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Capital

Amigos se despedem de jovem morto em incêndio em prédio na Capital

Paula Vitorino | 03/10/2011 11:51

Cerimônia de enterro teve mais de 300 pessoas, entre amigos e familiares

Corpo do jovem foi sepultado em meio a orações e despedidas dos amigos. (Foto: João Garrigó)
Corpo do jovem foi sepultado em meio a orações e despedidas dos amigos. (Foto: João Garrigó)

O sorriso e a fé de Giovanni Dolabani Leite, de 24 anos, vão ficar para sempre no coração dos amigos e familiares. Esse foi o sentimento em comum entre as mais de 300 pessoas que foram prestar suas últimas homenagens durante o velório do jovem publicitário morto por intoxicação na madrugada de ontem, após o incêndio do Edifício Da Vinci.

O corpo de Giovanni foi enterrado na manhã desta segunda-feira (3), no cemitério Jardim das Palmeiras. Desde o início do velório, por volta das 17h de domingo, a cerimônia foi marcada por orações e despedidas.

Uma missa foi celebrada na noite de ontem, na capela onde o corpo era velado. A noite foi de vigília para os amigos e familiares, que exerceram a principal mensagem de Giovanni: a fé em Deus.

“Agora o que vai ficar é a alegria e todas as coisas de bom que ele nos transmitia. Ele nos ensinava a chegar até Deus e Maria, tendo fé para enfrentar qualquer obstáculo”, lembra o estudante Leonardo Borges, de 27 anos.

Giovanni era portador de necessidades especiais e tinha dificuldades de locomoção, andava com muletas. O publicitário há cerca de dois anos sofreu um acidente grave de carro, há duas quadras do prédio, e ficou em estado grave. Há um ano, sofreu outra dor com a morte do pai.

Ele tem um irmão, que casou recentemente e deixou a casa dos pais, e duas irmãs só por parte do pai. “Era ele quem ficava ao lado da mãe em todo momento, assistia filme, dava força para ela superar a perda do marido. Ele era o companheiro na casa”, diz Leonardo.

A mãe de Giovanni, Suzana Leite, teve de ser hospitalizada ontem por conta da quantidade de fumaça que inalou. Hoje, ela não conseguiu acompanhar o cortejo até o enterro e saiu carregada da capela.

A primeira-dama, Beth Puccinelli, foi até o enterro para prestar solidariedade a Suzana, que é proprietária de uma escola de balé em Campo Grande. “Minha filha, a Denise, fez balé durante muitos na escola da Suzana e criamos uma afinidade com a família deles. Fiquei sabendo hoje de manhã do que aconteceu, uma tristeza”, diz.

Jovem é lembrado por sua força, fé e o sorriso sempre aberto. (Foto: Reprodução)
Jovem é lembrado por sua força, fé e o sorriso sempre aberto. (Foto: Reprodução)

Força e fé - A superação e a coragem do publicitário, que se formou em 2009, também são lembradas com a frase dita por ele em um encontro do Cursilho – retiro de jovens- há cerca de um mês.

“Por tudo que passei na minha vida, tantas vezes que quase morri, mas consegui superar e perdoar tudo. Hoje estou aqui, a minha vida é um milagre”.

O jovem era participante dos movimentos da juventude Católica: Cursilho, Acampamento Sênior e Segue-me. Ele também atuava como catequista e participava de diversas atividades voluntárias.

“Mesmo sendo portador de necessidades especiais, ele nunca deixou de participar de uma missa e de nenhuma atividade. Sua força é um exemplo”, diz a jornalista Deise Helena, de 27 anos.

A publicitária Ariani Mortari, de 27 anos, também ressalta a espiritualidade do jovem. "Ele era uma pessoa que poderia dar todas as desculpas para não crer em Deus e ficar em casa, mas a sua fé era enorme. A intimidade dele com Deus era algo muito bonito”, diz.

Tragédia - Na noite de sábado, Giovanni estava em um grupo de oração na casa de amigos. Ele voltou para casa cerca de 20 minutos antes da tragédia - por volta das 2h.

“Estávamos em oração, louvando a Deus e, lembrando agora, foi como uma despedida dele”, conta o funcionário público, Eduardo Ahad, de 26 anos.

Giovanni morava com a mãe no 16° andar do prédio. O apartamento que pegou fogo no aquecedor é do 9° andar, mas a fumaça tomou conta de todo o prédio e das escadas de emergência.

De acordo com os amigos, o jovem conseguiu descer as escadas junto com a mãe até o 5° andar, quando ela desmaiou por conta da fumaça e Giovanni entrou em desespero.

“Ele ficou desesperado, não conseguiu mais descer e desmaiou também”, diz Eduardo.

Segundo informações dos bombeiros, o publicitário morreu antes de chegar ao pronto socorro.

Na manhã de sábado, ele deu testemunho para um grupo de catequese e disse: "Sei que vou morrer cedo, já falei para Deus me levar, mas Ele ainda tem uma missão para minha vida antes de eu ir".

O publicitário era doador de órgãos e a informação preliminar é de que as suas córneas foram doadas. No entanto, a reportagem não conseguiu confirmar a informação com a família.

Outras quatro pessoas continuam internadas em estado grave por conta do incêndio. Os responsáveis pelo prédio ainda se pronunciaram e as investigações aguardam o laudo da perícia.

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