Família de Marielly mentiu e atrapalhou investigações, afirma Polícia Civil
Uma das mentiras é sobre Hugleice
Mesmo tendo feito diversas manifestações para que Marielly Barbosa Rodrigues fosse encontrada, a família dela “mentiu muito” à Polícia Civil e atrapalhou as investigações. A afirmação é do delegado responsável pelas investigações, Fabiano Góes Nagata, em entrevista coletiva nesta segunda-feira.
Uma das mentiras é sobre Hugleice da Silva, marido da irmã de Marielly. Segundo a Polícia Civil, todos os familiares da garota declararam em depoimento que o rapaz estava em casa, em frente ao computador às 18 horas do dia 21 de maio, sábado, dia em que a jovem desapareceu.
Entretanto, a quebra de sigilo telefônico mostrou que a torre da operadora de celular utilizada por Hugleice apontou que no dia e horário citado, o cunhado estava em Sidrolândia, município onde o corpo da jovem foi encontrado e onde mora Jodimar Ximenes Gomes, suspeito de ter feito aborto em Marielly.
A Polícia Civil ainda não confirma se todos os familiares sabiam que Hugleice estava envolvido no desaparecimento de Marielly, mas será investigado o porque das mentiras. Ele tinha muita influência na família da esposa porque era quem sustentava as três mulheres: a mulher, a cunhada e a sogra.
“Foi um erro de família, qualquer um faria”, disse o delegado Edílson de Oliveira, o qual também participa das investigações, que agora estão concentradas em descobrir quem intermediou o contato de Marielly com Jodimar e quem deixou o corpo no canavial.
Não está descartado o envolvimento de Hugleice também na desova do cadáver. “Há possibilidade do próprio Hugleice ter deixado o corpo no local”, declarou Edílson. O rapaz afirma que apenas levou a cunhada até a casa de Jodimar, com a intenção de ajuda-la.
Fala ainda que ela já tinha feito todo o contato com o enfermeiro que ela não quis contar quem era o pai, dizendo apenas que a gravidez traria muito prejuízo à família.
Marielly estava grávida pelo menos desde fevereiro e os parentes dela alegam não saber quem é o pai. A Polícia diz que há possibilidade de não ser descoberto quem é o pai porque não foi possível fazer exame de DNA devido ao estado avançado de decomposição ao corpo, a não ser que ele [o pai] conte.
Suspeitos- A Polícia chegou até Jodimar e Hugleice através de relato de testemunhas e quebra de sigilo telefônico. Uma das pessoas ouvidas é uma funcionária do enfermeiro, a qual relatou que viu Marielly ser preparada para o procedimento e o cunhado dela no local.
Uma pessoa chegou a ser presa logo após o desaparecimento, conforme foi noticiado pelo Campo Grande News na época. Este rapaz ficou na cadeia por cinco dias, mas foi constatado que ele não tem relação com o caso.
De acordo com o delegado Fabiano Nagata, Hugleice é uma pessoa fria e é muito lúcido ao responder os questionamentos, agindo desta maneira desde as primeiras conversas com os policiais.
O Campo Grande News também havia antecipado a suspeita sobre ele, que ao ler a notícia, negou qualquer relação e ainda registrou boletim de ocorrência de preservação de direito, quando ainda estava em Alto Taquari, Mato Grosso, onde o corpo de Marielly foi enterrado.
Hugleice negou ligação com a morte até um dia após ser preso. No segundo, em acareação com Jodimar, confessou que a levou até a casa do enfermeiro. Ele será indiciado por participação em aborto qualificado pela morte.
Jodimar nega que tenha feito aborto em Marielly. Ele será indiciado pela prática de aborto.
Conforme o delegado Edílson de Oliveira, os dois poderiam ter evitado a morte da jovem. “Eles poderiam ter a levado para o hospital. Mas acreditando na possibilidade do crime ficar impune não a levaram”.
Já foi pedido a quebra de sigilo telefônico de Jodimar. As macas apreendidas na casa dele serão periciadas. No local, que funciona o salão de beleza dele, a Polícia também recolheu instrumentos cirúrgicos e medicamentos, nenhum utilizado na prática de aborto.
Será feita perícia também na caminhonete utilizada por Hugleice para levar Marielly até Jodimar.
O caso - Marielly desapareceu no dia 21 de maio. O corpo dela foi encontrado dia 11 de junho em um canavial de Sidrolândia, em adiantado estado de decomposição.
Não havia marcas de violência e ela vestia roupas diferentes daquelas que havia saído de casa. Quando o corpo foi encontrado, estava com um vestido bem solto, sem roupas intimas, de chinelos e com o cabelo preso.
O cadáver estava com cor de carbonizado, situação que indica intensa perda de sangue, o qual havia no local. Nas proximidades da vagina dela havia uma massa, que não foi possível identificar o que era e não tinha feto na barriga.
A posição em que o corpo estava indicava que havia sido colocado lá e não jogado. Próximo a ele havia embalagem de halls da cor preta.