Ex-presidente da Seleta é investigado por manter irmão em cargo de vigia
Contratação de parentes, custeadas com dinheiro público, era comum em entidades consideradas ‘indústrias de fantasmas’, conforme MPE
Alvo do MPE (Ministério Público Estadual) em investigações sobre lavagem de dinheiro, improbidade administrativa, peculato (desvio de dinheiro público), associação criminosa, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica, Gilbraz Marques, ex-presidente da Seleta Sociedade Caritativa e Humanitária, também é investigado por nepotismo. Nesta quinta-feira (22), o promotor Henrique Franco Cândia, instaurou inquérito civil para investigar a contratação do irmão do ex-dirigente.
A contratação de Gilberto Marques da Silva, 52, é investigada desde maio do ano passado, quando o MPE recebeu denúncia anônima.
O irmão de Gilbraz atua como vigia noturno na Seleta desde setembro de 2011 e para trabalhar em escala de 12 horas de trabalho por 36 horas de folga, ganha hoje salário de R$ 1.840,00, que acréscimos chega a R$ 2,1 mil.
Gilberto foi registrado com salário de R$ 811,51 e recebeu aumento anual, além de ganhar o adicional noturno.
Além dele, outras 11 pessoas são contratadas pela Seleta para fazer a segurança da sede da entidade, conforme informou a própria entidade ao MPE. Os ganhos dos vigilantes variam, de R$ 1,5 mil a R$ 2 mil.
O problema, conforme a denúncia, é que os contratados são pagos com dinheiro dos cofres da Prefeitura de Campo Grande.
Nepotismo – A contratação de parentes pelos dirigentes das duas entidades consideradas “indústrias de fantasma” pelo MPE foi um dos motivos que levou a Justiça a determinar que a prefeitura rompesse os convênios com a Seleta e a Omep (Organização Municipal para a Educação Pré-escolar) e demitisse cerca de 4 mil trabalhadores terceirizados para a administração municipal.
Conforme apurou o Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado), dirigentes trocavam “favores” para levar vantagem sobre os contratos das entidades com o município.
Além contratação “cruzada” dos presidentes da Omep e da Seleta, os filhos e outros parentes dos mesmos eram empregados, em alguns casos com mais de um cargo, na prefeitura, em empresas ou nas próprias instituições, sem contar a suspeita de que alguns dos familiares contratados fazem parte da lista de fantasmas.
Outro ex-dirigente da Seleta, Rubens Pereira, responde na Justiça por improbidade administrativa pela contratação da mulher dele na época em que presidiu a entidade. Conforme a denúncia, Rubens, que dirigiu a Seleta de 2011 a 2013, contratou em novembro de 2013 a esposa para exercer cargo na entidade, o que, segundo o Ministério Público, aconteceu em “contrariedade com as Constituições Federal e Estadual”.
A reportagem não conseguiu contato com Gilbraz, mas em ofício encaminhado ao MPE, o ex-presidente justificou que assumiu o comando da entidade em 2014, três anos depois da contratação do irmão.