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Capital

Em áudios, ex confessa crime: "não ache que ninguém tem coragem para fazer algo"

Além de atirar na ex-namorada, Messias matou rapaz e avisou: "mesmo fim que eu dei nela, eu vou dar em mim"

Dayene Paz e Clara Farias | 30/04/2023 13:00



Após atirar na ex-namorada, Karolina Silva Pereira, de 22 anos, e matar Luan Roberto de Oliveira Oliveira, de 24, o assassino ainda mandou mensagens para a mãe da jovem, confessando o crime. "Nunca subestime ninguém, tá certo?", disse Messias Cordeiro, 25, que se encontra foragido. A menina está internada em estado grave no hospital.

Os áudios de Messias foram obtidos pela reportagem do Campo Grande News e mostram a frieza do assassino logo após atirar em Karolina e Luan, na madrugada deste domingo (30), no Jardim Colibri, em Campo Grande. Luan acompanhava a colega de trabalho até em casa, quando eles foram surpreendidos pelo assassino.

No áudio, antes da confissão, o assassino ironiza: "Queria saber como ela tá? (sic)". Em seguida afirma para a mulher que atirou na filha dela.

"Bom, provavelmente, a senhora não vai responder, mas talvez a senhora escute esse áudio. O mesmo fim que eu dei nela, eu vou dar em mim, como eu disse, do outro lado a gente se encontra. E parabéns, por ter ensinado sua filha a mentir, a enganar, a não ter compaixão pelos outros, a não se importar com a vida dos outros e por isso que fiz isso, porque ela cagou para mim, porque a senhora influenciou. Ela mentiu para mim, ela me enganou, ela me traiu, então é isso daí, tá certo, agora a senhora segue a sua vida do jeito que a senhora quiser, porque a vida dela você não vai conseguir viver e a gente se encontra lá do outro lado".

"Nunca subestime ninguém, tá certo, nunca ache que ninguém tem coragem para fazer algo, nunca subestime ninguém, ta certo! Isso aí serve de lição para a senhora, para quando alguém disser alguma coisa, pedir ajuda e falar que precisa de algo, vocês escutarem, vocês tentarem ajudar, de verdade, não ignorar, não fazer pouco caso e não achar que não é problema seu, porque minha vida não é problema seu, entendeu? Mas, o que eu fiz agora é problema seu", completa em um segundo áudio.

Messias Cordeiro, acusado de atirar na ex e em Luan. (Foto: Redes sociais)
Messias Cordeiro, acusado de atirar na ex e em Luan. (Foto: Redes sociais)

Abusivo - O padrasto de Karolina conversou com a reportagem do Campo Grande News enquanto aguardava informações sobre o estado de saúde dela na Santa Casa. Ele revelou que o relacionamento entre Karolina e Messias durou cerca de um ano. "Terminou com ele e depois de um mês, ainda via a insistência em querer voltar. Seguiu ela esses dias até na porta de casa", diz.

O homem conta que Messias não a deixava sair. "Não queria deixar ela ir na formatura, em festas. Ela não queria nem terminar com ele porque tinha medo dele", afirma. "Veio falando que a menina traiu ele, ela só trabalhava e ia para casa, nem tinha vida mais, vivia só entorno dele".

Crime - O padrasto conta que estava dormindo, quando ouviu os tiros, por volta das 2h30 de hoje. "Saí, vi a luz da moto caída. Saí para fora, encontrei a moto dela no chão, outra moto atrás dela e o menino caído, eu nem conhecia o menino. Vi que ele já estava desacordado", lembra.

Moto na casa com fita zebrada, encontrada nesta manhã. (Foto: Paulo Francis)
Moto na casa com fita zebrada, encontrada nesta manhã. (Foto: Paulo Francis)

Apesar de ter visto a moto da enteada, ele não a encontrava. "Procurei, vi ela umas duas casas para cima, caída no chão. Corri até lá e o pessoal do bairro veio ajudar".

Frieza - Enquanto o socorro era acionado, antes de mandar os áudios pelo Whatsapp, o assassino ligou para a mãe de Karolina. "Ele ligou falando que foi ele. Uma pessoa sem coração, querer falar com a mãe dela, que não conseguia nem falar. Eu peguei o telefone, ele não quis se identificar, mas eu sabia que era ele, e aí ele desligou".

O padrasto conversava com a polícia, quando Messias ligou novamente. "Não sei com quem ele falou, só me falaram que nessa ligação ele confessou que foi ele, se declarou culpado", afirma. Agora, a família pede justiça. "Não é uma pessoa que pode ficar livre, é sem coração, matou um menino que não tinha nada a ver com a história. Minha filha estava começando arrumar suas coisinhas, formou em técnico de enfermagem e nem pôde começar a trabalhar na área que ela sempre quis", finaliza.

Entenda - Luan era motoentregador de uma pizzaria, localizada no Bairro Guanandi, e era a quinta vez que acompanhava a colega de trabalho até em casa, porque ela já relatava medo de ir sozinha. Eles saíram da pizzaria, cada um em sua motocicleta, e em frente a casa dela, foram surpreendidos por Messias Cordeiro.

Luan de Oliveira, em foto postada no Facebook. (Foto: Redes sociais)
Luan de Oliveira, em foto postada no Facebook. (Foto: Redes sociais)

Segundo a polícia, Messias ficou de tocaia. "Ficou aguardando armado", revelou a delegada Rafaela Lobato. Pela dinâmica, Luan foi o primeiro a ser atingido. "Com o susto, a vítima [ex-namorada] tentou fugir, mas a poucos metros foi atingida", revela. Messias fugiu correndo a pé e ainda não foi localizado.

Luan foi atingido no tórax, socorrido pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), mas não resistiu e morreu no local. A jovem foi atingida na cabeça e pescoço, teve exposição de massa encefálica e foi socorrida pelo Corpo de Bombeiros em estado grave. Ela está internada na Santa Casa.

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