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Hospital da Criança do SUS promete pôr fim a 'via crucis' por pediatras

Kleber Clajus e Michel Faustino | 13/08/2014 10:20
Hospital da Criança do SUS promete pôr fim a 'via crucis' por pediatras
Hospital da Criança funcionará em prédio do Sírio Libanês (foto: Marcos Ermínio)
Hospital da Criança funcionará em prédio do Sírio Libanês (foto: Marcos Ermínio)
Balconista acredita que atendimento centralizado irá ser melhor (foto: Pedro Peralta)
Balconista acredita que atendimento centralizado irá ser melhor (foto: Pedro Peralta)

Longos deslocamentos de pais com filhos nos braços poderão ter fim, em breve, com a operação do Hospital da Criança do SUS (Sistema Único de Saúde), em Campo Grande. Anunciado em maio, o projeto começou a sair do papel neste mês com o arrendamento do prédio e equipamentos do Hospital Sírio Libanês. No local, cinco pediatras atenderão em cada turno, com possibilidade de uso de 40 leitos para internação de crianças.

Em operação, a unidade poderá resolver problemas como o da balconista, Jaqueline Menezes Figueira, 18 anos, que precisa “torcer” para encontrar pediatra para a filha de 1 ano e oito meses. Morando no Jardim Colúmbia, saída para Cuiabá, ontem (12) ela teve que ir até a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Coronel Antonino para encontrar o profissional.

“Sempre que preciso tenho que buscar atendimento em algum lugar longe. Nunca tem pediatra perto de casa. Geralmente eu ligo, mas mesmo com pediatra o atendimento sempre é demorado. Acredito que se tiver um lugar onde a gente possa ir com a certeza de que vai encontrar atendimento será muito bom”, disse.

Já Ana Paula Fernandez, 20, está “ansiosa” por uma solução para as constantes peregrinações em busca de atendimento. A dona de casa saiu do Jardim Noroeste, saída para Três Lagoas, também na busca de um pediatra para o filho. “Praticamente cruzei a cidade. Demorei quase 40 minutos pra chegar. Quase 15 quilômetros e se tivesse algum lugar mais perto seria melhor, porque sempre que buscamos atendimento não tem ou está lotado”, ponderou.

Dona de casa chega a percorrer 15 km em busca de atendimento para o filho (Foto: Pedro Peralta)
Dona de casa chega a percorrer 15 km em busca de atendimento para o filho (Foto: Pedro Peralta)
Juliana vê "solução" com bons olhos (Foto: Pedro Peralta)
Juliana vê "solução" com bons olhos (Foto: Pedro Peralta)

Apesar de também “preferir” atendimento mais perto de casa, a recepcionista Juliana Érica, 28, vê a ação da Prefeitura com “bons olhos”. Érica mora no bairro Tarsila do Amaral e confessa ser “uma luta” encontrar médico para o filho de cinco anos. 

“Era melhor se tivesse médico nos postos perto de casa, mas se tiver um lugar que a gente tenha certeza que vai ter médico é mais comodo e a gente pode ir direto lá”, pontuou Juliana.

O secretário municipal de saúde, Jamal Salem, ressalta que a medida impacta positivamente ao se tratar de um endereço central, na Avenida Afonso Pena, além da possibilidade de se redistribuir pacientes que hoje lotam CRSs (Centros Regionais de Saúde) e UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) na Capital. Pelos seus cálculos, assim que estiver em plena operação, a unidade deve atender média de 400 crianças por dia.

“Temos falta de médicos que não querem atender em CRSs e UPAs pela distância e falta de segurança, o que vamos corrigir com o Hospital da Criança. Ou seja, ele veio na hora certa porque irá atender as crianças e ainda teremos 60 leitos para atender outros casos”, comenta Jamal.

Para o presidente do CRM-MS (Conselho Regional de Medicina), Alberto Cubel, a implantação do Hospital da Criança pode ajudar no atendimento de pediatria, especialidade que tem 300 profissionais em atuação em Campo Grande. O próprio CRM ainda deve realizar vistoria na nova estrutura, onde serão avaliadas condições de trabalho e operacionalização da unidade antes de sua abertura ao público.

Em setembro –Com arrendamento assinado na última terça-feira (5), o Hospital da Criança do SUS tem previsão de operação para setembro, uma vez que ainda depende de trâmites burocráticos e pequenas reformas, conforme o prefeito Gilmar Olarte (PP).

Inicialmente, o atendimento será ambulatorial até a ativação de 100 leitos hospitalares e de dois centros cirúrgicos. Para atrair médicos aos plantões, devem ser instituído diferencial na remuneração.

Assim que estiver com a estrutura toda montada, tanto física quanto operacional, o custo médio de operação pode chegar a R$ 2 milhões por mês, totalizando R$ 24 milhões por ano.

Suporte – O Hospital da Criança do SUS terá caráter de “amortecedor”, de acordo com Olarte, até a construção do Hospital Municipal, a ser instalado no cruzamento das Avenidas Tamandaré com Euller de Azevedo.

A aquisição da área de 15 hectares, pertencente hoje ao Exército Brasileiro, depende de aval de Brasília. No local, além do hospital com 250 leitos, deve ser colocado também um terminal de ônibus.

Em contrapartida, a proposta conta com recurso de R$ 41 milhões de emendas federais e mais R$ 100 milhões, já previstos no orçamento do município de 2015.

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