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Capital

Estudantes e autoridades traçam propostas para reduzir violência escolar

Luciana Brazil | 21/10/2013 12:11

Cerca de 200 alunos do ensino médio da escola estadual Teotônio Vilela, em Campo Grande, participaram na manhã de hoje (21), na Assembleia Legislativa, de uma audiência pública que discutiu a violência nas escolas.

O tema reuniu autoridades e representantes de órgãos competentes na segurança escolar como a Polícia Militar (PM), o Bptran (Batalhão de Policiamento de Trânsito), o MPE (Ministério Público Estadual), entre outras entidades.

A intenção é traçar propostas que ajudem a minimizar os índices de violência. O proponente da ação, o deputado Cabo Almi (PT), sugeriu a criação de uma Companhia de Policiamento Escolar, que segundo ele, poderia diminuir os os casos de agressão entre estudantes.

Porém, para tornar viável a companhia, o efetivo e o número de viaturas da PM deveriam ser ampliados, segundo o deputado. “Outra medida seria dar aos agentes patrimoniais a função de auxiliar na segurança em torno das escolas”, frisou.

Já o policiamento permanente seria inviável na atual situação, conforme Cabo Almi. Mas ele defende a fiscalização nos horários de entrada e saída dos alunos. “Esse policiamento poderia ser feito nos horários de pico”.

A estudante Isabella Cristina Fernandes de Souza, 17 anos, conta que no ambiente escolar a opção foi discutir abertamente entre os alunos as causas para tanta intransigência, o que motiva os casos de violência.

“Ninguém quer entender a necessidade do outro. A gente percebe muita divergência de opiniões e muita intolerância. Discutimos essas situações porque é importante falar sobre isso”.

Há 16 anos trabalhando com o ensino, o professor da escola Teotônio Vilela Francisco Moura, 43 anos, diz que hoje é impossível se limitar a apenas ensinar o conteúdo.

“Temos que adotar uma nova metodologia, nova didática. É muito importante trabalhar a afetividade dos alunos. Só conteúdo não dá certo. Além disso, é de extrema importância ouvi-los (alunos)”.

Ao fim da audiência, um documento será elaborado e encaminhado aos órgãos competentes envolvidos na segurança escolar.

Depois de casos como a morte da estudante Luana Vieira Gregório, 15 anos, morta a facadas durante uma briga em frente a uma escola estadual de Campo Grande, no dia 11 de setembro, a intenção da audiência é, justamente, traçar propostas para solucionar o problema.

Mesmo abrangendo bairros com histórico de violência, a escola Teotônio Vilela se mantém livre de episódios negativos entre os alunos, segundo a diretora Nicolassa Marina Maldonado.

“Desde 2009, quando assumi, temos trabalhado amplamente o respeito entre os estudantes. Já percebemos a atitude diferenciada deles. Para vir hoje à Assembleia, fizemos o convite aos alunos e trabalhamos com eles o tema em sala de aula. Nada foi imposto e eles se interessaram. Mas eu disse que não basta criticar, é preciso levar uma proposta de melhoria”, frisou Nicolassa.

A escola está localizada no bairro Universitária 2, na Cohab, mas segundo a diretora, atende moradores dos bairros Campo Nobre, Dom Antonio, Moreninhas, Colibri, entre outros.

“Precisamos de medidas urgentes para reverter este quadro. Em 10 anos, de acordo com o Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), houve um retrocesso na educação. Temos que reconhecer que erramos. As crianças estão brincando de matar e de fazer filhos. Para isso, precisamos nos posicionar e a orientação é respeito”, explicou o promotor da Infância, Adolescência e Juventude, Sergio Harfouche.

Ele criticou ainda as divergências da sociedade e do modelo cultural existente oferecido atualmente. “Hoje o dono de uma rinha de galo vai para cadeia, mas aquele que coloca no octógono dois homens se batendo, tirando sangue um do outro, é bacana e é transmitido pela televisão, e todo mundo acha ótimo. A formação da pessoa humana passa pela ética”, disse.

Também presente na audiência, a Secretária Adjunta de Educação, Sheila Cristina Vandrami, afirmou que o trabalho tem sido constantemente focado na prevenção. “A violência vem sendo discutida com frequência, mas é claro que quando acontece algum fato como esse tudo vem à tona”.

O presidente da Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul), Roberto Botareli, afirmou que existem seis mil funcionários nas escolas estaduais, mas a defasagem é de quatro mil profissionais.

Membro do Fórum Municipal Da Juventude, Walques Vargas afirmou durante a audiência que os estudantes são mais vítimas do que culpados. “Segundo o mapa da violência de 2011 e 2012,os estudantes são vítimas da violência na maioria das vezes”.

Ele frisou ainda que a escola é para maioria um “lugar chato”. “Precisamos debater como transformar esse ambiente em algo atrativo para os jovens”.

O deputado Rinaldo Modesto (PSDB) reforçou o estudo integral e disse que reduzir a maioridade penal “é um engano”. "Não vai adiantar".

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