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Capital

“Há muito tempo não sentia isso”: Natal de moradores de rua teve abraço e almoço

Grupo entrega cerca de 300 marmitas e kits de higiene em cinco pontos de Campo Grande

Por Izabela Cavalcanti e Jackeline Oliveira | 25/12/2023 11:23
Entrega de almoço na Casa de Apoio aos Moradores de rua “São Francisco de Assis" (Foto: Jackeline Oliveira)
Entrega de almoço na Casa de Apoio aos Moradores de rua “São Francisco de Assis" (Foto: Jackeline Oliveira)

O Natal, celebrado neste dia 25 de dezembro, foi especial para os moradores de rua de Campo Grande. Um abraço apertado e uma marmita doados pela equipe da Caravana Fraterna, foram essenciais para fazer a diferença.

A ação contou com apoio de 100 voluntários, que percorreram cinco pontos da Capital, como o Cetremi (Centro de Triagem e Encaminhamento do Migrante); Casa de Apoio aos Moradores de rua “São Francisco de Assis” e imediações da antiga rodoviária.

Na São Francisco de Assis, está José Victorino Nogueira, de 57 anos, que faz tratamento no local há 1 mês. Para ele, a ação o fez sentir o que não sentia há muito tempo.

“Eu senti o que há muito tempo não sentia, de alguém me abraçando sem medo e sem nojo. Hoje fiquei muito feliz, estou longe da família e essas pessoas chegaram aqui e se preocuparam com a gente, não só deixaram a marmita e foram embora. É como se fosse alguém da nossa família nos abraçando”, expressou.

Ele é do município de Angélica e já trabalhou como caminhoneiro por 28 anos, mas tudo acabou por causa das drogas.

José almoçando na Casa de Apoio aos Moradores de rua “São Francisco de Assis" (Foto: Jackeline Oliveira)
José almoçando na Casa de Apoio aos Moradores de rua “São Francisco de Assis" (Foto: Jackeline Oliveira)

José conta que na década de 90, a empresa onde trabalhava entregava a chave do caminhão e uma cartela de remédio para que pudesse ficar acordado. “Com o tempo, um comprimido só não fazia efeito e teve uma época que tomava de 10 a 12 por dia. Percebi que isso não estava mais fazendo efeito”, lembrou.

A partir disso, ele começou a tomar 12 comprimidos junto com um litro de pinga, o que também não funcionava. Depois, partiu para a cocaína junto com o comprimido e o álcool. “Sinto muita falta de ter uma atividade, de ser útil”, lamentou.

Em novembro, ele conseguiu um "bico" para levar uma carga até São Paulo, quando estava indo buscar o caminhão foi assaltado e agredido. Em seguida, percebeu que o pé havia ficado muito roxo e não melhorava e, assim, descobriu no posto de saúde que tinha diabetes.

Anderson Santos de Lima, de 40 anos, está no abrigo há 5 meses, mas há 6 anos está morando na rua. Emocionado, ele diz que as únicas pessoas que tem na vida são os avós, que já são idosos e não consegue visitá-lo.

“O uso de drogas e álcool fez com que eu fosse para a rua. Receber esse carinho em forma de comida no dia do Natal faz bem para o coração. Nós, usuários de droga, somos excluídos da sociedade e essas pessoas vêm aqui mostrar que ainda tem esperança, que existe gente que ainda olha por nós”, disse emocionado.

Além de fazer tratamento contra as drogas, Anderson também faz acompanhamento psicológico e descobriu que tem tuberculose.

Para o próximo ano, o objetivo é mudar o rumo da vida. “Quero mudar de vida, arrumar um trabalho longe das drogas. Até hoje eu não estava vivendo, estava sobrevivendo. A gente é invisível, as pessoas tem medo, e eles chegaram aqui e abraçaram”.

O grupo passou um mês arrecadando os itens necessários e, nesta segunda, se organizou para preparar o alimento que será servido no dia do Natal. Foram cerca de 300 refeições entregues, além de kits de higiene.

Nas marmitas tinha frango frito, macarrão com calabresa e feijão e, de bebida, guaraná.

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