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Capital

Ex-presidente da Seleta é investigado por manter irmão em cargo de vigia

Contratação de parentes, custeadas com dinheiro público, era comum em entidades consideradas ‘indústrias de fantasmas’, conforme MPE

Anahi Zurutuza | 12/01/2017 16:46
Agente do Gaeco entrando na Seleta, no dia 13 de dezembro, quando foi realizada busca e apreensão no local (Foto: Fernando Antunes/Arquivo)
Agente do Gaeco entrando na Seleta, no dia 13 de dezembro, quando foi realizada busca e apreensão no local (Foto: Fernando Antunes/Arquivo)

Alvo do MPE (Ministério Público Estadual) em investigações sobre lavagem de dinheiro, improbidade administrativa, peculato (desvio de dinheiro público), associação criminosa, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica, Gilbraz Marques, ex-presidente da Seleta Sociedade Caritativa e Humanitária, também é investigado por nepotismo. Nesta quinta-feira (22), o promotor Henrique Franco Cândia, instaurou inquérito civil para investigar a contratação do irmão do ex-dirigente.

A contratação de Gilberto Marques da Silva, 52, é investigada desde maio do ano passado, quando o MPE recebeu denúncia anônima.

O irmão de Gilbraz atua como vigia noturno na Seleta desde setembro de 2011 e para trabalhar em escala de 12 horas de trabalho por 36 horas de folga, ganha hoje salário de R$ 1.840,00, que acréscimos chega a R$ 2,1 mil.

Gilberto foi registrado com salário de R$ 811,51 e recebeu aumento anual, além de ganhar o adicional noturno.

Além dele, outras 11 pessoas são contratadas pela Seleta para fazer a segurança da sede da entidade, conforme informou a própria entidade ao MPE. Os ganhos dos vigilantes variam, de R$ 1,5 mil a R$ 2 mil.

O problema, conforme a denúncia, é que os contratados são pagos com dinheiro dos cofres da Prefeitura de Campo Grande.

Nepotismo – A contratação de parentes pelos dirigentes das duas entidades consideradas “indústrias de fantasma” pelo MPE foi um dos motivos que levou a Justiça a determinar que a prefeitura rompesse os convênios com a Seleta e a Omep (Organização Municipal para a Educação Pré-escolar) e demitisse cerca de 4 mil trabalhadores terceirizados para a administração municipal.

Conforme apurou o Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado), dirigentes trocavam “favores” para levar vantagem sobre os contratos das entidades com o município.

Além contratação “cruzada” dos presidentes da Omep e da Seleta, os filhos e outros parentes dos mesmos eram empregados, em alguns casos com mais de um cargo, na prefeitura, em empresas ou nas próprias instituições, sem contar a suspeita de que alguns dos familiares contratados fazem parte da lista de fantasmas.

Outro ex-dirigente da Seleta, Rubens Pereira, responde na Justiça por improbidade administrativa pela contratação da mulher dele na época em que presidiu a entidade. Conforme a denúncia, Rubens, que dirigiu a Seleta de 2011 a 2013, contratou em novembro de 2013 a esposa para exercer cargo na entidade, o que, segundo o Ministério Público, aconteceu em “contrariedade com as Constituições Federal e Estadual”.

A reportagem não conseguiu contato com Gilbraz, mas em ofício encaminhado ao MPE, o ex-presidente justificou que assumiu o comando da entidade em 2014, três anos depois da contratação do irmão.

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