Greve de enfermeiros já impacta atendimento no SUS
No CRS do Tiradentes vacinação e testagem contra covid-19 estão suspensos
Quem levantou cedinho para atualizar carteira de vacinação ou fazer teste de covid-19 voltou para casa sem atingir o objetivo nesta segunda-feira (27) em Campo Grande. Embora a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) diga que os serviços não foram completamente afetados pela greve dos profissionais da enfermagem, alguns estão suspensos.
No CRS (Centro Regional de Saúde) do Tiradentes, por exemplo, somente consultas médicas e odontológicas estão dentro da normalidade. Vacinação e testagem para covid-19 estão paralisados. Os serviços são basicamente cumpridos por enfermeiros, por isso a suspensão.
Tayná Martins levou o bebê Bernardo, de cinco meses, para tomar vacinas que deveriam ter sido aplicadas aos quatro meses. Como o filho ficou bastante gripado, ela acabou atrasando a carteira de vacinação e, ao tentar atualizar nesta segunda-feira, foi informada sobre a paralisação do serviço.
“Não me explicaram direito o porquê, só disseram que é pelo direito dos enfermeiros e que não sabem quando o atendimento voltará”, disse a jovem. A curta explicação diz respeito à greve encabeçada pelo Sinte (Sindicato dos Trabalhadores Públicos em Enfermagem de Campo Grande), após infrutífera negociação com a prefeitura sobre plano de cargos e carreira e pagamento extra por insalubridade.
Apesar de o assunto estar em pauta há semanas, a população foi pega de surpresa. A servidora pública Kelly Queiroz, 42 anos, passou pela manhã no CRS do Tiradentes para atualizar o cartão do SUS (Sistema Único de Saúde) e ver se está com o esquema vacinal completo, porém sem sucesso.
“No balcão me avisaram da greve. Eu não sabia. Qualquer hora passo aqui de novo para tentar atendimento, sorte que minha demanda é coisa simples”, comentou. Cenário diferente para o motorista Alexandre Silva, 47 anos, que depende de um teste de covid-19 para conseguir trabalho que espera há tempos.
“Estou com sintomas gripais há três dias, preciso fazer o teste, caso contrário não posso ir para Água Clara, onde vou pegar um trabalho. Como são muitos funcionários a empresa exige o teste. Vou ver se levanto algum recurso financeiro para pagar a testagem, não tem outro jeito”, lamentou.
Na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do bairro, que fica no mesmo terreno que o CRS, o atendimento segue com 30% dos funcionários da enfermagem, conforme determina a lei que rege o movimento grevista. Em nota, a Sesau informou que os serviços não estão prejudicados, incluindo vacinação e testagem da covid-19.