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Capital

Ex-vereador acusado de extorsão se diz vítima de "forças ocultas"

Antonio Marques | 29/05/2015 18:55
O ex-vereador Robson Martins recebeu a imprensa hoje à tarde, no escritório de seu advogado José Roberto da Rosa, e disse que é inocente. (Fotos: Antonio Marques)
O ex-vereador Robson Martins recebeu a imprensa hoje à tarde, no escritório de seu advogado José Roberto da Rosa, e disse que é inocente. (Fotos: Antonio Marques)

Em liberdade desde ontem (28), o ex-vereador Robson Leiria Martins, preso desde o dia 16 abril, denunciado pelo MPE (Ministério Público Estadual) por extorsão e associação criminosa, declarou agora à tarde, durante entrevista à imprensa, que foi vítima de uma trama do ex-vereador Alceu Bueno e de "forças ocultas", e que a justiça vai absolvê-lo novamente. Em 2003, ele foi réu em uma ação por exploração sexual de adolescente e foi considerado inocente pela Justiça.

Robson Martins ficou 36 dias preso sozinho numa cela da Derf (Delegacia de Roubos e Furtos) e quatro dias, com mais 22 detentos no Centro de Triagem, no complexo da Penitenciário de Campo Grande. Foi solto depois que a 3ª Turma Criminal do TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) acatou o pedido de habeas corpus, impetrado pelo advogado José Roberto Rodrigues da Rosa.

A história - Segundo Robson Martins, no final do mês de março, foi procurado pelo, então vereador, Alceu Bueno para tratar de um assunto "bastante delicado". Bueno teria dito que preferia encontrá-lo fora do escritório, considerando que o local era muito movimentado, por ser localizado no Bairro Aero Rancho, em frente a uma unidade de Saúde. Por isso, ele teria ido até a sua residência para relatar os fatos que o estaria preocupando.

Na ocasião, Martins teria orientado ao vereador como proceder diante da situação. “Pedi para ele (Alceu) manter o assunto reservado, e que aguardasse a manifestação da delegacia. A partir daí eu o representaria em um possível processo, se houvesse necessidade.” Por esse procedimento, Robson Martins teria cobrado R$ 1.000,00, que fora pago com depósito em conta corrente.

Robson disse que, até aquele momento, não havia necessidade de contrato de trabalho e nem de procuração para representação, pois não havia um processo em nome do possível cliente. “Ele me procurou por diversas vezes e chegou ir à casa da minha mãe para conversarmos. Não fiz nenhuma ligação para o Alceu. Não o procurei em nenhum instante”, garantiu.

No dia 13 de abril, Robson revelou que encontrou com Alceu Bueno na Rua Ceará e seguiram juntos no carro do cliente até um terreno na Chácara dos Poderes, em que havia um serviço de terraplanagem feita pela empresa de Alceu Bueno. Nesta ocasião, o então vereador, Bueno havia lhe informado que teria comentado o assunto com o vereador Carlos Augusto Borges, o Carlão (PSB), e que a Câmara de Vereadores já teria conhecimento dos fatos. Alceu Bueno comentara que estaria com receio de sofrer alguma sanção por parte da instituição, segundo Robson Martins.

Robson afirmou acreditar que a partir daí “forças ocultas” dentro da Câmara, que sempre o agrediram por sua liderança no Bairro Aero Rancho, o mais populoso da Capital, estaria novamente agindo contra si. Ele contou que já havia sofrido ameaças e que seu escritório também teria sido ameaçado, mas não detalhou o assunto. Mas disse que poderia ser em razão de sua defesa de pessoas mais humildes e por ser profissional competente. “Nunca fiz parte de grupos políticos perigosos e poderosos que existem aqui”, declarou ele, sem citar nomes.

Flagrante - Seguindo a linha de pensamento de Robson Martins, no dia 14 de abril, Alceu Bueno, já sabendo de seu indiciamento, já teria tramado o flagrante contra ele, com o apoio do delegado Paulo Sérgio Louretto, da DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente). Conforme Robson, Bueno teria acertado com o delegado da DEPCA os detalhes do flagrante, que aconteceu no dia 16 no estacionamento de um Hipermercado, em Campo Grande.

Robson alega que, considerando o fato dele ter respondido a um processo por exploração sexual de adolescente em 2003 teria atraído a atenção do delegado e seria um prato cheio para a imprensa. Neste dia, ele teria sido chamado por Alceu Bueno para ir até o hiperpermercado. Ele disse que Alceu Bueno estaria acompanhado do Luciano Pageu. “Quando cheguei eles me aguardavam sentados na área de uma lanchonete do supermercado.”

Robson disse que, assim que chegou, Bueno teria mostrado no celular “imagens indecentes” envolvendo algumas meninas. “Fotos que ele mesmo (Alceu) havia feitas. Alertei-o sobre o fato de estar com problemas sérios e ainda assim continuava com as imagens do relacionamento com as meninas”, ressaltou Robson, lembrando que as fotos eram as mesmas apresentadas no primeiro encontro dos dois.


De acordo com Robson Martins, durante a conversa não se falou em dinheiro, apenas de política e sobre as imagens. “Não vi dinheiro algum, muito menos R$ 15 mil, que disseram ter sido apreendidos, mas percebi que Bueno estava mais nervoso”, afirmou, reiterando que estava no local como advogado.

Ao saírem da lanchonete em direção ao estacionamento, cada um teria seguido para seus carros. “Neste instante Alceu me chamou e quando cheguei ao veículo, em que já estava com o Luciano, senti um revolver nas minhas costas e a pessoa dizendo que eu estava preso por extorsão. Achei até que fosse um assalto, mas logo o delegado se apresentou”, contou Robson.

Segundo Robson Martins, Alceu Bueno teria procurado uma advogada antes dele para tratar do assunto, mas que não conseguira relatar os fatos a uma mulher. E Luciano Pageu, que já sabia do problema por conhecer as meninas, teria sugerido a Alceu a procurá-lo, uma vez que eles teriam feito parte de uma mesma “célula” na igreja.

Robson afirmou que nunca teve contato com Fabiano Otero e, que antes desse caso, nunca teve relação com Alceu Bueno, apenas se conheceram quando ele foi presidente do clube de futebol Operário, quando Bueno era presidente do Taveirópolis. “Hoje tenho Alceu como inimigo político”, declarou.

Outra versão – Alceu Bueno afirmou à reportagem que Robson Martins foi o autor intelectual do crime e o “extorquiu sim. Ele estava por trás do Luciano.” Ele negou ter procurado Robson e que jamais qualquer valor relativo a honorários. “Tenho advogado na minha empresa e tinha na Câmara. Não faria sentido contratá-lo.”

Para Alceu Bueno, a OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil – Mato Grosso do Sul) deveria cassar a carteira de advogado de Robson. “Ele é um bandido. Espero que não cometa mais crimes e se torne uma pessoa séria e honesta”, ressaltou. Bueno também declarou não conhecer Fabiano Otero.

O MPE (Ministério Público Estadual) denunciou Robson Martins pelos crimes de extorsão e associação criminosa. Alceu Bueno foi denunciado pelo crime de relação sexual com adolescentes em esquema de prostituição, com duas vítimas menores, mesmo crime da denúncia contra o ex-deputado Sérgio Assis.

Já Fabiano Otero foi denunciado pelos crimes de extorsão, associação criminosa, exploração sexual de adolescentes, concurso de agentes, tráfico interno de adolescentes para fins de exploração sexual. Luciano Pageu deve responder por extorsão em associação e também por exploração sexual de adolescentes.

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