Falta de sinalização e passageiros "sem noção" agravam estresse com obras
Motoristas relatam transtornos diários na região central e pedem colaboração de passageiros
Se as interdições das obras do Centro aborrecem os condutores, imagine os motoristas de aplicativo. Eles bolam estratégias para trabalhar na região tomada por canteiros de obras, mas alguns já desistiram e evitam a área central. Além dos desvios, eles apontam como maiores dificuldades a sinalização ineficiente e falta de compreensão dos passageiros.
Há quatro anos como motorista, Felix do Socorro Canhete Filho, de 54 anos, está conformado com as obras, mas reclama da sinalização.
“A sinalização está muito precária. A gente pega um desvio, aí onde precisa virar está interditado também. Já entrei em quadra sem sinalização de interditado, aí lá no fim estava fechado, tive que fazer a volta e a gente perde tempo com isso”, conta o motorista, que conversa com colegas em grupo de aplicativo de rádio para saber quais interdições há no dia e por onde é melhor desviar.
Passageiro que não colabora agrava a situação dos motoristas no dia a dia, segundo o motorista Alessandro Braga. Com nota 4,99 na avaliação dos passageiros, ele é considerado um “motorista diamante” pelo aplicativo Uber. Isso significa que já sabe como tratar as pessoas da melhor maneira e mesmo assim, já foi prejudicado por causa do transtorno com os desvios do Centro.
Braga conta que o usuário frequente chama o motorista e já se locomove para o melhor lugar para embarcar, mas há vários "sem noção" que não fazem isso para facilitar. Alguns até abandonam o local indicado para embarque e fazem o motorista ficar perdendo tempo.
“O combustível está caro e esse tempo que a gente fica rodando a mais, sai caro. Se fizer fila dupla onde não conseguimos estacionar, somos multados. Quando a gente fala para o passageiro que vai mudar a rota por causa das obras, alguns não gostam. Esses dias, uma mulher me avaliou mal por causa disso. Falei para ela que teríamos que desviar da rota, ela não aceitou e me deu apenas três estrelas no fim da corrida por causa disso. Tem corrida que a gente paga para fazer”, contou, indignado com tantas obras acontecendo ao mesmo tempo no Centro.
Com a dificuldade de locomoção na área central, as corridas ficaram mais caras e demoradas. Na manhã de hoje, a dona do lar Maria Aparecida do Carmo, 58 anos, preferiu pedir ao marido para ir buscá-la.
“Demora muito, já fiquei até 20 minutos esperando, sem falar que está ficando mais caro. Essas obras atrapalham muito, mas fazer o que, né? De manhã, vim de ônibus, porque estava até R$ 39 uma corrida do Tijuca para o Centro”, conta Maria.
Motoristas e passageiros terão que se conformar, porque a Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) informa que tudo o que pode ser feito para amenizar a situação está sendo feito.
Não tem jeito - Na manhã de hoje (9), o diretor-presidente da Agetran Janine de Lima Bruno disse que não adianta reclamar.
“As interdições vão mudando, aí não adianta reclamar, é obra. Conforme vai mudando os locais, tem que mudar as interdições. A gente coloca agentes nos pontos principais. Por exemplo, hoje percebi que Rui Barbosa com Maracaju estava tendo atraso, então, já chamei alguém para ir lá e mexer no tempo do semáforo”, comentou.
As obras têm que ser feitas ao mesmo tempo por causa dos recursos federais, segundo Janine. “Obra sempre vai ser assim. É ótimo para Campo Grande, claro que vai ter um atrapalho nesse começo. O recurso veio tem tempo para usar, não podemos perder o time”, resume.