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Capital

Grupo faz manifestação em frente de escola onde pai agrediu criança negra

Na saída da escola, foram entregues panfletos e cartilhas sobre racismo e como combatê-lo

Por Viviane Oliveira e Antonio Bispo | 13/03/2024 12:14
Ladielly, de camiseta roxa, entregando panfleto para mãe de aluno (Foto: Henrique Kawaminami)
Ladielly, de camiseta roxa, entregando panfleto para mãe de aluno (Foto: Henrique Kawaminami)

Na manhã desta quarta-feira (13), coletivos negros de Campo Grande entregaram cartilha, panfletos e fizeram manifestação em frente da Escola Municipal Professora Iracema de Souza Mendonça, na Rua Belmira Pereira de Souza, no Bairro Universitário, onde a criança negra, de 4 anos, foi agredida pelo pai de um aluno.

Conforme Ladielly de Souza Silva, de 27 anos, o grupo se organizou para acolher a comunidade escolar e conversar sobre o combate ao racismo estrutural. “O que aconteceu aqui na escola, acontece também em outros lugares. Estamos entregando uma cartilha com uma história em quadrinhos explicando sobre racismo e como combatê-lo”, destacou.

Ainda de acordo com Ladielly, a ideia foi bem recebida pelos pais e 100 cartilhas foram entregues. Ao fim da panfletagem, o coletivo gritou palavras de ordem: racistas, fascistas não passarão! Na sequência, cantaram trecho de uma música que dizia: um sorriso negro, um abraço negro traz felicidade”. Assista, abaixo, ao vídeo.

A autônoma Floraci Ribeiro da Silva, de 37 anos, aguardava a filha de 6 anos sair da escola. Ela disse que ficou assustada com o episódio de agressão que virou caso de polícia. “Infelizmente sabemos que isso existe, mas nunca tinha ouvido falar disso ter acontecido aqui na escola. Depois da repercussão, agora a gente vê os guardas municipais e já dá um pouco de tranquilidade”, contou. A mãe disse que sempre orienta a filha em caso de acontecer algo, sempre contar para ela.

A auxiliar de produção, Any Karoline, de 27 anos, também tem um filho de 10 anos na unidade de ensino e resumiu o fato como “muito triste”. “Eu sempre falo para o meu filho que a cor racial, o tamanho e o jeito do cabelo não importam. Todos somos iguais, viemos do mesmo lugar e vamos para o mesmo lugar. Meu filho estuda desde 2021 aqui e nunca tinha acontecido nada parecido”, lamentou.

Any Karoline disse que não se fala em outra coisa na escola. “Eu fico pensando na menina agredida e no filho desse homem que causou tudo isso. As crianças não têm culpa”, afirmou.

Coletivo durante a manifestação nesta quarta-feira (Foto: Henrique Kawaminami)
Coletivo durante a manifestação nesta quarta-feira (Foto: Henrique Kawaminami)

Caso - A agressão na escola motivou registro de boletim de ocorrência na Depca (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente), feito pela diretora da unidade de ensino. Os pais da menina alegaram racismo.

O pai do aluno, um menino branco, invadiu o pátio, empurra a menina pelas costas, aponta o dedo para o rosto dela e grita. Em seguida, tira o filho do local e vai embora.  À polícia, a diretora contou que depois de sair da escola, o homem voltou, entrou na sala dela e admitiu que já tinha dado ordens ao filho para bater na menina, caso ela se aproximasse dele, sem qualquer explicação.

Em depoimento à Depca, o pai alegou que estava nervoso e disse que se arrependeu. Ele não negou racismo, admitiu que ordenava ao filho para bater na menina caso ela o tocasse e alegou que o menino não gosta de ser tocado.

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