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Capital

Estudantes do IFMS fazem protesto contra discurso de ódio e ameaça de morte

Munidos de cartazes, alunos ainda pedem mais segurança no campus, no Bairro Santo Antônio

Silvia Frias e Guilherme Correia | 17/03/2022 10:42
Protesto de estudantes do IFMS após caso de racismo e fascismo. (Foto: Guilherme Correia)
Protesto de estudantes do IFMS após caso de racismo e fascismo. (Foto: Guilherme Correia)

Pelo menos 100 estudantes do IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul) participaram de protesto no campus, no Bairro Santo Antônio, pedindo providências sobre o caso de racismo e ameaças de morte feitas por aluno de 18 anos.

Com o lema “Justiça, Segurança e Respeito”, parte do grupo, cerca de 20 jovens, usava cartazes com os dizeres “Discurso de ódio não”, “Nazistas e fascistas não passarão” e outras palavras de ordem.

O estopim da manifestação foi o caso envolvendo José Evaristo Diel Freitas, 18 anos, por ter espalhado discurso de ódio e medo entre os alunos. Dizia que o “IF era local propício para massacre” e tinha lista de pessoas que mataria, entre eles, dois estudantes negros e um terceiro que seria torturado. O boletim de ocorrência por ameaça e injúria racial foi registrado por mães das vítimas em 28 de fevereiro.

Manifestação realizada esta manhã. (Foto: Guilherme Correia)
Manifestação realizada esta manhã. (Foto: Guilherme Correia)

O protesto foi realizado durante o intervalo, para chamar atenção do maior número possível de alunos e durou cerca de 20 minutos. A manifestação teve apoio da Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) e UJS (União da Juventude Socialista).

Com microfone, Maria Macedo, 16 anos, chamava atenção de quem passava, falando sobre o caso de racismo e outras reivindicações: o de segurança dentro do campus, pela falta de crachás, e instalação de lanchonete dentro do prédio para atender os alunos.

“Quando foi feita a denúncia, não se fez acompanhamento do caso, disseram à imprensa que iriam averiguar, mas isso não aconteceu”, disse Maria.

A estudante Paloma Gregório, 18 anos, chegou hoje mais cedo para estudar para prova que terá à tarde, mas resolveu participar do protesto ao ver a movimentação. “Soube de um amigo que quando ele falou aquelas coisas, estava brincando, mas, mesmo que seja brincadeira, pode ofender e pode machucar alguém”.

Maria participou da manifestação hoje. (Foto: Guilherme Correia)
Maria participou da manifestação hoje. (Foto: Guilherme Correia)

Vinícius Campos, 15 anos, soube do caso pela mãe, que mostrou as reportagens veiculadas. “Fiquei preocupado e curioso”, disse. Lembrou que o episódio foi abordado em sala de aula por professor, que discutiu o assunto. “Graças a Deus, o aluno foi afastado, sou totalmente contra o racismo.”

Durante a manifestação o diretor-geral do Campus Campo Grande do IFMS, Dejahyr Lopes Junior, conversou com os estudantes. Reforçou que o aluno foi afastado do IFMS, sendo proibido de entrar no campus e que as medidas de segurança estão sendo tomadas.

Hoje de manhã, o pai do estudante José Evaristo de Freitas disse ao Campo Grande News que o IFMS os orientou a afastar o jovem por conta da situação. A família preferiu que ele saísse em definitivo do instituto.

A reportagem entrou em contato para falar das outras reivindicações e o Instituto afirma que possui refeitório com mobiliário novo disponibilizado aos estudantes e que a segurança no local é feita com um segurança armado e porteiros em todas as entradas.

A direção garante que "há previsão de aumento no efetivo, mas depende de disponibilidade orçamentária", e que a Polícia Militar faz rondas no entorno do campus, a pedido do próprio IFMS, como forma de "segurança dos estudantes e servidores", o que também foi solicitada ampliação.

A respeito de falta de distribuição de crachás à toda comunidade acadêmica, o IFMS não se posicionou.

(*) matéria editada às 11h37 para inclusão de respostas do IFMS. 

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