindo providências sobre o caso de racismo e ameaças de morte feitas por aluno de 18 anos.
Com o lema “Justiça, Segurança e Respeito”, parte do grupo, cerca de 20 jovens, usava cartazes com os dizeres “Discurso de ódio não”, “Nazistas e fascistas não passarão” e outras palavras de ordem.
O estopim da manifestação foi o caso envolvendo José Evaristo Diel Freitas, 18 anos, por ter espalhado discurso de ódio e medo entre os alunos. Dizia que o “IF era local propício para massacre” e tinha lista de pessoas que mataria, entre eles, dois estudantes negros e um terceiro que seria torturado. O boletim de ocorrência por ameaça e injúria racial foi registrado por mães das vítimas em 28 de fevereiro.
O protesto foi realizado durante o intervalo, para chamar atenção do maior número possível de alunos e durou cerca de 20 minutos. A manifestação teve apoio da Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) e UJS (União da Juventude Socialista).
Com microfone, Maria Macedo, 16 anos, chamava atenção de quem passava, falando sobre o caso de racismo e outras reivindicações: o de segurança dentro do campus, pela falta de crachás, e instalação de lanchonete dentro do prédio para atender os alunos.
“Quando foi feita a denúncia, não se fez acompanhamento do caso, disseram à imprensa que iriam averiguar, mas isso não aconteceu”, disse Maria.
A estudante Paloma Gregório, 18 anos, chegou hoje mais cedo para estudar para prova que terá à tarde, mas resolveu participar do protesto ao ver a movimentação. “Soube de um amigo que quando ele falou aquelas coisas, estava brincando, mas, mesmo que seja brincadeira, pode ofender e pode machucar alguém”.
Vinícius Campos, 15 anos, soube do caso pela mãe, que mostrou as reportagens veiculadas. “Fiquei preocupado e curioso”, disse. Lembrou que o episódio foi abordado em sala de aula por professor, que discutiu o assunto. “Graças a Deus, o aluno foi afastado, sou totalmente contra o racismo.”
Durante a manifestação o diretor-geral do Campus Campo Grande do IFMS, Dejahyr Lopes Junior, conversou com os estudantes. Reforçou que o aluno foi afastado do IFMS, sendo proibido de entrar no campus e que as medidas de segurança estão sendo tomadas.
Hoje de manhã, o pai do estudante José Evaristo de Freitas disse ao Campo Grande News que o IFMS os orientou a afastar o jovem por conta da situação. A família preferiu que ele saísse em definitivo do instituto.
A reportagem entrou em contato para falar das outras reivindicações e o Instituto afirma que possui refeitório com mobiliário novo disponibilizado aos estudantes e que a segurança no local é feita com um segurança armado e porteiros em todas as entradas.
A direção garante que "há previsão de aumento no efetivo, mas depende de disponibilidade orçamentária", e que a Polícia Militar faz rondas no entorno do campus, a pedido do próprio IFMS, como forma de "segurança dos estudantes e servidores", o que também foi solicitada ampliação.
A respeito de falta de distribuição de crachás à toda comunidade acadêmica, o IFMS não se posicionou.
(*) matéria editada às 11h37 para inclusão de respostas do IFMS.