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Capital

Famílias temem despejo de área invadida no Jardim Noroeste

Cerca de 40 barracos estão montados em dois lotes na região Leste de Campo Grande

Gabriel Neris e Bruna Marques | 11/06/2020 17:42
Menino brinca perto de barracos construídos em área invadida (Foto: Paulo Francis)
Menino brinca perto de barracos construídos em área invadida (Foto: Paulo Francis)

Cerca de 40 famílias de lotes invadidos no Jardim Noroeste, região Leste de Campo Grande, temem despejo nos próximos dias, após decisão judicial favorável aos donos da área.

São dois lotes com 20 barracos cada, batizados de Estrela de Davi e Terra Prometida. Nesta semana, os moradores receberam intimação para deixar o local até segunda-feira.

Edna Maria Gonçalves, de 44 anos, mora com o marido e o filho há quatro meses. Ela é dona de casa e o esposo marceneiro, mas devido a pandemia da covid-19, está parado, sobrevivendo de bicos.

“A dona do terreno veio com quatro advogados. Deram prazo de três dias para a gente sair, pedimos um prazo maior, não temos para onde ir. Muitas famílias e crianças vão ficar sem teto. O meu medo é tirarem a gente daqui e não ter para onde ir. O dinheiro de aluguel dá para construir e comprar alimentação melhor para os filhos”, diz a dona de casa. “Meu sonho é ter um pedaço de chão para seguir com a minha batalha, sem me preocupar se vão tirar do meu ligar ou não”, completa.

O marido dela, João Rodrigues, de 43 anos, agradece a ajuda que as famílias têm recebido. “Todo mundo aqui vive de doação”.

Veronice é empregada doméstica e viu serviços sumirem com a pandemia (Foto: Paulo Francis)
Veronice é empregada doméstica e viu serviços sumirem com a pandemia (Foto: Paulo Francis)

A empregada doméstica Veronice Silva, de 56 anos, disse que está morando nos barracos há menos de um mês. Antes, morava de aluguel no Noroeste, mas com a pandemia acabaram os serviços e precisou sair da casa.

“Depois que perdi meu serviço vim atrás de um barraco. Meu medo é a gente ficar na rua, ninguém pode trabalhar, vai fazer como? Se sair daqui vai todo mundo para debaixo da ponte. As vezes ri para não chorar”, conta.

O ajudante de pedreiro Douglas Monteiro, de 33 anos, conta que mora na região há um ano e que a empresa onde trabalhava fechou. Ele pagava aluguel no Vida Nova 3, mas como perdeu o emprego teve que se virar. “Não tem para onde ir, peço que deem um tempo para a gente correr atrás de outro lugar”.

Douglas gastou R$ 2,8 mil para levantar barraco (Foto: Paulo Francis)
Douglas gastou R$ 2,8 mil para levantar barraco (Foto: Paulo Francis)

O rapaz conta que precisou gastar R$ 2,8 mil somente para construir o barraco onde mora sozinho. “Apesar da situação, tenho que dar graças a Deus que tenho esse cantinho para a gente morar”.

No outro lote, Estrela de Davi, algumas pessoas já desmontaram os barracos com medo da patrola passar pelo local.

Rosilene Rodrigues, de 44 anos, conta que não trabalha há cinco anos e precisou sair junto com seis crianças. “Saí porque estava desesperada, não tenho ninguém por mim. Na hora do desespero só pensei em tirar as crianças para que não acontecesse nada com elas”.

Fernando Francisco Marques, de 46 anos, externa sua revolta. Ele mora com a mulher e a filha, de 7 anos. “Não temos o que comer, como que vamos sair daqui? Na minha casa não tem nada, nem comida. Vivemos de doação. Não tenho nem sapato para calçar”, lamenta. “Só queria moradia digna. Você não chora porque não é tua família”, completa.

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