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Capital

Famílias tiram lixo e entulho e se organizam para invadir outra área

Mariana Rodrigues e Edivaldo Bitencourt | 23/10/2015 17:46
A invasão começou a ser organizada na terça-feira, quando o grupo pagou R$ 150 pela retirada do lixo, de entulho e do mato da área.(Foto: Gerson Walber)
A invasão começou a ser organizada na terça-feira, quando o grupo pagou R$ 150 pela retirada do lixo, de entulho e do mato da área.(Foto: Gerson Walber)

Cerca de 30 famílias decidiram reocupar uma área da Prefeitura Municipal de Campo Grande. Sem teto foram retirados do imóvel há um ano na Rua Alto da Serra, nas Moreninhas II, na saída para São Paulo. A invasão começou a ser organizada na terça-feira, quando o grupo pagou R$ 150 pela retirada do lixo, de entulho e do mato da área. A construção dos barracos deve começar no fim de semana.

No ano passado, a prefeitura desapropriou o imóvel e retirou os invasores em decorrência do risco por estarem embaixo da rede de alta tensão de energia elétrica. As famílias ganharam casas e os barracos foram demolidos.

Segundo os invasores, as ruínas se transformaram em ponto de encontro de usuários de drogas. E, com a greve no lixo na Capital, que já parou três vezes neste semestre, moradores transformaram o terreno em um lixão.

Cerca de 30 famílias decidiram reocupar uma área da Prefeitura Municipal de Campo Grande. (Foto: Gerson Walber)
Cerca de 30 famílias decidiram reocupar uma área da Prefeitura Municipal de Campo Grande. (Foto: Gerson Walber)

Como o preço do aluguel está salgado e pesando nas contas domésticas, um grupo de famílias decidiu invadir a área. Inscrita na Emha (Agência Municipal de Habitação) há oito anos, a açougueira Rosaly Pereira Mendes, 30 anos, paga R$ 500 de aluguel da casa onde vive com quatro filhos. Ela contou que não tem condições de manter o pagamento do aluguel na casa onde mora há três anos, já que ganha um salário mínimo.

Rosaly disse que hoje pela manhã uma equipe da Emha foi até o local juntamente com a Guarda Municipal. "Eles insinuaram que somos vagabundos, mas somos todos trabalhadores. Além disso os guardas municipais falaram que se erguemos os barracos, eles vão mandar as patrolas derrubarem com tudo dentro", diz ela que alega ainda que as famílias querem cuidar da área, já que a prefeitura não cumpre com o seu papel de dar moradia para o povo.

A diarista Solange Ferreira dos Santos, 39 anos, contou que tem inscrição na Emha há 20 anos e até agora não conseguiu uma casa para morar, por isso mora de aluguel e paga R$ 500 por mês. "Não tenho mais condições de pagar aluguel. Se tivermos que pagar água, luz e até mesmo uma parcela simbólica, vamos pagar, só queremos ter uma casa", desabafa.

Solange diz ainda que não tem problemas quanto ao local que vai morar, e não precisa ser necessariamente na Moreninha. "Se eles quiserem mandar a gente até para morar na frente do presídio, nós vamos. O que queremos é sair do aluguel e ter um local para morar".

A diarista Solange Ferreira dos Santos, 39 anos, contou que tem inscrição na Emha há 20 anos e até agora não conseguiu uma casa. (Foto: Gerson Walber)
A diarista Solange Ferreira dos Santos, 39 anos, contou que tem inscrição na Emha há 20 anos e até agora não conseguiu uma casa. (Foto: Gerson Walber)

Uma das grandes reclamações das famílias que estão invadindo os terrenos, é com relação a Prefeitura ter tirado as famílias há um ano da área alegando que iria construir uma avenida, mas que ainda não começou a obra. E a outra questão é sobre a rede de alta tensão que passa no meio do terreno.

"Até agora eles não começaram essa avenida e a rede de alta tensão também passa no meio de um condomínio fechado. Por que pra gente é perigoso e para eles não? Por que eles desapropriaram essa área e não desapropriam o condomínio? Só por que eles têm dinheiro e a gente não?", questiona Maria José da Silva, 45 anos, que também faz parte do grupo que vai construir.

De acordo com a assessoria de imprensa da Prefeitura, o que ocorreu no local foi uma reintegração de posse. A assessoria informou ainda que a área pertence a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano).

A açougueira Rosaly Pereira Mendes, 30 anos, paga R$ 500 de aluguel da casa onde vive com quatro filhos. (Foto: Gerson Walber)
A açougueira Rosaly Pereira Mendes, 30 anos, paga R$ 500 de aluguel da casa onde vive com quatro filhos. (Foto: Gerson Walber)
As famílias pagaram cerca de R$ 150 para limpar a área e começarem a construir os barracos. (Foto: Gerson Walber)
As famílias pagaram cerca de R$ 150 para limpar a área e começarem a construir os barracos. (Foto: Gerson Walber)
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