Jornalista morta por músico será velada na Câmara em cerimônia aberta ao público

A jornalista Vanessa Ricarte, de 42 anos, assassinada brutalmente a facadas, em Campo Grande, será velada na Câmara Municipal em cerimônia aberta ao público. O crime aconteceu na tarde desta quarta-feira (12) e o autor, o músico Caio Nascimento Pereira, de 35 anos, foi preso em flagrante. Ele se encontra custodiado na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento a Mulher).

A cerimônia de despedida da jornalista deve começar às 13 horas desta quinta-feira (13). Depois, o corpo será levado para Três Lagoas, cidade onde a família de Vanessa mora. Lá, ela será sepultada.

Além de familiares, a morte de Vanessa comoveu amigos e colegas de profissão. "Você é luz, você me ensinou tantas coisas, eu te amo e vou te amar e te respeitar para sempre. Obrigada por ter passado em minha vida, eu tentei te proteger e fui infeliz, agora tô aqui sem chão, sem rumo", publicou uma amiga.

Figuras da área política também expressaram sentimentos. O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), usou as redes sociais nesta manhã para lamentar a morte da jornalista, defendeu a punição aos agressores e falou sobre os impactos da violência contra a mulher na sociedade.

"Chegando no gabinete agora de manhã cedo e me deparei com a notícia do falecimento da Vanessa e fiquei profundamente impactado, indignado com essa situação por ela, pelas famílias, que são envolvidas em casos como esse, que ainda ocorrem com muito frequência no nosso estado. Isso não pode de maneira nenhuma passar com impunidade para ninguém envolvido na situação", disse o governador.

A senadora sul-mato-grossense Soraya Thronicke (Podemos) demonstrou indignação e diz que a luta deve seguir no combate à violência. "Luto e indignação pelo feminicídio de Vanessa Ricarte. Que sua memória seja um grito contra a violência de gênero. Que a morte seja um lembrete constante da necessidade de combater a violência e proteger as mulheres", disse.

A deputada federal Camila Jara (PT) também se manifestou em solidariedade. "Meus sentimentos à família e amigos. Enfrentar a estrutura de dominação e aprimorar as políticas é fundamental para evitar mais vidas pedidas", ponderou.

Rose Modesto (União Brasil), ex-titular da Sudeco (Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste), lembrou de Vanessa como jornalista atuante na área política. "Sempre me procurava para pautas. Uma profissional excelente e pessoa de bom coração. Não merecia! Nenhuma de nós merece, nenhuma mulher deveria morrer somente pelo fato de ser mulher e buscar o seu caminho, a sua liberdade e sua dignidade".

Rose citou sobre as leis, rede de proteção, amparo jurídico. "Mas parece que nada pode impedir o agressor, nem mesmo sabendo que agora é lei a pena mínima para feminicídio, sem progressão da pena e sem as saidinhas. O que mais devemos fazer? São perguntas que ficam latejando na minha cabeça, como poderia ser evitado, o que eu posso fazer como ente público e como mulher para ajudar outras. Nossos sinceros sentimentos a família e amigos da Vanessa Ricarte, que Deus possa confortar o coração de vocês, ela está nos braços do Pai".

Feminicídio - A jornalista Vanessa Ricarte já havia solicitado medida protetiva na noite de terça-feira (11) após ser ameaçada por Caio. Ontem mesmo, depois de sair da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), onde foi buscar outras informações a respeito da medida, ela seguiu até o imóvel onde morava com o músico para buscar os pertences. Houve discussão e Caio a esfaqueou três vezes no coração.

Vanessa Ricarte chegou a ser socorrida pelos bombeiros, mas não resistiu e morreu na Santa Casa de Campo Grande. Caio Nascimento, com histórico longo de violência doméstica, foi preso em flagrante e ficou em silêncio na delegacia, sem esboçar qualquer reação.

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