“Foi a 1ª e última vez que ele acompanhou ela”, diz mãe de Luan em audiência
Primeira audiência sobre assassinato de jovens ocorre nesta segunda-feira e autor acompanha depoimentos
Marcada por emoção, a primeira audiência sobre o assassinato de Karolina Silva Pereira, 22 anos, e Luan Roberto de Oliveira, 24 anos, ocorre na tarde desta segunda-feira (10) no Fórum de Campo Grande. A primeira a ser ouvida foi a mãe do rapaz, morto apenas porque acompanhava a garota. O autor do crime, Messias Cordeiro da Silva, 25 anos, acompanha os depoimentos.
Segundo a manicure Ednamar Braga de Oliveira, 49 anos, Luan havia acabado de completar 24 anos e tinha o sonho de comprar uma boa casa para a mãe. No dia do crime, ele teria acompanhado Karolina porque um outro colega, que faria o trajeto com a garota, acabou dormindo.
“O sonho dele era comprar uma casa própria, porque morávamos de aluguel. Ele queria me dar uma casa boa. Eles não eram namorados. Outro rapaz quem levaria ela em casa, mas ele foi tomar banho e acabou pegando no sono. Luan então disse que acompanharia ela”, disse Ednamar bastante emocionada.
Durante o depoimento, a manicure também relatou que ficou sabendo do crime pela filha e irmã de Luan. “Uma moça ligou para ela porque antes de morrer ele disse para não me avisarem por conta do meu problema do coração. Foi a primeira e última vez que meu filho acompanhou aquela moça”, pontuou a manicure,
Logo depois, a mãe de Karolina foi ouvida. Chorando muito, Patrícia Silva, 38 anos, contou que a jovem e Messias namoraram por aproximadamente um ano e era ele quem terminava o relacionamento todas as vezes.
“Depois, ficava mandando mensagem e pedindo para voltar. Não deixava ela em paz. Eles brigavam muito. Ele a controlava demais, era nítido o controle emocional que tinha sobre ela”, afirmou Patrícia.
Ainda em seu relato, a mulher afirmou que Karolina contou sobre as ameaças apenas para uma amiga, com quem Messias não queria que ela se relacionasse. Ao falar sobre os áudios enviados pelo autor no dia do crime, a mulher ficou muito abalada, já o réu não esboçou nenhuma reação.
Patrícia também apresentou prints de mensagens que a irmã de Messias teria enviado para Karolina. No texto, a jovem dizia para que a vítima evitasse andar sozinha, pois o rapaz era “muito perigoso”. Em seguida, ela sentou para assistir à audiência de mãos dadas com a mãe de Luan, ambas bastante emocionadas.
O terceiro a ser ouvido foi o padrasto de Karolina. Ao juiz Aluízio Pereira dos Santos, Luiz Henrique Azamor, 37 anos, contou que tinha uma boa convivência com a garota e que acompanhou o namoro dela com Messias desde o começo e sempre percebeu um controle excessivo por parte do rapaz.
“Ela acabou ficando dependente emocional dele. Falava que se mataria caso ela não voltasse com ele. Fazia chantagem emocional. Acho que tinha algo que podia chantageá-la, uma foto, sei lá. Porque mesmo dizendo que não queria mais, ela voltava com ele”, disse o homem.
A defesa de Messias questionou se a mãe e o padrasto da Karolina sabiam que o autor sofria de algum transtorno mental, mas os dois negaram. Ao todo, foram nove pessoas ouvidas nesta tarde. Outros seis nomes estavam na lista, mas não compareceram. A audiência durou pouco mais de 1 hora e foi encerrada sem o depoimento do réu.
Crime - No dia 30 de abril de 2023, Luan foi assassinado com um tiro no tórax, no Jardim Colibri 2, em Campo Grande. O jovem não resistiu aos ferimentos e morreu no local. Ele estava acompanhando Karolina até em casa após um dia de trabalho. Ela também foi baleada na cabeça e pescoço, teve exposição de massa encefálica e foi socorrida em estado grave.
Karolina morreu no dia 2 de maio. Messias Cordeiro, de 25 anos, se entregou para a polícia após cometer o crime. Ele chegou a enviar mensagens à mãe da jovem, confessando o assassinato.